Reconhecer que as pessoas precisam desenvolver novas competências e habilidades para acompanhar o impacto causado pelas tecnologias da comunicação e da informação foi um passo importante e necessário aos educadores nos últimos anos. Como o mercado de trabalho tem exigido a formação de profissionais competentes para atuar numa realidade social extremamente influenciada pelas tecnologias, escolas e professores passam a discutir novos objetivos, no qual a aprendizagem deve estimular e desafiar os alunos para o conhecimento científico. Neste contexto, tem destaque a matemática, sobretudo para o desenvolvimento do pensamento. Se de um lado a sociedade exige competência lógico-matemática, de outro, sabemos que despertar o interesse para o estudo da disciplina é um desafio.

A falta de habilidade em lidar com os números algumas vezes é mais um problema cultural do que propriamente dificuldade no processo ensino-aprendizagem. Algumas famílias, por exemplo, oficializam os obstáculos com a disciplina como se fosse um caráter genético: pais que não foram bons alunos em matemática, aceitam que seus filhos também não o sejam, sem qualquer questionamento ou interesse na mudança de perfil. Não estimulam durante a infância posturas desafiadoras; ao contrário, apresentam respostas prontas. Na escola, a prioridade por conteúdos que contemplem as necessidades da sociedade, exemplificados em situações do cotidiano do aluno, tem sido uma das grandes metas da educação matemática, que, mesmo assim, continua sendo vista pela maioria como uma disciplina árida, repleta de fórmulas e cálculos sem aplicações práticas.

A tendência de integrar a matemática a outras áreas do conhecimento, o uso das novas tecnologias, a modelagem, a história dessa ciência, trazem uma nova perspectiva para o seu estudo. Porém, sabe-se que os dados apontam para um fracasso nacional no desenvolvimento das habilidades lógico-matemáticas. Aprofundar estudos sobre os fundamentos teóricos e metodológicos da disciplina é importante. Porém, é fundamental recuperar a imagem da matemática na sociedade, na família, nos professores e nas aulas. Uma imagem ruim da Matemática prejudica as atividades do professor. Cabe, portanto, aos educadores da área, analisar, estudar e discutir sobre modelos educacionais com resultados positivos, quer em outros países, ou mesmo os já experienciados no sistema brasileiro, contribuindo, assim, para a formação de jovens com capacidade lógico-matemática que respondam às exigências de sua vida social e profissional.

Nota do Editor: Maria Elvira Jardim Menegassi é professora do Colégio Salesiano Dom Bosco Porto Alegre, licenciada em Matemática.