Ser chefe de si mesmo, planejar seu horário de trabalho e o período de férias, além de trabalhar para construir sua própria riqueza, são fatores que levam algumas pessoas a se tornarem empresários. Para alguns, criar um negócio próprio é a melhor maneira e a mais rápida de crescer na vida. Ao longo dos últimos anos, a mortalidade de novos negócios tem caído consideravelmente no Brasil. Segundo levantamento do Sebrae, 78% das micro e pequenas empresas conseguem sobreviver nos primeiros dois anos de existência. Em 2002, essa taxa não chegava a 50%.

No entanto, para estar dentro desse índice positivo é preciso muito trabalho, para que o sonho não se transforme em pesadelo para os empresários de primeira viagem. Um bom planejamento inicia-se por meio da criação de um plano de negócio. Trata-se de um documento no qual são informadas as principais características do futuro negócio e, com isso, é possível avaliar se ele será lucrativo ou não. É uma importante ferramenta na prevenção de surpresas desagradáveis depois que o negócio já estiver funcionando, como a dificuldade de encontrar fornecedores, investir em novos produtos, ou ainda descobrir que o investimento de capital não foi suficiente.

Uma situação comum no Brasil é a do trabalhador que, ao receber uma indenização ou verba por demissão, aposentadoria ou processo trabalhista, abre um negócio próprio. Geralmente, a preferência é por pequenos comércios, algo no bairro em que vive, como mercearia, bar, loja de roupas e até mesmo franquias ligadas à área de gastronomia. A expectativa é que o negócio dê retorno logo de início, já que, para a maioria das pessoas nessa situação, o pequeno negócio simboliza a única fonte de renda para o sustento próprio e da família. Mas nem sempre o lucro é garantido nos primeiros meses.

É por isso que, antes de se aventurar pelo mundo dos negócios, faça algumas perguntas para si mesmo:

1 - Tenho conhecimento sobre o mercado que desejo atuar? Ter familiaridade com a área de atuação é importante para o êxito do negócio. Geralmente quando se conhece o assunto, fica mais fácil negociar com fornecedores, saber o que diferencia um produto do outro, por exemplo. É preciso saber o terreno onde se pisa.

2 - Existe procura suficiente pelo produto ou serviço que vou oferecer? Saber quem serão seus futuros clientes é extremamente importante. Se você deseja abrir uma mercearia no bairro onde mora, vale fazer uma consulta prévia com alguns moradores para estar seguro de que um comércio desse gênero é bem-vindo na região. Outra dica é procurar ajuda especializada. O programa Negócio Certo, oferecido gratuitamente pelo Sebrae/SC, é um exemplo de programa que pode servir de apoio às pessoas que buscam orientações práticas na abertura de novos negócios e também avaliar as estratégias para melhorar a administração.

3 - Estou disposto a bancar o empreendimento nos primeiros meses sem realizar lucro? Se você não depende inicialmente do lucro gerado pelo negócio em que está investindo, ótimo. É preciso estar ciente de que os ganhos só poderão ser medidos após seis meses, ou mais, a partir da abertura do negócio. Por isso, é fundamental ter capital de giro e, de preferência, também um fundo de reserva para alguma emergência.

4 - Já avaliei os riscos? Todo negócio tem um período de amadurecimento. Ao longo desse tempo, podem ocorrer altos e baixos, que fogem do controle ou planejamento inicial do empresário, como uma crise na economia. Por isso, o empreendedor tem de estar certo de que se perder o dinheiro investido no negócio, não terá sua vida financeira destruída.

5 - Precisarei de mão de obra qualificada? Onde encontrar? Muitos negócios nascem sendo totalmente familiares, ou seja, cada membro da família desempenha uma função. Nesses casos, é necessário verificar se as funções e as competências de cada um são compatíveis; caso não sejam, haverá a necessidades de contratar mão-de-obra qualificada. É importante certificar-se da existência desse profissional no mercado, informar-se de como contratá-lo e se será mais vantajoso terceirizar o serviço, sempre analisando os custos que isto acarretará para a empresa.

6 - Tenho tempo suficiente para me dedicar totalmente ao novo negócio ou precisarei de ajuda? Abrir um negócio, geralmente, exige bastante tempo de dedicação, principalmente nos primeiro anos. Por isso, é importante estar ciente de que, a partir do momento que se decide abrir um negócio, envolver-se oito horas por dia durante cinco dias por semana, certamente, não será o suficiente. Não basta ter boas ideias, boa localização, produtos de qualidade, mão-de-obra qualificada, se não investir na boa administração e administrar bem exige tempo. Portanto, deve-se analisar se o tempo de dedicação será total ou parcial e, se preciso for, transferir essa responsabilidade para uma pessoa capaz e de confiança.

7 - Tenho capital suficiente para investir no meu próprio negócio, ou precisarei fazer empréstimo? É de suma importância avaliar o valor do investimento inicial para abertura de um negócio - o plano de negócio calcula essa informação. O melhor é iniciar sem dívidas, quando isso não é possível, planejar para que o pagamento do empréstimo não ultrapasse os lucros esperados pela empresa.

8 - Este trabalho vai me fazer mais feliz? Gostar da área em que vai atuar é importante para criar um ambiente favorável ao sucesso do negócio. Trabalhar com prazer e dedicação vai tornar o dia-a-dia do empresário mais agradável e, por conseqüência, mais produtivo. Mãos à obra!

Nota do Editor: Luiz Alberto Ferla, administrador e engenheiro pós-graduado em planejamento estratégico, é CEO das empresas Talk Interactive (www.talkinteractive.com.br) - especializada em comunicação digital e Knowtec (www.knowtec.com) - especializada em inteligência competitiva. É co-autor do livro "Viagem ao Mundo do Empreendedorismo".