Na incerteza de insegurança que paira sobre todas as raças. A única certeza é que você é a caça. As garras da intolerância reacendem antigos medos de criança; Escravo da inocência, perseguido por culpados. A liberdade é uma prisão que carregas como fardo. Não. Não olhe nos olhos dessas feras traiçoeiras, pois elas sentem o cheiro de sua fraqueza; Foge! Das culpas que não são suas. Foge! Do sangue derramado que lhe procura. Seu corpo é taça quente e premiada, para os algozes de tantas leis fracassadas; Reconforte-se nos sonhos, mesmo que sejam pesadelos. Continua sua jornada pobre vítima marcada. Logo virá sua hora, logo não farás mais parte desta história; Sua sina não tarda a chegar, e como tantos abatidos também irá tombar. Seu conforto é saber que a partir deste momento a angústia de sua vida por fim terminará. Respiras enquanto podes, pois o último suspiro logo servirá de alento, levando-lhe sem aviso rumo a eternidade do esquecimento. Nota do Editor: Antonio Brás Constante (abrasc@terra.com.br) é escritor.
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