Aos meus amigos
no horizonte, vejo sob a água meus amigos afogados passo um trator que rasga o chão puxo a tração que criou o abismo ouço um grito de socorro: “onde está o norte rua sem saída” se eu não entendi o apelo eles não estenderam as mãos leio escrito na parede um recado ele se repete feito seiva tantas vezes tanta dedicação presto atenção meu ouvido colado no deserto a terra seca o sangue pulsa o pó pousa seus pés deixam cicatrizes vejo rastros nus na tinta no papel às quatro da manhã quando desce o primeiro trago no meio da fumaça a tradução deixou odor seu olhar, miopia o tesão virou a dor a morte, terapia faz barulho aqui na natureza eu quase não consigo ouvir você faz barulho, por favor para eu te trazer à tona vamos fazer barulho vamos ficar à toa Nota do Editor: Eduardo Ritschel é jornalista.
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