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Ubatuba
05/10/2007 - 07h04
Pegoava, os turistas comestíveis
Camilo de Lellis Santos
 

Você já comeu alguma vez na sua vida uma pegoava? Ou será que você nunca mais viu uma pegoava na sua frente? Por que será que elas agem como turistas, sumindo e desaparecendo durante o ano? Mas o que é uma pegoava?

É aquela conchinha que se enterra na areia quando a onda do mar desce. Ou melhor falando, é um molusco parente do marisco, da lesma e até mesmo do caramujo-africano. Pertence à classe dos Bivalvia, pois apresenta duas conchas, e seu nome cietífico é Donax, sendo a espécie mais comum de avistar em nossas praias a Donax hanleyanus. Alguns chamam de Naniní, Moçambique, Beguara, e outros Sernambi, mas por aqui é conhecido como Pegoava.

Esses animais vivem em praias arenosas da costa sudeste-sul do Brasil até o Uruguai. Habitam a região entremarés, região nas praias que corresponde a que sofre ação das ondas. Quando a onda desce para o mar eles utilizam o pé musculoso para se enterrarem na areia em apenas 3 segundos. E desse modo esses moluscos posicionam-se verticalmente, mantendo-se ancorados com o pé e com os sifões (tubos naturais que permite a interação com o meio ambiente) distendidos em contato com a coluna d’água. Esses sifões servem para que eles se alimentem das partículas que estão suspensas na água do mar. Assim, a água entra por um sifão inalante, é filtrada, e depois é liberada com fezes e outras excretas pelo sifão exalante. Apresentam diversas colorações nas conchas, e estas servem para proteger e auxiliar na locomoção dos animais. Por incrível que pareça eles não permanecem parados num mesmo lugar durante o dia, mas se movimentam subindo e descendo a praia de acordo com a maré. Muitos moradores da nossa Ubatuba não entendem porque a pegoava ora some ora desaparece. Na verdade ela não some por completo apenas migra involuntariamente. Devemos lembrar que elas estão sob a ação das ondas, e que a reprodução apresenta uma fase larval. Pelo fato de as larvas serem pequenas elas ficam “boiando” na água e assim as correntes marítimas podem levá-las de uma praia para outra. Ao chegarem à outra praia, elas se fixam e se desenvolvem até atingir um tamanho que pode ser notado pela população (chegam até 4 cm). Além disso, outros estudos demonstram que o tal sumiço se deve à ação de ondas que empurram os animais até partes muito altas da praia e eles morrem dessecados, também variações brusca de temperatura e salinidade (quantidade de sal na água), ação de poluentes, competição com outras espécies e ação predatória humana (praias muito freqüentadas, poluídas e com coletas crônicas) podem levar ao extermínio das pegoavas.

Conta seu Pedro Félix, do bairro do Sertão da Quina, que antigamente na praia da Maranduba era possível encher um carrinho de mão com pegoavas, atualmente são encontradas em poucos locais de nossa cidade.

Elas podem servir de fonte de alimento para os caiçaras, que produzem pratos deliciosos tais como panqueca, farofa e cuscuz de pegoava, além de ser saboreado cozido e comido na própria conchinha. Mas cuidado, lembre-se que por serem filtradores, qualquer partícula que esteja na água pode ser absorvida e incorporada pelo animal, e assim a procedência da pegoava deve receber muita atenção, uma vez que se coletados em locais poluídos pode levar a casos de intoxicação. Muitos artesãos reaproveitam as conchas para confeccionarem lindíssimos artesanatos que são vendidos em nossas lojas.

Não confunda pegoava com sapinhauá, o primeiro tem concha mais triangular e o segundo apresenta uma concha mais arredondada. Assim como a pegoava, o sapinhauá apresenta as mesmas variações nos indivíduos da espécie, aparecendo numa praia e desaparecendo noutra. Seu nome científico é Tivela mactroides, mas é também conhecido em outras localidades como Berbigão, Marisco-de-areia, Crioulo e Vongole. É bastante explorado comercialmente como alimento.

Procure experimentar o sabor dessas iguarias, mas lembre-se que para a perfeita harmonia da sobrevivência desses animais é necessário que a natureza aja sem interferência da ação dos homens. Para tanto devemos proteger nosso planeta e transformar nossas crianças em preservadores do meio ambiente. E pense, se um dia a pegoava for embora de sua praia, não se preocupe, pois certamente ela voltará, desde que você faça a sua parte, pois a natureza sempre faz a dela.


Nota do Editor: Camilo de Lellis Santos é biólogo.

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