Disputa com praia lotada valeu pelo ranking Brasil Tour e Adriano de Souza, o mineirinho, foi o vice-campeão e assumiu a liderança.
Valeu a experiência. No duelo entre o maior surfista brasileiro de todos os tempos, o paraibano radicado em Florianópolis, Fábio Gouveia, e a grande revelação nacional, o guarujaense Adriano ’Mineirinho’ de Souza, prevaleceu a maior rodagem no Rip Curl Guarujá Pro, competição válida pelo Brasil Tour, encerrada neste domingo (dia 10), na praia do Tombo, em Guarujá. Virando o resultado nos minutos finais, Fabinho voltou a vencer um campeonato depois de dois anos e a comemoração não podia ser melhor, com praia cheia e ele cercado pelo público e mídia. A disputa, com a participação de 175 surfistas de 14 estados, valeu pela 3ª etapa do ranking Brasil Tour, circuito que vai selecionar 20 atletas para o Super Surf de 2005. Com o resultado, Mineirinho assumiu a liderança isolada, com 2.530 pontos, estando com a mão na taça (a definição do título depende da confirmação da 4ª etapa, prevista para dezembro). Fabinho foi para a 2ª colocação, com 2.220, e segue na briga, caso o circuito tenha mais uma disputa. Aos 35 anos de idade, o vencedor voltou a enfrentar numa final o atual campeão mundial pro júnior, que tem apenas 17 anos e vem fazendo história esse ano, chegando à final de todos os seis campeonatos que participou no Brasil. Com a torcida local toda a seu favor, Mineirinho liderou quase toda a final de 25 minutos. Abriu com 8,27 pontos, indo até a beira da praia. Faltando dois minutos, Fabinho precisava de 7,25 pontos e se prevaleceu de sua tática, uma escolha detalhista, minuciosa das ondas, arrancando um 8,33 pontos, depois de uma atuação, com várias batidas fortes. O vice-campeão ainda tentou reverter o resultado, pegou uma onda nos segundos finais, tentou dar um aéreo, mas não completou. "Vi a série e sobrou um rabo de direita e fui nela. Não queria estragar a festa desta grande torcida, mas esse moleque ainda vai ganhar muitos títulos", comentou o vencedor, que não se intimidou com a juventude do rival, que tem menos da metade de sua idade. Pelo contrário, se aproveitou disso. "O Mineirinho tentou me intimidar, mas tenho muitos anos de estrada para sentir esse tipo de pressão. Não gosto que me marquem e quando ele ficou do meu lado perguntei: Quer namorar comigo? Sai fora", disse rindo o vencedor, referindo-se à marcação feita por Adriano de Souza, para que ele não conseguisse pegar uma onda boa. Essa foi a 2ª vez esse ano e no Brasil Tour que os dois se enfrentaram na final, disputando onda a onda a vitória. Na etapa de abertura do ranking, na Seletiva Petrobras, em Ubatuba, o surfista de Guarujá levou a melhor. "Ele me deixou livre e virei o resultado. Da outra vez, ele ficou em cima e não consegui", afirmou referindo-se à revanche. No resultado final, Fabinho somou 15,83 pontos, contra 14,74 de Mineirinho. O cearense de Fortaleza, Dunga Neto, terminou em 3º lugar, com 9,63 pontos, seguido do paulista de Praia Grande, Beto Fernandes, com 8,30. "Eu peguei minhas ondas com tranqüilidade. Não queria saber se ele (Mineirinho) estava arrebentando ou não", disse Fabinho, que faturou R$ 10 mil pela vitória, de um total de R$ 40 mil. "Essa vitória me dá motivação para continuar. Esse ano eu tirei para relaxar, mas sem parar de competir. Estava dentro dos meus planos descansar e curtir a família. Ano que vem vou voltar com tudo para o Circuito Mundial e em 2006, se tudo correr bem, estarei de volta ao WCT. Vou fazer tudo por onde. Malhar, escolher as etapas certas", disse o surfista conhecido pelo seu carisma e bom humor. Além de voltar a vencer, Fabinho comemorou o bom momento na carreira, com o lançamento do seu documentário, Fábio Fabuloso, sobre sua vitoriosa e premiada carreira, nos cinemas nacionais. O filme ganhou o prêmio de júri popular no Festival do Rio de Cinema. "Sou ator das ondas. Esse foi um presente muito grande. Sempre sonhei em ter um filme e acho que isso vai ser um divisor de águas no mercado brasileiro", afirmou o vencedor do Rip Curl Guarujá Pro, que