Uma das opções para se ensinar Ciências, é através de sua História. No nível fundamental consegue-se motivar o aluno pesquisando-se quando foram inventados os objetos de uso cotidiano: rádio, batedeira, TV, DVD, aspirador de pó, absorvente, papel higiênico, pasta de dentes e medicamentos – antibióticos, analgésicos, soros e vacinas, entre outros. O contexto histórico amplia-se quando a pesquisa também se articula com os fatos políticos e culturais que ocorreram no surgimento da invenção. Por exemplo, em 1923 Garret Augustus Morgan, inventor afro-americano nascido em Kentucky, patenteou o semáforo automático. Nesse mesmo ano é fundada a primeira estação de rádio do Brasil; em 9 de novembro, Adolf Hitler liderou o fracassado golpe contra o governo Bávaro, Hitler e seus partidários são presos por traição. Quando o grupo docente está bem coordenado e compromissado com a proposta pedagógica que ele mesmo delimitou, fica mais fácil realizar projetos inter e transdisciplinares: a aprendizagem torna-se significativa. Para o Dia da Consciência Negra, eu trabalhei com meus alunos as invenções e descobertas feitas por cientistas afro-americanos. A surpresa dos alunos foi grande! Com esse conteúdo, didaticamente promove-se a alteridade em oposição às mazelas do etnocentrismo e racismo, destruindo-se dialeticamente o péssimo discurso que a TV brasileira faz: o negro existe para divertir o branco. Abaixo estão alguns cientistas negros e suas invenções: · Alexander Miles, elevador; · Alice Parker, fornalha de aquecimento; · C. J. Walker, artefatos para cuidar do cabelo; · Charles Drew, preservação e estocagem de sangue, implantou o primeiro banco de sangue do mundo; · Dr. Daniel Hale Williams, executou a primeira cirurgia aberta de coração; · Elbert R. Robinson, bonde elétrico; · Dr. Ernest E. Just, fertilização e a estrutura celular do ovo, mundo a primeira visão da arquitetura humana ao explicar como trabalham as células; · Frederick Jones, ar-condicionado; · Garret A. Morgan, semáforo e primeira máscara contra gases; · George T. Samon, secadora de roupas; · John Love, apontador de lápis; · William Purvis, caneta-tinteiro; · George Washington Carver, métodos de cultivo que salvaram a economia do sul dos Estados Unidos na década de 1920; · Granville T. Woods, transmissor do telefone que revolucionou a qualidade e distância que podia viajar o som; · Jan E. Matzelinger, máquina de colocar solas nos sapatos; · John Standard, geladeira; · Joseph Gammel, sistema de supercarga para os motores de combustão interna; · Lee Burridge, máquina de datilografia; · Lewis Howard Latimer, filamento de dentro da lâmpada elétrica; · Lloyd Quarteman, primeiro reator nuclear na década de 1930; · Lloyde P. Ray, pá de lixo; · Lydia O. Newman, escova para pentear cabelos femininos; · McCoy, sistema de lubrificação para máquinas a vapor; · Dra. Patricia E. Bath, dispositivo laser para cirurgia de cataratas; · Dr. Philip Emeagwali, computador mais rápido do mundo, 3,1 bilhões de cálculos por segundo, possibilitando estudar o aquecimento global, as condições do tempo e determinar como o petróleo flui sob a terra; · Percy L. Julian, o desenvolvimento do tratamento do mal de Alzheimer e do glaucoma; · Philip Downing, caixa de correio; · Raphael E. Armattoe, encontrou a cura para a doença do verme da água da Guiné com sua droga Abochi; · Richard Spikes, inventou a mudança automática de marchas; · Roberto E. Shurney, pneumáticos de malha de arame para o robô da Apolo XV; · Sarah Boone, tábua de passar roupas; · Thomas W. Stewart; esfregão para limpar o chão; · W. A. Lovette, prensa de impressão avançada; · John Burr, máquina de cortar grama; · William Berry, máquinas de carimbo e cancelamento postal; · William Hinton, primeiro manual médico sobre a sífilis. O pai da medicina não foi Hipócrates, mas Imotep, médico negro que viveu dois mil anos antes do médico grego. Infelizmente, os livros didáticos de Ciências que eu conheço não mencionam a contribuição dos cientistas negros para a qualidade de vida da humanidade, perpetuando assim uma educação nos moldes europeus, no qual o homem branco e cristão é paradigma de beleza e verdade. Para saber mais, indico o livro: "Cientistas e Inventores Negros", Ava Henry e Michael, Williams BIS Publications e o filme “Quase Deuses”, dirigido por Joseph Sargent, sobre a vida do Dr. Daniel Hale Williams. Nota do Editor: Nelson Pascarelli Filho é Conferencista. Consultor Científico-Educacional. Diretor da Pascarelli Sciens, consultoria fundada em parceira com alunos intelectualmente superdotados. Escritor da FTD. 16 livros didáticos publicados e adotados em nível nacional. Biólogo, Filósofo, Bacharel em Psicologia, Psicanalista, Licenciado em Pedagogia. Palestrante da Ecoplan/Sinpeem, Rotary Club, Sieeesp, Abitep/Aprofem, Sinpros, OAB, Banco do Brasil, Sabesp, Polícia ambiental/SP, Universidade São Judas Tadeu e diversas secretarias Municipais e Estaduais de Educação em todo o Brasil. Prof. Titular de Ciências Naturais da SME/SP. Biografia incluída na Wikipédia em educadores brasileiros.
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