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Poesias
19/04/2008 - 17h15
Pobres de nós
Edmundo Pacheco
 

Pobres prisioneiros
que, fantasmagóricos,
arrastam correntes
por entre paredes invisíveis,
insensíveis,
como cordeiros,
servos, servis, submissos e ordeiros
gritando:
- Piedade!
- Piedade!

Pobres seres insignificantes
que, como antes,
jamais pararam para pensar,
jamais pensaram,
jamais pararam
e sequer cadeados
aprenderam a quebrar;
e se aprenderam,
não tiveram a coragem de ousar.

Pobres soldados do húmus
que, como eu,
nasceram para construir túmulos,
sentindo na consciência
a dormência
de uma dor imensa, que jamais doeu,
que jamais nasceu...
Morreu, cresceu, trabalhou,
se reproduziu e morreu.

Pobres diabos,
homens sérios,
objetos de decoração de necrotérios
que caminham felizes rumo aos cemitérios,
sem jamais questionar seu destino
e o desatino
de arrastar correntes
por entre os dentes,
de lugar algum para lugar nenhum

Pobres construtores
da mísera miséria
da misericordiosa
sorte que jamais tiveram

Pobres feras,
bestas de cargas e luxo
que jamais tiveram mais que lixo,
que jamais foram mais que bicho...

No círculo-vicioso do tempo,
das sociedades...
Pobres escravos acorrentados
a esperanças insanas...
Vendo deuses e demônios no etéreo

Circulam, desorientados,
ao redor do nada, resignados,
pobres coitados...
Pobres animais...
Nascem, agarram-se às alças de seus esquifes
e, penosamente, são obrigados a sorrirem como patifes...
Idiotas, que de suas correntes não se livrarão jamais...

E vamos todos, cavar sepulturas em nossos quintais
buscando conforto e paz...

- Pobres de nós!
- Pobres de nós!


Nota do Editor: Edmundo Pacheco é escritor por devoção, 46 anos, poeta por impulso, jornalista por profissão há 28 anos. Pai da Édile e do Dilee, marido da Sueli, avô da Julia. Três ou quatro livros escritos, nenhum publicado (procura editora, séria, desesperadamente). Perfil? Bom, já foi bóia-fria, catador de batatas, lavador de banheiros, pasteleiro, feirante, churrasqueiro de restaurante beira de estrada, pacoteiro, vendedor de tecidos, derriçador de café, repórter de impresso, pauteiro de TV, assessor de imprensa, revisor, diagramador, editor de texto de TV, funcionário público estadual e municipal, dono de lanchonete, confeccionista, balconista, corretor de imóveis, editor-chefe de telejornal, entre outros... Atualmente vende sanduíche natural na praia de Inajá, onde mora.

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