A história se repete há diversas administrações: o lixão é um problema que parece não ter solução. Nas últimas três administrações, pelo menos, o problema tem vindo à tona e nenhuma solução foi encontrada pelos prefeitos que passaram. O chorume corre solto pelo Rio Grande sem o menor tratamento: vai ‘in natura’ direto para o rio. No final da administração Paulo Ramos se iniciou um tanque que iria coletar o chorume e tratá-lo antes de soltar no rio. Isto há quatro anos e até a presente data ainda não está funcionando! E se continuar neste ritmo vai sobrar para o próximo prefeito resolver. Quatro anos para se construir um local para tratar o chorume e não foi feito, assim entendemos que isto não é nenhuma prioridade para a administração. No início da administração Eduardo César estivemos juntos com o prefeito no lixão, pois na época ele achava que estava ótimo. Mostramos que estavam contando uma estória para ele e que a realidade era outra. Foi uma correria e conseguiram aterrar o lixo. Promessas foram feitas que o lixo seria uma das prioridades, que isto não iria mais acontecer, mas nunca deixou de acontecer. Lembremos as palavras do prefeito na época: “Vamos matar urubus de fome, pois no lixão eles não irão se alimentar”. Na foto que publicamos, mostramos como os urubus estão agradecidos com o excesso de comida. Já ouvimos muitas vezes que as quatro cidades do litoral iriam licenciar uma área, onde juntas administrariam o lixo da região, mas não aconteceu. Na última vez que o lixão foi embargado, o prefeito chegou a xingar o secretário de Meio Ambiente do Estado, pois a Secretaria do Estado estaria licenciando o transbordo do lixo, e onde iríamos colocar lixo com o lixão interditado. No último feriado, vários foram os bairros da cidade que não viram nem um caminhão de lixo fazendo a coleta, pois uma ordem para cortar as horas extras dentro da empresa de coleta de lixo causou um grande transtorno, não só para população local como também para os turistas. Alguns bairros ficaram quatro dias sem a devida coleta. Na segunda-feira, a empresa que coleta o lixo bateu recordes em matéria de peso, pois recolheu o lixo de praticamente todo o feriado em um dia. As reclamações na Prefeitura e na empresa foram grandes, pois o lixo se acumulou em todos os bairros da cidade. A empresa Sanepav vinha operando na cidade com um contrato de emergência, que venceu no dia 23 deste mês. O mesmo não pode ser refeito, pois a licitação estará acontecendo nesta segunda-feira, dia 29. Hoje quem está fazendo a coleta de lixo é a Prefeitura Municipal, que muitas vezes mal dá conta de fazer a coleta da parte da cidade que cabe a ela. Fizemos a pergunta ao prefeito nesta quinta-feira. “Porque tanto tempo e a licitação do lixo não foi feita estes três anos e meio e ficou para o último segundo?” O prefeito respondeu que a Prefeitura não é como uma empresa particular que compra e pronto, que não sabíamos dos prazos, que existe Tribunal de Contas e prazos a serem cumpridos. Ou melhor, o prefeito não respondeu, pois o questionamento era “foram três anos de contrato, mais seis meses de contrato emergencial e a licitação ficou para depois de acabar o contrato de emergência”. Conhecemos prazos, sim. O que estávamos questionando era: porque dentro da Prefeitura perderam todos os prazos e tiveram até que fazer contrato de emergência? Como já falamos no início da matéria, o problema do lixo não vem desta administração, se arrasta há mais de três e sempre ouvimos que o lixão estava esgotado, que não tinha jeito de colocar mais nenhuma tonelada de lixo. Mas foram mais de dez anos com a mesma história e hoje o morro já está tão alto, que daqui a pouco o volume de lixo poderá ser visto da estrada. Isto só não aconteceu ainda porque uma casca de mata tapa o lixão, mas um excesso de chuva ou um deslizamento e todo o lixo de décadas poderá parar dentro do Rio Grande. Uma cidade turística como a nossa, que tem mais de 80% de sua área preservada com Mata Atlântica, deveria ao menos tomar mais cuidados com a contaminação dos rios. O chorume é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores crimes ambientais desta cidade. Fico imaginando: uma pessoa solta água na rua, a vigilância sanitária vai ao local, multa e obriga a pessoa a arrumar sua fossa ou o que quer que seja. Mas a vigilância não pode ir ao lixão, nem multar a Prefeitura e nem obrigá-la a parar de jogar chorume no rio sem tratamento.
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