WLOS

O som do telefone celular assustou o tié-sangue que eu tentava fotografar, em um pé de acerola, no quintal de minha casa.

- Luiz Moura, você soube que Eduardo Cesar foi agraciado com o título de cidadão caraguatatubense, na terça-feira?

Respirei fundo para não destratar o prestativo informante que acabara de frustrar a oportunidade de uma bela fotografia. Só me resta aguardar uma nova ocasião. A presença de tiés-sangues, por aqui, dificilmente coincide com a minha.

- Foi por indicação dos profissionais das áreas de Saúde e de Turismo daquela cidade? - Questionei em voz baixa, sem responder, pois ainda mantinha a esperança de que o pássaro retornasse.

- Não sei. Por que?

- Primeiro. A qualidade dos serviços de saúde, em Ubatuba, faz com que aqueles que necessitam de cuidados corram para Caraguatatuba. “Nunca antes” os profissionais daquela cidade tiveram tantos pacientes. Suas agendas estão superlotadas. Segundo. A pífia atividade artístico-cultural, em razão da inexistência de uma política que privilegie o setor, espanta os visitantes para a cidade vizinha, repleta de shows e atrações. Portanto, os vereadores de Caraguatatuba, torcendo para que na “era Dudu” tudo permaneça como dantes... acertadamente, condecoraram a pessoa responsável pelas oportunidades geradas. Esse sim, em minha opinião, foi um título merecido!

- Hã!

Encerrei a conversa já com a atenção voltada para uma corruíra que, “aos pulos”, voava entre as folhagens.