O cultivo de oleaginosas para biodiesel não concorre com os alimentos. Segundo o professor da Universidade de Lavras (UFLA) Pedro Castro Neto, "temos como melhorar a produção de alimentos com a desculpa de produzir energia". O assunto deve dar a tônica do 5º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, que será realizado pela UFLA, com patrocínio do Sebrae, entre os dias 7 e 11 de julho, em Lavras, região sul de Minas Gerais.

Segundo o professor, as lavouras de milho no sul de Minas já se beneficiam com o cultivo alternado de espécies como o girassol, o pinhão manso e a canola. "A prática quebra o ciclo das pragas e recicla os nutrientes do solo", defende. Safras de milho cultivadas em seguida às de oleaginosas têm acréscimo de 10% no resultado.

O Congresso deve reunir 500 participantes. "Serão apresentados 420 artigos, um recorde que mostra que a ciência brasileira está trabalhando e aposta na área", afirma Neto. Durante o evento serão realizadas exposições de máquinas, produtos e serviços e demonstradas novas tecnologias relacionadas à produção agrícola de oleaginosas, extração de óleos vegetais e gorduras, reciclagem de óleos e gorduras residuais e produção e qualificação de biodiesel.

Agricultores familiares também mostrarão o trabalho com as oleaginosas no estande do Sebrae. De Santa Vitória, 36 produtores de pinhão manso integram uma missão. "Eles já conseguiram o apoio de uma grande empresa suíça, que tem fornecido informação e insumos. Com isso a compra das futuras safras já está garantida", conta o técnico do Sebrae/MG Leonardo Ivo.

Da cidade de Claro dos Poções, no Norte de Minas, virão outros 30 agricultores. A missão de Conceição da Barra de Minas é integrada por 17 mulheres de baixa renda cadastradas no Bolsa-Família. "A experiência uniu o cultivo da mamona ao feijão. A primeira safra já deu 10kg de feijão para cada família", conta Ivo. A mamona será colhida após o Congresso.

"Estamos trabalhando com experiências de produção de alimentos sob a sombra de culturas oleaginosas", conta Leonardo Ivo. Segundo ele, o principal objetivo é evitar a dependência dos agricultores de grandes compradores das oleaginosas. "Com mini-usinas, poderemos talvez garantir o fornecimento de energia em comunidades isoladas", acredita.

O Sebrae irá oferecer dez clínicas tecnológicas no Congresso com temas que vão desde a extração e purificação de óleos, filtragem, o selo Combustível Social, mamona, pinhão manso, girassol, qualidade de biodiesel, catalisadores, mini-usinas de biodiesel e aproveitamentos especiais para co-produtos, até técnicas tradicionais de cultivo para agricultura familiar. "Não deixa de ser inovação resgatar um conhecimento que ficou esquecido e que tem vantagens em custo e em impacto ao meio ambiente", explica o técnico do Sebrae/MG. As clínicas acontecerão nos dias 8, 9 e 11 de julho.

Encontro

Técnicos e coordenadores dos projetos da área de agroenergia do Sebrae nos estados do Piauí, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais também aproveitam o evento para se reunir, nos dias 7 e 8 de julho.

"Queremos induzir e fortalecer a rede entre profissionais de projetos da área. Parceiros estratégicos como a Embrapa irão participar e poderemos colher subsídio para pensar o futuro dos projetos", explica a coordenadora nacional da carteira de agroenergia do Sebrae, Wang Ching.

Entre os gargalos da agroenergia que devem ser discutidos está a dificuldade de distribuição do produto. A oportunidade também servirá para que os técnicos participem do Congresso. "O setor é muito novo. Temos de assimilar conhecimento e tocar os projetos no dia-a-dia ao mesmo tempo. A dinâmica de tecnologia e do marco regulatório é intensa", diz. Assuntos como zoneamento agrícola, desenvolvimento dos projetos e soluções encontradas também serão tema do encontro.

5º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
De 7 a 11 de julho
Universidade Federal de Lavras
http://oleo.ufla.br