Ivan Storti      Jacqueline Silva passa a fazer parte do time da Lui Lui e tem como foco o título mundial do WCT.

Melhor resultado brasileiro até hoje no Circuito Mundial de Surf, a vice-campeã do WCT em 2002, Jacqueline Silva, é a mais nova integrante da equipe Lui Lui. A surfista catarinense foi apresentada à imprensa assim que retornou ao Brasil na sede da Lui Lui, onde assinou o seu contrato de co-patrocínio até dezembro de 2005. Ela passa a integrar o time que já conta com outros destaques femininos como Andréa Lopes, Juliana Guimarães e as revelações Bruna Schmitz e Geórgia Paschoal. "Esse é o começo de um trabalho legal. Ter um patrocínio forte, de uma empresa estruturada, garante tranqüilidade para que eu possa pensar exclusivamente nos campeonatos. Só me preocupar em sempre fazer o melhor", disse Jacque, que também tem o patrocínio da Rip Curl e Star Point (esses dois há oito anos).

Aos 25 anos de idade, ela surfa desde os nove e iniciou sua trajetória no Circuito Mundial em 1997. Seu foco principal é o tão sonhado título do WCT. Em 2002 chegou muito perto, com o vice-campeonato, superada apenas pela pentacampeã Layne Beachley. Nesta temporada ocupa a 3ª colocação no ranking. Começou de forma excelente, com a vitória na abertura do Circuito, em Gold Coast, na Austrália. Depois foi 5ª colocada nas disputas de Fiji (Indonésia), Teahupoo (Tahiti) e Anglet (França).

Concentrada no seu objetivo, Jacque diz estar mais madura, preparada. "São oito anos da minha vida viajando o mundo todo, desde a minha adolescência. Não tem como não crescer, não aprender com toda essa vivência. Mas ainda não acabou. Estou sempre querendo mais", afirmou a surfista, que ainda acredita no título este ano, mesmo após as três vitórias seguidas da peruana Sofia Mulanovich. "Vou atrás do título. Está difícil, mas tudo pode acontecer. Ainda temos três etapas, todas com ondas de direita, o meu forte e a Sofia venceu campeonatos com ondas de esquerda. Estou numa boa fase e o ano ainda não acabou", explicou a surfista, que mora na Barra da Lagoa, em Florianópolis, e treina na praia de Moçambique.

Seu próximo compromisso é o Rip Curl Malibu Pro, a nova etapa do WCT Feminino, na Califórnia, entre os dias 2 e 10 de outubro. Depois terá as fases finais no Havaí, em Haleiwa, Oahu, de 12 a 24 de novembro, e Honolua Bay, em Maui, de 8 a 19 de dezembro. O retrospecto é bom. Ela já fez quatro finais em ondas havaianas, um no WCT e três em WQS com pontuação máxima (6 estrelas), garantindo três vitórias, uma delas a primeira da carreira na elite, em 2002, quando assegurou o vice-campeonato e ficou entre as três primeiras surfistas na eleição da Surfer, feita entre os próprios atletas do Tour.

Apesar de ter assinado o contrato agora, Jacque já competiu com a logomarca da Lui Lui nas últimos cinco etapas do WQS, aproveitando a folga do WCT, e chegou a duas finais, com vitória em Anglet, na França, e a 4ª colocação no US Open, na Califórnia. "Como já disse, a meta é o WCT. Participei das etapas do WQS para manter ritmo", comentou a surfista, que além do vice do WCT, acumula resultados importantes na carreira, como o título do WQS, a divisão de acesso do Circuito Mundial em 2001 e logo em sua estréia no Tour, em 97, foi eleita a ’Rookie of the Year’ (revelação do ano).

Ela agora fica um mês em casa, mas sem deixar de pensar no título mundial. "Vou aproveitar para recarregar as baterias, rever amigos, a família e continuar treinando, me preparando. O desgaste é muito grande e espero voltar com força total", afirmou a surfista, que desde que iniciou a sua carreira é orientada pelo técnico Bira Schauffert. É ele quem adianta alguns planos futuros da atleta. "A Jacque sempre foi preparada para ser uma campeã e este ano começou muito bem, mas pequenos detalhes dificultaram o caminho. Um deles é o equipamento", explicou Bira, afirmando querer ter liberdade de usar pranchas boas, feitas nos locais onde Jacque vai competir.

"Por mais que sejamos brasileiros, valorizemos os nossos shapers, fabricantes, temos de falar que os equipamentos gringos têm diferenciais e queremos aproveitar todas as vantagens para chegar ao título", revelou ele, também destacando a preparação física e psicológica. "Tudo isso unido à maturidade dela, a experiência que já acumulou", acrescentou. "Sempre acreditei que a Jacque chegaria longe. Trabalhamos muito para isso. Transformamos nossos sonhos em realidade e ainda há espaço para mais conquistas e vamos trabalhar muito para chegar ao título do WCT, sem dúvida, o maior sonho. Com a Rip Curl, a Star Point Surf Shop e agora a Lui Lui, esse caminho para as grandes conquistas vai se encurtando, pois o apoio de grandes empresas é fundamental", completou o técnico e empresário.

COMEÇOU CONTRA MENINOS - Jacque Silva nasceu em Florianópolis em 17 de julho de 1979. O contato com o mar começou ainda quando criança, incentivada pelo irmão mais velho. "No começo eu e o Leandro nos revezávamos no mar, com uma pranchinha de isopor, mas aprendia muito rápido. Logo na 1ª semana fiquei em pé", recordou. A boa relação com as ondas, despertou o interesse do técnico Bira Schauffert, o responsável por sua 1ª prancha de fibra de vidro.

