Lembro-me ainda hoje da primeira experiência no comércio eletrônico: uma TV 29", paga com cartão de crédito por uma pequena fortuna no ano de 1996. A internet brasileira engatinhava comercialmente, à velocidades de conexão paupérrimas, a oferta de sites nacionais sérios era baixa e os provedores vendiam "internet por hora". Hoje vejo que minha compra foi extremamente arriscada. O site que anunciava a TV era recém-inaugurado, não tinha segurança e nem um e-mail de confirmação de compra me fora enviado. Uma imprudência total. De lá para cá, o cenário mudou assustadoramente. Hoje somos perto de 25 milhões de usuários em todo o Brasil, gastando em 2008 cerca de R$ 9 bilhões e movimentando mais de 32 milhões de contas bancárias via internet banking. Tanto dinheiro circulando acaba inevitavelmente por chamar a atenção de outra fatia de internautas: os criminosos. E há muito tempo o alvo preferido dos bandidos não são os bancos e lojas online, que investem constantemente em proteção. Por falta de familiaridade com o novo canal de relacionamento, ainda são os consumidores os principais alvos dos criminosos da internet. São poucos os que desconfiam de uma oferta imperdível, ou à possibilidade de ver fotos íntimas de alguém desconhecido e que, por descuido, lhe enviou uma mensagem, ou ainda de ser alvo de cobrança indevida e ter o nome sujo nos órgãos de proteção ao crédito. Respondemos a estímulos, e nestes casos, a ganância, curiosidade, simpatia e medo fazem parte de uma combinação perigosa e altamente explorada pela maioria dos golpistas. O fato é que a maioria dos usuários financeiramente ativos da internet nunca foi educada sobre os perigos do chamado "mundo virtual". Os mais velhos se deixam enganar por não conhecerem a tecnologia e os mais jovens são ludibriados justamente pela falta de malícia e excesso de confiança. Segundo dados da FEBRABAN, o número de ataques a bancos pela internet aumentou cerca de 20% nos últimos 12 meses. Um número alarmante. Mas, segundo a mesma pesquisa, apesar do número crescente de ataques, o número de fraudes caiu quase 30% no mesmo período. Dados recentes apontam que 86,45% dos consumidores se mostraram satisfeitos com o resultado de suas transações, o que significa que estamos comprando mais, melhor, com mais atenção e segurança. Enfim, a segurança na internet depende do comportamento neste ambiente eletrônico. Se você tem hábitos eletrônicos arriscados, provavelmente estará mais vulnerável a golpes. Têm dúvidas de como se comportar neste admirável mundo novo? Consulte boas fontes de informação como o Movimento Internet Segura em www.internetsegura.org e torne sua vida mais prática e segura. Nota do Editor: Ricardo Castro é professor da Veris IBTA - faculdade do Grupo Ibmec Educacional - nos cursos de pós-graduação em Gestão de Negócios e Gestão em Tecnologia da Informação, além de coordenador de Auditoria Interna do grupo Hamburg-Süd e Vice-Presidente do Information Systems Audit and Control Association (ISACA).
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