Dados divulgados na pesquisa Retratos da Leitura, encomendada pelo Instituto Pró-Livro ao Instituto Ibope de Inteligência, mostrou que o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano. O estudo constatou que somente 39% dos 95,6 milhões de leitores de livros no Brasil estão na faixa etária de 5 a 17 anos e outros 14% possuem entre 18 e 24 anos. Os leitores mais jovens também são os que mais lêem.

Acervo defasado, número insuficiente das bibliotecas, poucas livrarias, analfabetismo e falta de difusão do hábito da leitura são os itens mais apontados na pesquisa como fatores predominantes para que os índices de leitura no Brasil não sejam melhores. “A democratização do livro fica bastante comprometida se não existem livrarias suficientes para difundir a cultura e a leitura”, diz Valter da Silva, presidente da Câmara do Livro do DF.

“Tenho percebido que, nos últimos anos, o movimento das livrarias caiu muito com a entrada das grandes redes de livrarias que se instalaram nos shoppings. Desse modo, o acesso dos leitores aos livros também sofre uma queda, e é por isso que os números apontados pela pesquisa ainda são baixos”, observa Silva.

Para democratizar o acesso ao livro, o fomento e a valorização da leitura, além de estimular o hábito de leitura entre os brasilienses e o fortalecimento da cadeia produtiva do livro, surgiu, há 26 anos, a Feira do Livro de Brasília, um dos maiores eventos literários da região Centro-Oeste.

O presidente ainda diz que, tendo em vista estes fatores, a 27ª Feira do Livro de Brasília, que acontece de 29 de agosto a 7 de setembro, na área externa do Pátio Brasil Shopping, se insere em um contexto importante para o desenvolvimento educacional e cultural do país. “O tradicionalismo, a credibilidade e o reconhecimento que a Feira do Livro de Brasília alcançou ao longo desses 26 anos fazem com que ela se torne uma oportunidade para o desenvolvimento da cultura e um instrumento de acesso e à leitura, além de projetar o Distrito Federal no cenário literário nacional e internacional”, reconhece Silva.

Investimentos - O Brasil enfrenta hoje um grande obstáculo de acesso à leitura, que é o baixo nível de investimento do governo na compra de livros para o acervo de bibliotecas públicas, que hoje somam seis mil em todo país (dados do IBGE). Nos países desenvolvidos, elas absorvem cerca de 30% da produção editorial nacional. No Brasil, as bibliotecas do Estado não chegam a absorver 1%.

Em nível nacional, uma ação criada pelo governo federal que visa criar essa democratização é o “Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL)”, que consiste em um conjunto de políticas, programas, projetos, ações continuadas e eventos empreendidos pelo Estado e pela sociedade, para promover o livro, a leitura, a literatura e as bibliotecas no Brasil.

“É importante investir continuamente em ações como essa. O Brasil, segundo dados do IBGE, possui cerca de 184 milhões de habitantes. Destes, apenas 55,5 milhões gostam de ler, de acordo com os números mostrados pela pesquisa do Instituo Pró-Livro. Os índices estão melhorando devido a políticas como as do PNLL e ações como as feiras, bienais e festas do livro. Nosso país é sedento por informação e conhecimento, mas para que todos tenham acesso à leitura, é necessário criar mais ações democráticas”, expõe o presidente.

Hábitos - A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil também constatou que, apesar da boa média de leitura (4,7 livros por ano), os brasileiros não compram muitos livros. Apenas 1,1 livro é adquirido por ano, totalizando 36 milhões de compradores.

“Durante a 27ª Feira do Livro de Brasília haverá o ‘Livro do Dia’. Os expositores colocarão três exemplares de livros à venda com descontos especiais. A idéia é estimular as pessoas a comprarem publicações e levarem este hábito para fora da feira”, diz Silva. Valter completa dizendo que o evento cria um ambiente para aproximar os novos leitores dos livros e dos autores. “A partir do momento em que há essa interação, aumenta-se o estímulo pela leitura. As pessoas só precisam de um incentivo para adquirirem bons hábitos”, pontua o presidente.

A programação do evento ainda contará com palestras, sessões de autógrafos, mini-conferências, seminários, jornadas, oficinas, exibição de curtas-metragens, café literário com autores convidados, debates, saraus poéticos, apresentações teatrais e de cordéis. O homenageado deste ano é o poeta amazonense Thiago de Mello.

Parceiros e apoiadores - A 27ª Feira do Livro de Brasília conta com a parceria e apoio da Secretaria de Estado da Cultura do Distrito Federal, da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, do Governo do Distrito Federal, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Biblioteca Nacional, do Museu da República, do Instituto Camões, da Câmara Brasileira do Livro (CBL), do Ministério da Cultura, do Ministério do Meio Ambiente, do Ministério da Educação, do Ministério da Ciência e Tecnologia, do Ministério do Turismo, do Ministério das Relações Exteriores, da Biblioteca Nacional, do Museu da República, do Serviço Social do Comércio (SESC), da Central Única das Favelas (Cufa).