Ao longo da história, a humanidade desenvolveu soluções que a ajudaram a prosperar. A evolução é marcada pela melhoria da solução anterior ou a criação de uma nova que a substitua com maior eficácia. Durante a Pré-História, por exemplo, a pedra era a principal matéria-prima na fabricação de ferramentas. Com o passar do tempo, o homem descobriu como utilizar metais para os mesmos fins ao desenvolver atividade capaz de estudar e até modificar matérias-primas, conhecida hoje como química. O fogão primitivo surgiu praticamente junto com a descoberta do fogo. Consistia em um buraco no solo onde se acendia o fogo e se colocavam os alimentos. A seguir, o homem aprendeu a construir fogões de barro e depois o de metal, movidos à lenha, mas apresentavam problemas, uma vez que não existe fumaça boa e fumaça ruim - fumaça inalada sempre será prejudicial aos pulmões. A lenha foi substituída por carvão e, atualmente, contamos com fogão a gás e elétrico. Em 1880, Thomas Edison desenvolveu a primeira lâmpada incandescente utilizando uma haste de carvão que aquecida passava a emitir luz. A necessidade de maior durabilidade e rendimento nos trouxe a lâmpada como conhecemos hoje com filamento de tungstênio. São inúmeros os produtos e soluções que evoluíram pela necessidade humana, seja por qualidade, desempenho ou segurança. O amianto é um exemplo. Trata-se de uma fibra mineral natural sedosa. O nome tem origem latina (amianthus), que significa sem mácula ou incorruptível. A palavra se refere às principais propriedades desse material: alta resistência mecânica e a altas temperaturas, a produtos químicos e a microorganismos, boa capacidade de filtragem e de isolamento elétrico, térmico e acústico, afinidade com outros materiais para compor matrizes estáveis (cimento, resinas e ligantes plásticos). O produto é conhecido e utilizado desde a Antigüidade. Com o advento da Revolução Industrial no século XIX, o amianto foi à matéria-prima escolhida para isolar termicamente as máquinas e equipamentos e foi largamente empregado, atingindo seu apogeu nos esforços das primeiras e segundas guerras mundiais. Todavia, a evolução contínua e crescente dos conceitos científicos comprovando os efeitos maléficos à saúde humana, demonstram que as doenças relativas à exposição ao amianto in natura, inclusive o crisotila, ou pelos produtos que o contém, podem se manifestar até 40 anos após. Até a década de 1990, o amianto foi largamente utilizado pela indústria, principalmente na fabricação de telhas, caixas d’água, guarnições de freios, revestimentos de discos de embreagem, vestimentas especiais, materiais plásticos reforçados, termoplásticos, massas, tintas, pisos vinílicos, entre outros que já não o usam mais, já que os comprovados riscos desse mineral à saúde se tornam mais estudados e evidentes e alternativas válidas surgiram. Parte das indústrias de fibrocimento, ainda relutam pela sua substituição. Acreditamos que o risco zero é sempre melhor que o mínimo risco. O amianto é hoje considerado cancerígeno pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e 48 países baniram seu uso, inclusive Chile, Argentina e Uruguai. O Brasil ainda não figura nessa lista, apesar de contar com tecnologia nacional de ponta e soluções alternativas que substituem o amianto, estando apto a cumprir a Convenção 162 da OIT, que determina a substituição do amianto quando houver tecnologias alternativas, avaliadas cientificamente e aprovadas pela autoridade competente, e definidas como inofensivas ou menos perigosas. Em julho de 1988, especialistas participantes de um Seminário Nacional Sobre Exposição ao Asbesto (Brasília-DF), concluíram que não existia tecnologia e insumos confiáveis para a substituição do amianto, justificando dessa forma a manutenção controlada do uso do mineral. Hoje isso mudou, contamos com tecnologia e insumos analisados e aprovados pelo Ministério da Saúde e recomendados para substituírem o amianto, resguardando qualidade e bom desempenho, nos produtos de fibrocimento. Estamos nos referindo ao PVA (poli álcool vinílico), produzido no Japão e na China e o Polipropileno (PP), produzido no Brasil, com tecnologia local referendada por órgãos nacionais e internacionais. O PP é a resina plástica que mais cresce no mundo, atende os requisitos do Ministério da Saúde, além de ser 100% reciclável. Essa realidade vai ao encontro ao objetivo da Abifibro que é a defesa do uso dos produtos de fibrocimento no Brasil e em outros países, fabricados com tecnologia e insumos ambientalmente responsáveis e reconhecidamente seguros, com relação à saúde, tanto no processo de produção, como na utilização pelos consumidores. Atualmente, no País, existem em vigor leis estaduais que proíbem o uso do amianto e dos produtos que o contém, em Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, além de inúmeras legislações municipais, no mesmo sentido. Em São Paulo, o governo editou lei similar em julho de 2007 (Lei nº 12.684/07, de autoria do Deputado Marcos Martins (PT). Sempre que solicitados, prestamos esclarecimentos sobre o assunto no intuito de disseminar a tecnologia e os insumos seguros à saúde humana disponíveis no Brasil. O amianto teve seu papel. Entretanto, a hora é de evoluir e colocar o Brasil nos patamares mundiais de competitividade sustentável, nos quais a responsabilidade em produzir com segurança, eficiência operacional, preocupação ambiental e valorização das pessoas é pressuposto em qualquer atividade econômica. Nota do Editor: João Carlos Duarte Paes é presidente da Associação Brasileira das Indústrias e Distribuidores de Produtos de Fibrocimento - ABIFibro.
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