Os municípios brasileiros que já existiam em 1947 realizam este ano a 15ª eleição consecutiva para escolha de seus prefeitos por voto direto da população. Uma novidade que salta aos olhos é que, como regra, o número de candidatos a prefeitos e a vereadores, em cada município, será menor que em 2004. Em algumas de nossas maiores cidades, as candidaturas a prefeito caíram para três ou até para duas. Nas cidades que têm emissoras de rádio e TV e apenas dois candidatos, a coligação de que não faz parte o PMDB, dono do maior tempo de propaganda eleitoral gratuita, tende a postular que se apliquem ao primeiro turno as regras do segundo, com a divisão do tempo meio a meio. Mesmo com três, quatro ou mais candidatos, muitas campanhas já começam afuniladas em torno de dois nomes. Isso não acontece por acaso. A bipolarização faz parte do DNA do sistema presidencial. Da Presidência da República às prefeituras, o provável é que o número de candidatos diminua a cada eleição, inclusive pela constatação da inviabilidade eleitoral de um terceiro, quarto ou quinto nome. Nos municípios, a polarização é mais acentuada. Teremos, este ano, múltiplas eleições plebiscitárias, mesmo onde o prefeito não postula a reeleição, ou por já estar cumprindo um segundo mandato ou por haver sido vencido dentro de seu próprio partido. O que o eleitor decidirá é se endossa a continuidade dos atuais rumos políticos e administrativos ou opta pela ruptura e leva ao poder outro grupo. Conseqüência previsível do quadro agora delineado, que deve ganhar força total em 2010, nas eleições para governadores e presidente, é que sair do partido ao primeiro tropeço e lançar-se candidato por outra legenda será cada vez mais difícil. Os embates dentro de cada partido serão mais duros e escancarados. E, no momento seguinte, as legendas partidárias tendem a ser menos numerosas. Nota do Editor: Antonio Carlos Pannunzio é deputado federal pelo PSDB-SP e membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
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