Deveras sinto por dizer-te assim sem rodeios, Mas poetas belos ou feios Não existem mais. O mundo atravessou milênios E em todos os tempos Fizeram-se poetas, Grandiosos anônimos da ação: Sem profecias, sem castidades e sem orgias, Plenificavam tudo ao redor. Mas hoje amontoam-se malditos, Funcionais analfabetos analíticos, Criando pensamentos indigestos, Metáforas infantis sem nenhum dizer poético. Acreditam ser o que não se pode decidir, Acreditam fazer o que não se pode cumprir: A manutenção da vida é pura poesia, O resto é perfumaria. Nota do Editor: Marcelo D’Amico é jornalista, músico, compositor e escritor.
|