Imagine-se em uma sala de cinema. Antes de o filme começar, o ar é tomado por um irresistível cheirinho de pipoca. Quanto tempo o leitor demoraria para dar um pulinho na bombonière e comprar um saquinho de pipocas quentinhas? O que os cinéfilos ignoram é que, ao ceder ao apelo do estômago, eles podem ter caído na armadilha de uma das mais eficientes ferramentas da publicidade: o marketing olfativo. Como estratégia de venda, o aroma artificial da guloseima pode ser lançado no sistema de ventilação, espalhando o perfume que desperta o apetite e aumenta o consumo. Com técnica semelhante, uma rede de supermercados conseguiu aumentar a venda de café de 9 mil embalagens para 14 mil ao dia, simplesmente difundindo o cheiro da bebida nos corredores. Os dois cases ilustram o material pedagógico de capacitação de jovens em Comércio e varejo, modalidade que faz parte do programa Aprendiz Legal mantido pelo CIEE, utilizando nos obrigatórios cursos teóricos o consagrado método de ensino da Fundação Roberto Marinho, responsável também pelo Telecurso, veiculado na TV. Além de ser apresentado a diversos conceitos de marketing, o jovem que passa pelo curso aprende técnicas muito práticas sobre a importância da apresentação visual de vitrinas e do bom atendimento a clientes. Esse último fator pode fazer a diferença em uma loja, especialmente tendo em vista que 64% dos clientes são perdidos pela má impressão deixada por vendedores. E, em tempos de crise, perder consumidores é praticamente assinar um atestado de óbito corporativo. No País, mais de 9 milhões de trabalhadores estão registrados no setor de comércio e varejo, entretanto, muito poucos receberam esse tipo de treinamento, moderno e calcado nas mais recentes técnicas de atendimento ao cliente. Os vendedores acabam sendo formados apenas no dia-a-dia, ignorando a base teórica que existe por trás de todo o negócio. Base essa que aumenta o poder analítico do profissional e faz a diferença entre um vendedor comum e aquele com potencial para vir a ser o futuro gestor. Além da capacitação em Comércio e varejo, o Aprendiz Legal oferece também os cursos de Ocupações administrativas, Práticas bancárias e Telesserviços, todos voltados para jovens entre 14 e 24 anos que devem ser contratados por empresas de pequeno, médio e grande porte, atendendo a percentuais que variam de 5% a 15% do número total de funcionários com formação técnico-profissional. Atualmente, mais de 12 mil jovens estão sendo treinados em três mil empresas e órgãos públicos, que aderiram ao Aprendiz Legal. O ritmo de contratação tem sido crescente – só em 2008, o CIEE registrou expansão de 45,5% nos programas de aprendizagem, que administra, estando apto a cuidar desde o recrutamento de candidatos até a realização dos cursos teóricos. Entretanto, o número deveria ser muito maior, seja pela crise que se avizinha, demandando pessoas cada vez mais capacitadas para vencê-la, seja pela chaga social da exclusão de jovens do mercado de trabalho. No final do ano passado, o governo federal deu uma demonstração pública de que irá fazer a sua parte, ao anunciar que empresas e órgãos públicos da União deverão contratar 800 mil aprendizes até 2010. Um belo exemplo para as empresas privadas que ainda não se conscientizaram dos benéficos efeitos da Lei da Aprendizagem. Nota do Editor: Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, da Academia Paulista de História – APH e diretor da Fiesp.
|