A felicidade das festas de fim de ano não combina com a tristeza de assaltos e seqüestros, mas essas cenas casadas têm sido cada vez mais comuns. O fato não causa surpresa porque é nesse período que temos 13º salário, mais dinheiro e motivo para comprar, ruas e praias movimentadas e cidades, em ritmo de comemoração, recebendo gente a todo vapor. Um quadro propício para a atuação de bandidos.

Toda virada de ano a Polícia Rodoviária espera um aumento de cerca de 50% no tráfego nas rodovias, algo em torno de 150 a 450 mil veículos dependendo do destino - praia ou campo. Por isso, realizam a Operação Ano Novo com o objetivo de intensificar o policiamento nas estradas federais, rondas terrestres e aéreas e postos fixos e móveis de fiscalização, além do tradicional comando de radar e bafômetro.

As cidades litorâneas, as turísticas, de montanha, ecológicas e afins se preparam para receber mais e mais gente. Uma lotação que pode exceder a mais de um milhão de pessoas segundo estimativas da Polícia Militar. Com previsão de todos os lados, dá para imaginar o quanto pensar em segurança pessoal faz sentido.

Nesse período do ano é preciso tomar muito cuidado para não ser alvo de ações criminosas e acabar tendo prejuízos. Para evitar transtornos, sugiro mais atenção durante as caminhadas nas praias e passeios de carro, porque para os criminosos a linguagem corporal revela quem é turista e as deduções são óbvias: estão com dinheiro para gastar, não conhecem os macetes da cidade e portanto não sabem buscar socorro imediato etc.

De acordo com a Polícia Militar, as delegacias das regiões praieiras que são, muitas vezes, a preferência do brasileiro para passar a virada do Ano Novo, chegam a aumentar os índices de roubo a pedestres em até 10%, variando para mais ou menos, dependendo da região. Uma das ações responsáveis por esse aumento são os bandidos que agem em motos. Aliás, esse tipo assalto se prolonga até o Carnaval e merece um cuidado especial.

Durante as caminhadas é bom não exibir celulares, jóias e acessórios diversos que chamam a atenção. Na hora da água de coco ou do café, a gostosa pausa no exercício, é preciso cuidado ao manusear a carteira ou contar o dinheiro. Além disso, as bolsas e sacolas devem sempre ser carregadas à frente do corpo porque são alvos constantes de criminosos. Evite levar objetos de valores para a praia e deixá-los expostos quando for dar um mergulho. Atenção especial com os filhos e crianças, pois nessa época se perdem facilmente.

Toda atenção é válida na hora de fazer saques na rede bancária para não ser vítima da famosa "saidinha de banco". Uma dica é não retirar todo o dinheiro da conta, fazer saques fracionados para não correr o risco de perder tudo de uma vez durante um assalto. Melhor se puder, ao invés de usar dinheiro, optar pelo cartão de débito ou crédito, que podem ser rapidamente sustados. Mas é preciso verificar se não está sendo observado na hora de digitar a senha. Caso prefira usar o talão de cheques, preencha sempre com uma caneta de uso pessoal, pois há modelos no mercado que apagam com uma simples borracha.

Ainda dentro dessa análise, chama a atenção o aumento na ordem de 10% no geral, da venda de equipamentos de segurança eletrônica nessa época do ano como sistemas de monitoramento por câmeras de vídeo e alarmes. Com medo de assaltos e seqüestros, as pessoas investem nessas aquisições para se sentirem protegidos na hora de realizarem suas festas e até mesmo descansar em suas casas de campo ou de praia. Outros vão além, contratam vigias e cães de guarda. Entretanto, é importante agregar outras medidas de prevenção: melhorar a iluminação, reforçar portas e janelas, instalar grades, aumentar a visão da frente do imóvel (da rua para dentro), subir muros, interagir com os vizinhos e estar atento a quem entra e sai.

Isso é paranóia? Não, é prevenção, pois cresce o número de invasões às residências justamente nesse período em que muitas famílias e grupos de amigos se reúnem para comemorar. E não há nada mais desagradável do que ser pego de surpresa e ter uma festa interrompida por um assalto ou seqüestro. Ou ainda, porque todos da casa foram dar um passeio e, na volta, o local está todo revirado, após ter sido arrombado. Mais do que um prejuízo, uma sensação de impotência. Por incrível que pareça, não há nada mais atual do que o velho ditado: "melhor prevenir do que remediar".

Nota do Editor: David Fernandes, CPP, é diretor da Previne Security, empresa especializada em consultoria em segurança e sistemas integrados. É diretor do 1° Portal do Gestor de Segurança Acadêmico. No Brasil é o 31º brasileiro a receber o CPP - Certified Protection Professional, maior certificação internacional em segurança e que representa uma medida objetiva do conhecimento e competência de um profissional na área de gestão de segurança empresarial. Em todo o mundo é o maior reconhecimento aos profissionais da área. Também é Diretor de Assuntos de Prevenção do CONSEG Água Fria / Mandaqui / Tremembé.