A recessão da economia norte-americana não é mais uma perspectiva, é uma realidade. Com esse novo cenário, os detentores de ações devem ter paciência, pois é hora de esperar. O mercado reage a cada indicador que é apresentado, e como os indicadores norte-americanos não devem apresentar melhoras tão cedo, as bolsas deverão continuar sendo afetadas. Entenda a crise Na última década, os EUA ofereceram linhas de crédito imobiliário muito acessíveis e baratas para os americanos. Os empréstimos eram tão bons que muita gente aproveitou para financiar a própria casa e usou o dinheiro para consumir mais produtos e serviços. Agora os americanos não estão conseguindo pagar suas antigas hipotecas, e o calote nos bancos desencadeou um efeito cascata que afetou outros setores da economia. O governo norte-americano vem tentando diminuir o impacto da crise no consumo interno, que movimenta grande parte da economia, cortando sucessivamente a taxa de juros desde o ano passado. No início deste ano, o presidente George W. Bush apresentou um pacote de medidas para redução de impostos que injetaria o equivalente a 1% do PIB norte-americano na economia, mas o mercado não achou a ajuda suficiente para resolver o problema. Por que a crise na economia norte-americana afeta o mundo todo? Os americanos consomem cerca de 1/3 de tudo que é produzido no planeta. Muitas das grandes empresas do mundo são norte-americanas e estão presentes de forma relevante na maioria dos países que compõem a cadeia produtiva e de consumo no mundo. Assim, qualquer queda no consumo interno norte-americano afeta negativamente as empresas que vendem ou compram da maior economia do planeta. Como as Bolsas de Valores comercializam ações, que são "pedaços" das grandes empresas, a perspectiva de que haja uma redução no consumo interno dos EUA gera uma perspectiva negativa para o desempenho dessas empresas; logo, o preço das ações sofre queda com cada notícia sobre a crise norte-americana. Enquanto os EUA não apresentarem um pacote de medidas econômicas efetivas para acabar de vez com a recessão, as bolsas deverão continuar sofrendo. Entretanto, a crise a médio e longo prazo não é bom negócio para ninguém, e um pacote de medidas efetivas e interessantes pode acabar com a trajetória de queda dos indicadores e trazer uma repentina recuperação para os investidores que souberem esperar. Nota do Editor: Cláudio José Carvajal Jr. é coordenador dos cursos de Administração da Faculdade Módulo e consultor em finanças. Possui MBA Executivo Internacional pela Universidade da Califórnia (EUA) e especialização em Administração pela EAESP/FGV. É também diretor-executivo da CPD Consult - Consultoria em Gestão Empresarial.
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