Incentivada por seu pai, José Irineu, logo começou a despontar, ainda na época em que os campeonatos não contavam com a categoria feminina. Para poder participar, Jacque competia com os garotos de sua idade, nas categorias de base. Em 1996 foi campeã brasileira amadora e chegou à final do ISA Games. No ano seguinte seguiu para o Circuito Mundial e em 99 chegou ao WCT. "Sei que posso chegar mais longe. É questão de tempo", diz confiante Jacque, que estará lançando o seu site www.jacquelinesilva.com.br.

Técnico e empresário está com Jacque desde 1989

A parceria de sucesso entre Jacqueline Silva e Bira Schauffer existe desde 1989. O técnico e empresário coloca a surfista como a sua grande prioridade. "Nos últimos 15 anos passamos mais tempo juntos, do que com os nossos familiares. Criou-se uma relação afetiva bastante intensa e uma grande relação profissional acima de tudo. Parte da minha vida é dedicada a ela. Tenho a sorte de compartilhar o trabalho com uma pessoa extremamente dedicada e humilde", contou. "Tenho me esforçado muito pela sua causa, ajudando na sua formação profissional e contribuindo também no seu crescimento pessoal. Aprendemos muito ao longo desses anos um com o outro e isso nos fez ser uma dupla de sucesso", relatou Bira, que está com 32 anos de idade.

Além de orientar a carreira de Jacque, ele tem outros trabalhos ligados ao surf. É o organizador do Onbongo Pro Surfing, etapa do WQS 6 estrelas, em Floripa, e coordenador do Projeto Salva Surf Brasil. "É uma entidade que organiza o trabalho dos salva-vidas voluntários em Santa Catarina e presta serviços de segurança aquática em eventos náuticos em várias regiões do Brasil. Na sede do Salva Surf na Barra da Lagoa, em Floripa, funciona a 1ª escola de surf fundada aqui no Sul. Iniciei este trabalho em 1990", destacou o técnico de Jacque Silva.

PERFIL DE JAQUELINE SILVA

Nome completo: Jacqueline Schveitzer da Silva
Apelido: JACQUE
Posicionamento na Prancha: Regular
Patrocinador Principal: Rip Curl
Co-patrocinadores: Star Point, Lui Lui
Prancha: João Schlickmann
Quiver: 5´10 (2) / 6´0 / 6´2 / 6´5 / 7´2
Altura: 1,64m
Peso: 56 quilos
Data de nascimento: 17/07/1979
Cidade e estado de nascimento: Florianópolis - SC
Cidade onde mora: Florianópolis
Nome do pai: José Irineu da Silva - Profissão: Funcionário da Prefeitura
Nome da mãe: Terezinha Schveitzer da Silva
Estado civil: Solteira
Nível de escolaridade: 2° grau completo
O que gosta de fazer quando não está surfando: escutar música e assistir TV
Se não fosse surfista: "não sei, nunca pensei nisso"
Sonho: ser campeã do WCT
Decepção: perder um campeonato
Ritmo musical preferido: Surf Music e Bandas brasileiras
Banda/Cantor preferido: Tribo de Jah
Comida preferida: Massa e também arroz, feijão, fritas, frango e salada.
Bebida preferida: Sucos
Melhor filme que assistiu: Sexto Sentido
Melhor livro que leu: O Zen nas Artes Marciais
Outro esporte que gosta, além do surf: Vôlei
Maior ídolo no surf: Kelly Slater
Outro ídolo: Teco Padaratz
Em que ano começou a surfar: 1989
E em que praia: Barra da Lagoa
Ano que se profissionalizou: 1997
Primeiro evento que participou como profissional: Perna Australiana do WQS
Em que praia foi este evento: Manly
Colocação obtida: 9ª posição
Praias de treinamento: Barra da Lagoa, Moçambique
Praias preferidas para surfar: Barra da Lagoa, Moçambique
Melhor onda: Snapper Rocks (Gold Coast - Austrália) e Honolua Bay (Maui - Havaí)
Principais resultados na carreira: Vitória na etapa de abertura do WCT deste ano, na Austrália; vice-campeã mundial do WCT em 2002; vitória na etapa final do WCT 2002, em Honolua Bay, no Havaí; campeã mundial do WQS, a divisão de acesso do WCT, em 2001; vice-campeã do WQS em 2000; eleita a Rookie of the Year (revelação do ano) em sua 1ª temporada como profissional, em 1997; melhor amadora no ISA World Surfing Games, na Califórnia, em 1996; campeã brasileira amadora em 1996; tetracampeã catarinense amadora de 91 a 94.

Lui Lui investe forte no surf

A Lui Lui vem investindo forte no surf. Além dos atletas, há os campeonatos. Há três anos a marca patrocina o Circuito Guarujaense de Surf, incentivando o trabalho de base numa das cidades que mais revela talentos no Brasil. Outro destaque é o Circuito Catarinense Universitário, sem dúvida o maior da categoria. No ano passado também realizou todo o Brasileiro Universitário. Patrocina, também, o ASN 2004, em Niterói. Já a equipe de atletas, reforçada com Jacqueline Silva, conta com vários nomes de ponta. A lista tem Pedro Henrique, campeão mundial pro júnior; Paulo Kid, atual campeão brasileiro de longboard; as revelações Júnior Faria e Jessé Mendes; os big riders Silvio Mancusy e Everaldo Pato Teixeira; os profissionais Rodrigo Dornelles (ex-WCT) e Heitor Pereira (estreante no WQS). Na feminina estão Andréa Lopes (tricampeã brasileira profissional), a promessa Bruna Schmitz (campeã do Rip Curl Grom Search 2004), Juliana Guimarães (vice-campeã do Super Surf 2001) e Geórgia Paschoal, além da bodyboarder Naara Caroline.