Desde tempos imemoriais as cores têm ocupado largo espaço na mente dos humanos. Nas cavernas primitivas, de um tempo que antecede a história, as nuanças já desempenhavam papel relevante e simbolizavam a agressividade ou a quietude dos bisões, antílopes, feras com fauces horrendas.

Nos templos egípcios, assírios, medas e persas, já as cores ornamentavam as figuras e seus tons eram carregados de significação e intenções.

Não se concebe a arte sem as cores. O domínio delas capacita o ser humano a criar o belo e o feio; a enfeitar figuras, a engrandecer os feitos, a encobrir os erros, a enaltecer virtudes.

O manto azul da virgem Maria é que lhe confere majestade santa, e a ausência de cores eleva GUERNICA à grande expressão da falta de sentido das guerras.

Que seria do vestuário, principalmente das mulheres, o sal da vida, sem os estampados coloridos com profusão de tons, do cinéreo ao carmim, do verde-esperança, do lilás-espírito; do branco-pureza?

E o arco-íris, símbolo dos alegres; e o horizonte, que se faz um sonho; e o sol poente com revérberos que deslumbram, que seria deles sem as cores que os qualificam?

As cores são de importância tal que há crença de que curam os males do corpo e da alma. A cromoterapia é coadjuvante da medicina, e a influência das cores decide até o futuro de empresas e empreendimentos.

Matisse, Cézanne, Rubens, Rembrandt, Michel Ângelo, Leonardo Da Vinci e os patrícios, Di Cavalcanti, Bonadei, João Cândido da Silva, Volpi, para só citar alguns da história, do mundo e do Brasil, expressaram idéias e sonhos com o manejo de mestres dos pincéis que fixam cores.

Segundo o Aurélio a cor "é a característica de uma radiação eletromagnética visível, de comprimento de onda situado num pequeno intervalo de espectro eletromagnético, a qual depende da intensidade do fluxo luminoso e da composição espectral da luz, e provoca no observador uma sensação subjetiva independente de condições espaciais ou temporais homogêneas". É complicado...

As cores decidem o trânsito.

As cores ornamentam os animais, as flores e os humanos.

Na natureza tudo é cor.

Agora um mito urbano propaga que as cores foram usadas para definir critérios de escolha de Juízes do Tribunal de Impostos e Taxas. Num "simbologismo hermético" foram elaboradas listas com nomes de Juizes, candidatos à recondução, sublinhados com as cores verde, vermelha e amarela.

A lenda não revela se o vermelho representaria perigo ou vibração positiva; se o verde significa sinal aberto ou covardia; e o amarelo, se representava a matéria ou a bilirrubina, premência e sintoma de febre amarela.

Quanto ao significado das cores, o mito não desvenda, nem enuncia, se marcavam restrições, apoios, ou ocultas difamações!

Entretanto, se o mito transmite verdade, temos de inferir que houve ingerências na fixação dos nomes que comporiam o próximo biênio da judicatura, o que talvez explique porque sobrinho de ex-diretor, induvidosamente probo e capacitado, foi preterido, e porque antigos juizes, que já demonstraram saber jurídico e atuaram exemplarmente no Tribunal foram nomeados, não para exercerem seus mandatos, mas para figurarem como substitutos no final da fila.

A demonstração de esperteza pode pôr em relevo a ação e os modos de pessoa arguta, inteligente, mas, em determinados contextos, faz aflorar habilidade maliciosa, manhosa, astuta.

Atender a pedidos e indicações de pessoas e entidades, mas frustrar os objetivos é esperteza no pior sentido.

Eu não sei a cor da esperteza; acho que ela é furta-cor!

Enfim nunca fui dado a acreditar em lendas urbanas.

Lenda é lenda. Nasce de algo verossimilhante e se dissemina como verdade.

Eu não acredito que tingir nomes com cores tenha sido critério na escolha de tão relevantes funções.

Não acredito em mitos.

E você?

Em tempo: as cores servem para eliminar a transparência, que é o estado natural das coisas...

Nota do Editor: Adermir Ramos da Silva é advogado, Agente Fiscal de Rendas aposentado e já atuou como Juiz do Tribunal de Impostos e Taxas (blog.caminho.com.br).