Pobres prisioneiros que, fantasmagóricos, arrastam correntes por entre paredes invisíveis, insensíveis, como cordeiros, servos, servis, submissos e ordeiros gritando: - Piedade! - Piedade! Pobres seres insignificantes que, como antes, jamais pararam para pensar, jamais pensaram, jamais pararam e sequer cadeados aprenderam a quebrar; e se aprenderam, não tiveram a coragem de ousar. Pobres soldados do húmus que, como eu, nasceram para construir túmulos, sentindo na consciência a dormência de uma dor imensa, que jamais doeu, que jamais nasceu... Morreu, cresceu, trabalhou, se reproduziu e morreu. Pobres diabos, homens sérios, objetos de decoração de necrotérios que caminham felizes rumo aos cemitérios, sem jamais questionar seu destino e o desatino de arrastar correntes por entre os dentes, de lugar algum para lugar nenhum Pobres construtores da mísera miséria da misericordiosa sorte que jamais tiveram Pobres feras, bestas de cargas e luxo que jamais tiveram mais que lixo, que jamais foram mais que bicho... No círculo-vicioso do tempo, das sociedades... Pobres escravos acorrentados a esperanças insanas... Vendo deuses e demônios no etéreo Circulam, desorientados, ao redor do nada, resignados, pobres coitados... Pobres animais... Nascem, agarram-se às alças de seus esquifes e, penosamente, são obrigados a sorrirem como patifes... Idiotas, que de suas correntes não se livrarão jamais... E vamos todos, cavar sepulturas em nossos quintais buscando conforto e paz... - Pobres de nós! - Pobres de nós! Nota do Editor: Edmundo Pacheco é escritor por devoção, 46 anos, poeta por impulso, jornalista por profissão há 28 anos. Pai da Édile e do Dilee, marido da Sueli, avô da Julia. Três ou quatro livros escritos, nenhum publicado (procura editora, séria, desesperadamente). Perfil? Bom, já foi bóia-fria, catador de batatas, lavador de banheiros, pasteleiro, feirante, churrasqueiro de restaurante beira de estrada, pacoteiro, vendedor de tecidos, derriçador de café, repórter de impresso, pauteiro de TV, assessor de imprensa, revisor, diagramador, editor de texto de TV, funcionário público estadual e municipal, dono de lanchonete, confeccionista, balconista, corretor de imóveis, editor-chefe de telejornal, entre outros... Atualmente vende sanduíche natural na praia de Inajá, onde mora.
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