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Economia e Negócios
28/08/2008 - 19h32
Quem é o dono da empresa?
Jimmy Cygler
 

Por que tantos empresários da atualidade resistem em admitir que as coisas mudaram e ainda insistem em acreditar que são os “donos” exclusivos de suas empresas? Quando os meios produtivos eram terra e capital, como até algumas décadas atrás, fazia sentido o proprietário da empresa ser também o dono dos meios de produção. A relação capital-trabalho era nítida. O poder de quem detinha a posse das terras produtivas, em comparação aos peões que trabalhavam na lavoura, era simplesmente infinito.

Mas, alguém consegue responder quem é hoje o dono dos meios de produção em um banco? Em uma consultoria? Em uma universidade? Até em exemplos simples, como nos salões de beleza, podemos observar que as boas cabeleireiras recebem metade da receita bruta, sem colocar um centavo no negócio, pois elas levam sua clientela para onde forem. Elas são o meio de produção. Elas detêm o conhecimento. Na prática, elas são a empresa.

Os capitalistas possuem os equipamentos usados por sua força de trabalho, mas será que eles podem possuir o conhecimento usado pelos trabalhadores? E, de outro lado, que parte do seu conhecimento os funcionários podem levar consigo quando mudam de empresa?

As relações agora são outras, bem mais complexas. Cresceu sobremaneira a importância do “trabalhador do conhecimento”, mas o papel do empreendedor continua sendo fundamental, conforme diria Peter Drucker, filósofo, economista e considerado o pai da gestão moderna. Talvez até mais do que antes. A economia de um país é movida pelo nível de empreendedorismo interno que ela tem, sem sombra de dúvida.

Continentes inteiros ficaram para trás, porque sua camada de empreendedores é menos desenvolvida, como aconteceu com a Europa. Apesar de poupar e investir muito e de ter um bom nível educacional e uma forte base tecnológica, ela não lidera em nenhum dos novos setores do conhecimento intensivo no século XXI. No velho continente habitam quase um bilhão de pessoas com a melhor infra-estrutura e educação do planeta. É um dos continentes mais ricos em capital humano. Por que, então, é tão lenta na geração de riqueza?

Em sua regra número seis, no livro “A construção da riqueza”, Lester Thurow diz: “Não há substituição para os agentes de mudanças empreendedores. Os empreendedores que vencem o jogo tornam-se ricos e poderosos, mas sem empreendedores as economias tornam-se pobres e fracas. O que é velho não sai. O que é novo não entra”.

Só que quando falamos de “empreendedor”, naturalmente pensamos no “empresário” - aquele que inicia uma empresa, um empreendimento. Só que o empreendedor não consegue fazer, sozinho, uma empresa acontecer. Ele precisa dos empreendedores internos, os tais de “intrapeneurs”, para trabalharem em conjunto. Com isso fica evidente que a questão da propriedade da empresa se torna cada vez mais complexa.

Ao mesmo tempo, aproximadamente 75% dos trabalhadores, conforme dados do governo americano, estão na área de serviços. Contando que a grande parte dos trabalhadores do “colarinho azul” também estão em serviços como finanças, administração, marketing e vendas etc., chegamos à conclusão de que mais de 90% do total da força de trabalho americana está em serviços. E serviços significam, cada vez mais, trabalhadores do conhecimento.

Outra tendência, detectada por Michael Porter (economista, professor da Harvard Business School e autor de livros na área de estratégias de competitividade), reforça a importância do trabalhador do conhecimento: “Há uma expansão inequívoca do conteúdo da informação nos produtos”. Na medida em que a informação fica mais rica e complexa, mais a empresa depende do talento de comunicação e de atendimento de seus profissionais.

O famoso downsizing reduziu drasticamente o número de pessoas em muitas empresas, aumentando, na mesma proporção, a dependência dos remanescentes. Quando Percy Barnevik, presidente da Asea, comandou a fusão com a BBC da qual nasceu a gigante ABB, em 1987, ele reduziu o quadro de pessoas no QG em Zurich das fusionadas, que tinham, respectivamente 4000 e 2000 pessoas, para... 140! Imagine a carga, a competência e a importância dos três em cada 100 que ficaram...

Porém, o que acontece com os outros 97%? Aí entramos na famosa “empregabilidade”. Veja o que pensa Denizarth Borelli, paulistano de 22 anos:
“O emprego fixo não se enquadra em meu perfil. A segurança está somente na oportunidade que surge quando um cliente tem uma necessidade e considera utilizar os serviços que domino... Se fosse um funcionário, jamais teria aproveitado essas chances. Para o futuro, tenho como objetivo realizar negócios cada vez mais lucrativos para minha empresa...”

Também não podemos ignorar que “todo o crescimento virá de serviços intelectuais”, conforme Brian Quinn (professor honorário de economia da Universidade de Glasgow). É dele, também, a reflexão que “não executar os serviços com a qualidade dos melhores da categoria é abrir mão de poder competir”.

As empresas são órgãos vivos, como alega Arie de Geus, ex-diretor de planejamento da Shell e autor do livro “A Empresa Viva”. Em um órgão vivo, todos os membros são importantes. O órgão vivo funciona como um sistema e não como partes isoladas. A empresa moderna é a mesma coisa. Ela não existe sem o empreendedor, mas ela não sobrevive também sem as pessoas que a compõem.

Este é o equilíbrio no qual precisamos refletir. Qual o peso relativo do empreendedor, do intrapeneur e do trabalhador do conhecimento? Então quem é ou são o(s) dono(s) da empresa hoje?


Nota do Editor: Jimmy Cygler é CEO e Charman da Resolve! Enterprise Services, Conselheiro da Proxis, Professor de MBA da ESPM e autor do livro “Quem mexeu na minha vida”, editado pela Elsevier.

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