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COLUNISTA
Nenê Velloso
08/09/2009 - 11h00
Construindo o passado III - 7
 
 
Fato engraçado

Em uma dessas visitas do inspetor à escola, o político capitão Deolindo de Oliveira Santos foi acompanhar o inspetor. (Ele, além muito exibido era de baixa escolaridade.) Chegando lá, após o inspetor fazer a vistoria de praxe na recém-criada escola isolada, o capitão Deolindo pediu a palavra e apontando para o pote que se encontrava sobre a mesa perguntou:

- Crianças, como se chama isso?

- Pote, capitão!

- Muito bem! E como se chama a água do pote?

O silêncio tomou conta da sala, ninguém respondeu.

- Não sabem? O próprio nome está dizendo... a água do pote, do pote, é potável crianças...

Imediatamente perguntou um aluno:

- A água da minha casa, a minha mãe guarda no caldeirão de alumínio, então como se chama?

O capitão se atrapalhou todo, tossiu, e nada respondeu, o inspetor interferiu, dizendo que isso cabia a professora ensinar.

- Vamos embora que já estamos atrasados.

Está foi mais uma atrapalhada do capitão Deolindo. Quem conheceu sabe!

A professora Dionísia ficou lá quase 4 anos e quando foi deposto o presidente Washington Luiz, caiu o decreto, sendo dispensadas as professoras leigas. Como não quiseram voltar como substitutas, foram as professoras normalistas, que lá paravam muito pouco, pois não eram afeitas às dificuldades existentes, especialmente às das viagens por mar. Mas, quando o mar estava muito agitado, não dava saída, tinham que enfrentar andando a pé, 9 léguas ou 54 km até a cidade. A professora Dionísia foi dispensada em novembro, para não ganhar as férias de dezembro de 1930 e, após ter deixado Picinguaba, lecionou mais 4 anos em Ubatumirim, de 1932 a 1936 - como substituta efetivada, o que lhe garantia estabilidade na função. “Aqui nessa beira de praia, entre o mar e o sertão, a professora Dionísia, era mais que uma professora, era uma heroína”, disse o pescador Jonas Marcolino, referindo-se ao seu avô João André, quando se recordava da professora.

Escola do Ubatumirim e casa da professora Dionísia Bueno Velloso. - Imagem: © Arquivo Nenê Velloso

Foto inédita da escola do Ubatumirim e casa da professora. (Tendo em vista que o missionário Johannes Beil chegou a Ubatuba em 30 de junho de 1938, dois anos após a professora Dionísia ter deixado a escola, calcula-se então que esta foto seja de fins de 1938, início de 1939. Vê-se, na frente da escola, o missionário Johannes Beil ou Padre João, como era mais conhecido.)

De Ubatuba até Ubatumirim são 5 léguas a pé, ou 3,5 léguas por mar, de canoa remo, ela as percorria de preferência a cavalo. Quando estava para nascer seu primeiro filho, a quem deu o nome de Josino (Zuzú), a professora Dionísia pediu afastamento e voltou para sua casa na cidade onde nascera, na rua Jordão Homem da Costa, 282, atual 329, onde gerou mais 4 filhos: Deusdith Bueno Velloso, Elisur Bueno Velloso, Naor Bueno Velloso e Francisco Velloso Neto.

Sr. Barroso. - Imagem: © Arquivo Nenê Velloso

Em meados de 1945, o seu marido, Trajano Bueno Velloso, contratou o construtor naval, Sr. Barroso, de família de hábeis canoeiros, estabelecido no canto sul da praia do Itaguá, onde existe até hoje, para fazer o mesmo trajeto que a professora Dionísia fazia. Partindo da Prainha, em uma canoa com 7,0 m de comprimento por 0,95 m de largura, e três remadores. Embarcaram o casal, e seus quatro filhos, sendo o caçula recém-nascido. Isso foi loucura pura. Ficando viúva em 02 de abril de 1954, por morte súbita de seu marido e, em fins desse mesmo ano, voltou a dar aulas particulares, em sua casa.

Trajano Bueno Velloso e Dionísia Bueno Velloso. - Imagem: © Arquivo Nenê Velloso

A professora Dyionisia da Costa Ferreira, nasceu em Ubatuba na rua Jordão Homem da Costa, s/nº Centro (hoje nº 329), em 09 de outubro de 1901, filha de: Francisco Matheus da Costa Ferreira, e Maria Eugenia da Costa Ferreira, sendo avós paternos: capitão Mor. José Egidio da Costa Ferreira e Margarida Freitas de Andrade, e avós maternos: José da Cruz Lustosa e Rita Pereira Nunes Lustoza. Tendo se casado em 27-02-1936, com o Sr. Trajano Bueno Velloso, fiscal sanitário e enfermeiro chefe do Centro de Saúde de Ubatuba, onde foi sempre pessoa benquista e considerada, passando a assinar então Dionísia Bueno Velloso.

A escolinha - Imagem: © Arquivo Nenê Velloso

Em meados de 1957, mudou-se para outra casa de sua propriedade, na rua Dona Maria Alves, 691 (antiga Rua do Comercio) e abriu uma escolinha de alfabetização, a foto mostra as alunas do período da manhã. Entretanto acompanhava alunos no adiantamento escolar e, no período noturno preparava alunos para concursos públicos, admissão ao ginásio, além de orientar professores recém-formados na difícil tarefa de ensinar e, nunca estipulou valor das aulas. Os pais pagavam de acordo com suas condições financeiras e mesmo aqueles que não podiam pagar tinham freqüência garantida, e dizia:

- Deixar um aluno fora da escola por falta de pagamento, é um ato criminoso do professor.

[Clique aqui para acessar a listagem dos textos (já publicados) da série Construindo o passado III.]


Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail para thecaliforniakid61@hotmail.com.
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