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SEÇÃO
Economia e Negócios
03/01/2008 - 16h02
A arte de investir em arte
 
 
Comece 2008 investindo em obras de arte que, cada vez mais, são ótimas opções de investimentos

Garçon à la pipe representa o auge da fase azul de Picasso. O artista espanhol ainda não entrara em sua fase cubista, pela qual se consagrou como um dos grandes nomes da pintura no século passado. Ainda assim, o quadro conseguiu preço recorde em um leilão da prestigiada Sotheby´s de NY, arrematando nada menos que U$ 104 milhões. Cerca de 40 anos antes, a mesma obra teria sido comprada por um colecionador particular por U$ 30 mil.

Muito do que se imaginava sobre o mercado de arte está relacionado com a história dessa obra. Até pouco tempo, o assunto era encarado como restrito ao grande investidor, disposto a aceitar altos riscos com nenhuma segurança de rentabilidade, num setor que coloca em xeque a lógica financeira. Mas esse cenário já começa a mudar. Hoje, os grandes ganhos concentram-se exatamente nas obras de artistas ainda não internacionais, com os preços mais acessíveis.

O mercado de arte no país começa a florescer com a promessa de um investimento de boa rentabilidade, que pode ficar pendurado na sala de estar. Só no ano passado, o setor movimentou cerca de R$ 200 milhões. O que chama atenção agora são os preços acessíveis, e a possibilidade de decorar e investir ao mesmo tempo. Nos Estados Unidos, o índice de rentabilidade de obras de arte nas últimas décadas ficou muito próximo ao de ações, como apontaram os especialistas Jiangping Mei e Michael Moses, economistas da New York University.

Os números são imprecisos, mas passam uma estimativa. Uma das características que manteve por tanto tempo o setor restrito à marchands e grandes colecionadores é justamente o sigilo. "A maioria da informação circula de boca em boca" conta a marchand Munira Calluf, proprietária da Galeria de Arte Um Lugar ao Sol. "Não existe outra forma de descobrir boas telas" completa.

Por isso, para quem deseja entrar no mercado de arte, é imprescindível a ajuda de um profissional. Quando o administrador de empresas Donald Scholze decidiu realizar um investimento em arte, seu primeiro, procurou um marchand. "Não conhecia muito, mas ouvi falar que era um ótimo investimento, além de uma oportunidade para decorar minha casa", conta Scholze.

Como o setor possui uma diferença de preços muito grande, como mostra a obra de Pablo Picasso, o marchand também pode afirmar qual é o real valor de uma obra, e qual a sua liquidez no mercado. "Queria descobrir quais seriam os melhores investimentos, e tentar aliar as melhores opções com alguma obra que eu gostasse", completa o administrador.

Enfim, arte para alguns não deve ser vista somente como investimento. Segundo a arquiteta Gisela Miró as obras não apenas valorizam o ambiente como ajudam a criar uma aura e a definir a imagem do local. "É uma boa forma de aliar o investimento com a decoração do local, além do prazer que uma boa obra de arte proporciona a quem possui e também a quem a vê", comenta a jovem arquiteta.

Além de avaliar a qualidade e o preço da obra, um marchand também poderá definir a procedência do quadro, ou da escultura. "O maior risco nesse mercado, quando se aplica um valor muito alto, é a falsificação, por isso a necessidade de ter um especialista que saiba da procedência", ressalta Donald Scholze.

Assim como qualquer outra aplicação financeira, segundo o analista financeiro Luiz Carlos Heller de Pauli, também se deve observar o momento certo para entrar e para sair, garantindo o máximo de rentabilidade. Por isso muitos aconselham a não se apaixonar pela obra. O certo seria guardar o que se gosta muito como uma espécie de reserva de valor, e focar investir o restante do acervo.

"Realmente é muito promissor em termos de rentabilidade, mas quem investe deve estar atento que se trata de um retorno de longo prazo", afirma a marchand Munira Calluf. Ao contrário do que se pensa, o investimento em arte assemelha-se ao de ações na bolsa de valores. Segundo Luiz Carlos Heller de Pauli, "em longo prazo, torna-se um investimento seguro, e de grande retorno, mas no curto prazo não passa de especulação com certo grau de risco".

Como os artistas geralmente ajustam anualmente o preço de suas obras - baseado em fatores como a repercussão do artista no meio, a qualidade e quantidade das novas obras etc. - algum retorno é garantido. Existem sempre artistas com mais possibilidade de ascensão.

Outro fator muito associado à valorização das telas é a morte de um pintor ou escultor, interrompendo sua produção artística. "Muitos pregam que a morte de um artista irá valorizar sua obra - o que não é totalmente verdade" comenta a marchand da Galeria de Arte Um Lugar ao Sol. "O artista pode realizar muito mais pela sua obra em vida do que a valorização que a obra pode sofrer com sua morte", completa.

Uma tela do artista Aldemir Martins, um dos maiores expoentes na arte contemporânea brasileira, valorizou cerca de 300% desde sua morte no ano passado, apesar do grande número de obras falsificadas do artista no mercado. A autenticidade hoje é comprovada junto a um comprovante, que leva uma foto do artista junto à tela. Já as obras de outro expoente, o artista paranaense Rogério Dias, também conseguiu valorizar sua obra em cerca de 300% nos últimos quatro anos, mantendo ainda uma boa perspectiva para o futuro.

De olho nessas taxas de rentabilidade, diversos grupos de investimentos no exterior começaram a aplicar em arte. É claro que os gerenciadores desses fundos vendem a idéia de que suas habilidades superiores de prever que artistas e quais trabalhos vão estar melhor amanhã. Algo parecido com o discurso dos gerenciadores dos fundos de ações. Mas aí não se têm o diferencial que a arte pode trazer, de proporcionar o prazer estético durante o mesmo tempo em que se valoriza. Torna-se uma aplicação não diferente das ações, ou fundos de pensão.

Da mesma forma que Garçon a la pipe teve uma valorização não estimada por nenhuma analista, quando se joga alto, a chance de uma desvalorização é considerável. A maior parte da arte impressionista na Europa caiu para menos da metade do preço, depois de atingir o pico no início da década de 90. O mesmo não ocorre quando se realiza um investimento mais modesto, evitando a casa dos milhões. "Quando se aplica bem, a chance de desvalorização é praticamente nula", finaliza Munira Calluf.

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