Há pouco a comemorar no que diz respeito ao emprego de jovens no Brasil. Esta é a avaliação de presidentes de Seccionais da Associação Brasileira de Recursos Humanos (www.abrhnacional.org.br), que enxergam já um desemprego sistêmico dos mais jovens, principalmente em função do fato de que há excesso de mão-de-obra de trabalhadores mais experientes e qualificados, o que reduz as oportunidades para aqueles que deixam a universidade ou ingressam no mercado de trabalho. Segundo Pedro Fagherazzi, Presidente da ABRH-RS, na região sul do País há mais oportunidades de trabalho para profissionais mais maduros, que costumam ter melhor formação e qualificação, uma realidade similar à experimentada pelos jovens que vivem em Brasília: "As faculdades, no Brasil, raramente estimulam o empreendedorismo, formando pessoas para a busca de um emprego. Este quadro se agrava em Brasília, pois existe um forte direcionamento para o emprego público, que demanda concurso público. Muitos jovens que hoje buscam emprego, sem sucesso, precisariam ser preparados para enxergar o mundo como empreendedores", assinala Manoel Oliveira, presidente da ABRH-DF. Baixa qualificação - Para Elaine Saad, presidente da ABRH-SP, a formação educacional do jovem brasileiro ainda é precária, o que agrava o problema: "Normalmente as empresas procuram profissionais com um perfil bastante completo que nossos jovens em geral ainda não têm. Apenas uma minoria consegue se formar em uma instituição sólida, que garante boa formação. Para solucionarmos o desemprego crônico dos jovens, seria importante prepará-los melhor para o mercado de trabalho", adverte Saad. Em Santa Catarina, José Itajara, presidente da ABRH-SC, vê uma evolução dos jovens no mercado de trabalho, ainda que tímida, especialmente em função dos programas de estágio desenvolvidos por universidades e empresas. Lugar de jovem é na escola - Para Sandra Camelo, Vice-Presidente da ABRH-PE, embora exista toda uma pressão social para que os jovens entrem para o mercado de trabalho o mais cedo possível, a verdade é que a conclusão do ensino médio não é mais diferencial: "Uma pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas, com o apoio do Instituto Votorantim, mostra que cada ano de estudo que o brasileiro acumula em seu currículo gera um salto médio em seu salário de 15%, com crescimento das chances de ocupação de 3% por ano de estudo. O prêmio salarial por anos de estudo é sempre crescente e praticamente dobra a cada conclusão de nível educacional, o que demonstra que o lugar do jovem é na escola e o jovem deveria ser apoiado e estimulado a estudar", assinala. Para Carlos Pessoa, vice-presidente de Relações Trabalhistas e Sindicais da ABRH-Nacional, os programas de governo destinados a estimular a empregabilidade dos jovens encontram fortes obstáculos no fato de que é grande o número de profissionais com experiência e alguma qualificação que estão desempregados: "Nesse caso, as empresas vão optar, antes, por empregar quem tem mais experiência, até porque a diferença salarial não será significativa. Essa realidade reduz as chances de empregabilidade para os jovens, o que vai dificultar sua inserção no mercado de trabalho", explica.
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