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Economia e Negócios
18/06/2008 - 17h09
Queimadas da cana incomodam
Luiz Gonzaga Bertelli
 

Reiteradamente, organismos internacionais têm criticado a queima da palha da cana-de-açúcar no País. As denúncias acontecem quando a cana ultrapassa a energia hidráulica, como fonte de energia, embora dados recentes comprovem que, para a expansão do vegetal, há terra disponível e outras culturas não serão prejudicadas. Ademais, a cana não é invasora de terras cultivadas e as áreas de plantio estão muito distantes da região amazônica.

O processo de produção de cana, açúcar e álcool no Brasil é comprovadamente intensivo na absorção de mão-de-obra, especialmente quando por ocasião da colheita. Tradicionalmente, para facilitar o corte da cana é efetuada a queima da palha, inclusive para atender exigências dos trabalhadores agrícolas nas convenções coletivas. São conhecidos os efeitos indesejáveis da queima da palha nas redes elétricas, rodovias, reservas florestais e na produção dos particulados, além do impacto ambiental. A palha da cana seca possui 45% de carbono. Ao ser queimada, vira gás carbônico (CO2), que vai para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. Esse problema, entretanto, tem data para ser eliminado, pelo menos em São Paulo, já que em 2002 o governo estadual fixou prazos para a erradicação da queima: 2021 (áreas mecanizáveis) e 2031 (áreas não mecanizáveis). O protocolo prevê a demarcação das áreas produtoras, proteção das nascentes, redução do consumo de água, além de boas práticas trabalhistas e sociais. As indústrias sucroalcooleiras, que aderirem à determinação governamental, receberão um selo ambiental, o que servirá de credencial para a futura comercialização do álcool fabricado.

No que concerne às repercussões na geração de empregos do setor canavieiro (cerca de um milhão, sendo 80% na área agrícola), a substituição de um grande contingente de cortadores de cana por máquinas provocará sérios impactos sociais. Entre outras razões porque, hoje, com exceção da soja, a cana é a que melhor remunera os trabalhadores na agricultura. De acordo com as avaliações do Centro de Tecnologia da Cana-de-Açúcar (CTC), com a total mecanização das lavouras canavieiras no Estado de São Paulo, haverá uma forçosa redução de 165 mil empregos. A questão é complexa, quando o Brasil já apresenta uma das maiores taxas de desempregados do mundo, muito especialmente entre os jovens.

Na safra em curso de 2008/09, mais de 40% da área de cana do Estado paulista já utilizam modernas máquinas colhedoras. Dessa forma, quando a colheita é estimada em 500 milhões de toneladas de cana, com um crescimento de 16% sobre a safra anterior, em torno de 200 milhões serão recolhidos pelas máquinas. É difícil prever como será realocada a mão-de-obra canavieira, devido a seu baixo nível de capacitação. Daí, a imprescindibilidade de políticas governamentais, voltadas ao setor da agroindústria, a fim de que não tenhamos graves problemas sociais, decorrentes da substituição humana pela mecanização.

As vendas das máquinas de cortar a cana bateram recorde em 2007, com 645 unidades comercializadas, um aumento de mais de 100% em relação a 2006. Com isso, a frota brasileira de colheitadeiras da cana eleva-se para 2.263 unidades, sendo que a grande maioria opera no Centro-Sul. Os investimentos financeiros na compra desse equipamento são considerados, ainda, muito elevados para a atividade canavieira e não há a pronta entrega das máquinas pelos fabricantes.


Nota do Editor: Luiz Gonzaga Bertelli e diretor da FIESP, membro dos Conselhos Superiores de Energia e do Agronegócio e presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).

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