não subiu ao lugar mais alto do pódio desde 2002, no WQS de Anglet, na França. Vale lembrar que foi na mesma Guarujá, mas na praia de Pitangueiras, que Fabinho se tornou o primeiro brasileiro a vencer uma etapa do Circuito Mundial, em 1990. "Estou muito feliz, porque mostro que estou muito bem. Estou no Circuito Mundial desde 88 e enfrentando essa molecada em condições de igualdade. Foi uma final muito difícil, mas analisei bem o surf dos meus rivais", afirmou. "No caso do Mineirinho, eu sabia que ele ia tentar dar os aéreos, radicalizar, mas num mar desses, eu fiz base/lip. O Beto tem um surf power e qualquer parede que suba, ele arrebenta. Já o Dunga consegue fazer manobra em qualquer onda e nesse tipo de mar parece um jegue dando coice", analisou. Já Mineirinho, que aparentou estar irritado ao sair do mar, explicou ter ficado frustrado por não vencer em casa, junto à torcida. "Estava com a mão no troféu. Tentei um aéreo, mas não consegui. Saí irritado por não ter vencido aqui, mas logo esfriei a cabeça. Pena não ter ganhado em casa, mas o 2º lugar foi muito bom. Fiquei emocionado de ter sido aplaudido pela torcida, quando peguei uma ótima onda (8,27 pontos)", disse. Ainda na etapa, que teve praia cheia, mesmo depois de um forte vento (obrigando, inclusive, a paralisação por alguns minutos das disputas), Bruno Santos, de Niterói, venceu a Kaiser Summer Draft Expression Session, bateria sem regras, onde valeu a manobra mais radical. Ele faturou R$ 500,00 com um aéreo reverse na junção. O evento também contou com ações de meio ambiente, com o Projeto Ecosurf, distribuindo mudas de árvores e informações sobre ecologia. Agora, a Associação Brasileira de Surf Profissional (Abrasp) aguarda a confirmação da 4ª e última etapa do Brasil Tour, provavelmente em dezembro. Se a disputa não for realizada, Adriano de Souza será declarado campeão. O Rip Curl Guarujá Pro foi apresentado por Kaiser Summer Draft, teve o patrocínio da Rip Curl, o apoio da Prefeitura de Guarujá, através da Secretaria de Educação e Esportes. Colaboração da Revista Fluir, Sportv e Rádio Rock 89 FM, Waves e E-Surf. Supervisão técnica: Associação Brasileira de Surf Profissional (Abrasp), Federação Paulista de Surf e Associação de Surf de Guarujá. Realização: Rip Curl. Todas as baterias estão disponíveis no site www.fpsurf.com.br. Resultados do Rip Curl Guarujá Pro 01 - Fábio Gouveia - Bananeiras/PB (Florianópolis/SC) 02 - Adriano de Souza, o Mineirinho - Guarujá/SP 03 - Dunga Neto - Fortaleza/CE 04 - Beto Fernandes - Praia Grande/SP 05 - Flávio Costa - Ilhéus/BA (Rio de Janeiro/RJ) 05 - Marco Polo - Florianópolis/SC 07 - Fernando Moura - Florianópolis/SC 07 - Christiano Spirro - Salvador/BA 09 - Otávio Lima - João Pessoa/PB 09 - Guga Arruda - Florianópolis/SC 09 - Guilherme Ferreira - Florianópolis/SC (Veranópolis/SC) 09 - Salvador Lamas - Natal/RN (Rio de Janeiro/RJ) 13 - Jefferson Duarte - Florianópolis/SC 13 - Lucinho Lima - Fortaleza/CE (Rio de Janeiro/RJ) 13 - Sávio Carneiro - Recife/PE (São Paulo/SP) 13 - Edgley Santos - Ubatuba/SP Kaiser Summer Draft Expression Session - Bruno Santos - Rio de Janeiro/RJ - com um aéreo reverse na junção Ranking Brasil Tour - após a 3ª etapa 01 - 2.530 - Adriano de Souza, o Mineirinho - Guarujá/SP 02 - 2.220 - Fábio Gouveia - Bananeiras/PB (Florianópolis/SC) 03 - 2.050 - Odirlei Coutinho - Ubatuba/SP 04 - 1.710 - Marco Polo - Florianópolis/SC 05 - 1.600 - Beto Fernandes - Praia Grande/SP 06 - 1.490 - Cristiano Guimarães - São Vicente/SP (Florianópolis/SC) 07 - 1.450 - Dunga Neto - Fortaleza/CE 08 - 1.430 - Daison Pereira - Porto Alegre/RS 09 - 1.370 - Flávio Costa - Ilhéus/BA (Rio de Janeiro/RJ) 10 - 1.325 - Christiano Spirro - Salvador/BA 11 - 1.315 - Tânio Barreto - Maceió/AL (Florianópolis/SC) 12 - 1.310 - Alexandre Almeida - Rio de Janeiro/RJ 12 - 1.310 - Sávio Carneiro - Recife/PE (São Paulo/SP) 14 - 1.278 - Edgley Santos - Ubatuba/SP 15 - 1.260 - Tadeu Pereira - Ubatuba/SP 16 - 1.250 - Claudemir Lima - Fortaleza/CE (Rio de Janeiro/RJ)
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