Seis brasileiros disputam vagas para as oitavas-de-final na terceira rodada do Billabong Pro.
O baiano Armando Daltro foi o grande destaque no segundo dia do Billabong Pro Mundaka, ao despachar o australiano Mark Occhilupo, que venceu a etapa espanhola do ASP Foster’s World Championship Tour (WCT) em 1999, mesmo ano em que conquistou o título mundial da temporada. Agora, Daltro vai enfrentar o número 1 do mundo Andy Irons na terceira rodada da competição. Além dele, mais cinco brasileiros estarão disputando vagas para as oitavas-de-final na Espanha e os outros dois também quase se classificaram na repescagem. O potiguar Marcelo Nunes só perdeu no desempate para o californiano Pat O’Connell e o niteroiense Guilherme Herdy chegou a ganhar sua bateria, mas foi penalizado com uma interferência e somando apenas uma nota acabou superado pelo australiano Nathan Webster nas boas ondas de 1,5 metro de altura de Mundaka na quarta-feira. O segundo dia do Billabong Pro foi iniciado com as baterias restantes da primeira fase classificatória e dos três brasileiros que ainda não tinham estreado, apenas o catarinense Neco Padaratz conseguiu vencer para garantir classificação direta para a terceira rodada da competição. Por uma pequena diferença - 12,80 x 12,16 pontos - ele superou o cabeça-de-chave Taylor Knox, mas o potiguar Marcelo Nunes e o carioca Raoni Monteiro acabaram caindo para a repescagem, que também foi toda realizada na quarta-feira. O baiano Armando Daltro foi o primeiro a se apresentar na rodada dos perdedores e mostrou muita calma para derrotar o ex-campeão mundial Mark Occhilupo, que ocupava a oitava colocação no ranking. O australiano pegou três ondas fracas no início da disputa e Daltro começou com uma nota 4,17, mas em sua segunda onda arrancou um 7 e depois administrou o restante da bateria para confirmar a vitória por 11,17 x 10,17 pontos. "Eu estou muito feliz. Não foi uma grande bateria e eu não tive muitas oportunidades para apresentar um bom surfe, mas foi uma grande vitória. Eu usei a prioridade até o fim para não deixar que ele tirasse alguma nota alta e a tática deu certo", contou Daltro, que agora vai enfrentar o bicampeão mundial e atual líder do ranking Andy Irons. "Vai ser mais uma bateria muito difícil, mas vou fazer o meu melhor para tentar vencer. Eu não tenho nada a perder e só quero pegar boas ondas. Não competi muitas vezes aqui em Mundaka e ainda estou aprendendo como tirar notas altas nestas ondas", falou o brasileiro, que ocupa uma modesta 46ª colocação no ranking do WCT 2004. Depois de três baterias, o Brasil voltou ao mar com o paranaense Peterson Rosa não tomando conhecimento do australiano Toby Martin. Com uma nota 6,5 em sua primeira onda e um 6,77 na terceira ele venceu com facilidades por 13,27 x 9,83 pontos. Melhor ainda foi Paulo Moura na disputa seguinte. O pernambucano abriu o confronto contra o líder do WQS (World Qualifying Series), Greg Emslie, com uma nota 7,5 e em sua quinta apresentação tirou um 7,17 para fechar o placar por 14,67 x 10,70 pontos do sul-africano. O niteroiense Guilherme Herdy manteve o ritmo na bateria seguinte e também começou bem com uma nota 7,67, mas cometeu um erro e foi penalizado com uma interferência. Com isso, acabou somando só essa sua primeira nota, contra duas do seu adversário. O australiano Nathan Webster ainda pegou a melhor onda da bateria - nota 8,67 - e mesmo assim seria derrotado pelo brasileiro, que em suas duas últimas apresentações recebeu notas 6,17 e 7,17. Como um resultado normal computa as duas maiores notas de cada atleta, Herdy venceria com 14,84 pontos, porém o placar foi encerrado em 13,50 x 7,67 a favor de Webster. Outra derrota injusta ocorreu em seguida. O potiguar Marcelo Nunes tirou nota 6,5 em sua primeira onda, 7,67 na quinta e liderou até o californiano Pat O’Connell arrancar um 8,5 em sua última onda para igualar a disputa em 14,17 pontos. No desempate, quando é registrada apenas a maior nota, a estrela do filme Endless Summer II confirmou a vitória por 8,5 x 7,67, com Nunes terminando em 33º lugar no Billabong Pro Mundaka junto com o niteroiense Guilherme Herdy. Depois das duas derrotas seguidas, o carioca Raoni Monteiro tratou de encerrar a participação brasileira na repescagem com mais uma vitória. Ele escolheu uma ótima onda para abrir a bateria com uma nota 8,17 e depois tirou um 6,5 para despachar o australiano Kieren Perrow, por 14,67 x 12,50 pontos. Em sua primeira temporada na elite do surfe mundial, Raoni vem sendo um dos destaques do Brasil na "perna européia" e na França só foi derrotado pelo havaiano Andy Irons no último minuto do desafio contra o bicampeão mundial nas quartas-de-final. "Este é realmente o melhor momento da minha vida. Tenho um bom patrocínio (Rip Curl), uma filha, estou casado com quem amo e estou aqui no WCT, entre os melhores surfistas do mundo", disse Raoni Monteiro. "Fiquei em nono lugar na Califórnia, quinto na França e agora estou aqui, passando pelo Kieren Perrow. A bateria foi bem disputada, mas minha primeira onda foi muito boa e fez a diferença no final. Estou competindo bem relaxado e tenho conseguido apresentar um bom surfe para todos. Tento fazer o melhor que posso em cada campeonato, me concentrando bem em cada bateria e surfando com bastante pressão nas manobras. Realmente está tudo perfeito na minha vida", concluiu. O carioca será o primeiro brasileiro a tentar classificação para as oitavas-de-final do Billabong Pro Mundaka. Ele foi escalado na sexta bateria com o australiano Jake Paterson. Na sétima, o pernambucano Paulo Moura enfrenta o norte-americano Cory Lopez e na oitava tem o confronto do baiano Armando Daltro com o havaiano Andy Irons, que está bem próximo de conquistar o terceiro título mundial consecutivo, com mais de 1.000 pontos de diferença sobre o vice-líder Kelly Slater. Slater venceu esta etapa no ano passado e vai abrir a chave-de-baixo enfrentando o também norte-americano Shane Beschen na nona bateria. Na décima, tem o tricampeão brasileiro Peterson Rosa contra Pat O’Connell. No confronto seguinte, o catarinense Neco Padaratz pega o veterano australiano Luke Egan. E o cabo-friense Victor Ribas disputa a última vaga para as oitavas-de-final do WCT da Espanha contra mais um surfista da Austrália, Daniel Wills.
|