Tem um gato na janela da minh’alma Que alarma minha di-agnóstica fé Quieto, silente, em posição bem calma Ganha, perde, ressona e cai de pé Tem um gato na janela de minh’alma Pronto a um indecente e vão dissídio Comigo, que o acolho e dou morada Num esdrúxulo e inútil suicídio Tem um gato na janela de minh’alma Que gira em torno de si. Não quer parar Que mia e canta e chora e desafia O meu desejo impróprio e singular Tem um gato na janela de minh’alma Que quer comer, caçar e me arranhar Desperdiçando as nossas sete vidas No extremo azul sangrento deste mar Tem um gato na janela de minh’alma Que bate e rebate bolas em degredo Que me suporta, me aquece e me acalma Que corta, exclui e subtrai meu medo Nota do Editor: Laís de Castro é jornalista desde os 21 anos, quando estreou na tradicional revista Realidade, trabalhou 18 anos na Editora Abril, vários anos na Carta Editorial e outros mais na Azul. Hoje é diretora de redação da revista Dieta Já, da Editora Símbolo. Ganhou 3 prêmios Abril, um concurso de contos infantis no Estado do Paraná e agora lançou seu primeiro livros de histórias para adultos: "Um Velho Almirante e outros contos", pelo selo ARX (Siciliano).
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