Nilton Santos      Campeão brasileiro Renato Galvão, que avançou para a quarta rodada das triagens do Onbongo Pro Surfing na praia Mole, em Florianópolis (SC).

Depois do vento Sul forte e do frio no primeiro dia, o eclipse lunar mudou completamente o tempo na Ilha de Santa Catarina e a quinta-feira amanheceu com Sol, céu azul e boas ondas de meio a 1 metro de altura completaram um cenário mágico para o segundo dia do Onbongo Pro Surfing na praia Mole, em Florianópolis (SC). Mais 48 competidores estrearam nas baterias da terceira fase e metade da quarta rodada das triagens realizadas no segundo dia de disputas na única etapa do Mundial WQS (World Qualifying Series) com nível máximo 6 estrelas da América do Sul. Porém, ninguém conseguiu superar a nota 9,43 e os 17,80 pontos de 20,00 possíveis registrados pelo catarinense Pedro Norberto. O recordista e o atual campeão brasileiro Renato Galvão avançaram juntos de novo, agora para quarta e penúltima fase das triagens, que já foi iniciada na quinta-feira.

Só que eles não precisaram se esforçar muito dessa vez, pois seus dois adversários acabaram não aparecendo para competir na 14ª bateria, com o português Justin Mujica e o neozelandês Jay Quinn sendo eliminados por w.o. "Agora foi tranqüilo, um freesurf com o Pedrinho só para decidir quem ficaria em primeiro lugar na bateria e desta vez eu venci", brincou Renato Galvão, que agora vai enfrentar o australiano Dayyan Neve e o gaúcho Daison Pereira, além de novamente Pedro Norberto.

DOBRADINHA CATARINENSE - Apesar de ainda tímida, os surfistas estrangeiros esboçaram uma reação na quinta-feira, com doze se classificando para a quarta rodada do Onbongo Pro Surfing, porém mais quatorze se despediram da disputa pelos 125.000 dólares que serão distribuídos a partir da fase que estréiam os cabeças-de-chave no Evento Principal. Os brasileiros novamente dominaram as triagens e um dos destaques do dia foi a dobradinha catarinense dos jovens William Cardoso e Davi de Jesus sobre o sul-africano Daniel Redman e o espanhol Aritz Aranburu na décima bateria da terceira fase.

"Eu até agradeço a ajuda do William, porque eu precisava trocar uma nota baixa de 2 e pouco. Ele não deixou passar uma onda para mim, aí eu falei à ele que a casa caiu. Daí ele parou de manobrar e foi lá para marcar os gringos, eu fui atrás também, marcamos juntos e deu Santa Catarina na cabeça", contou Davi de Jesus, 23 anos, que garantiu a segunda vaga na bateria.

Já o vencedor tem apenas 18 anos e com a eliminação do pernambucano Bruno Rodrigues, 16, atleta da Equipe Onbongo que foi o grande destaque do primeiro dia, William Cardoso agora é um dos mais jovens que continuam na competição. "A bateria foi muito boa. O Davi começou bem com uma nota 8, depois consegui achar duas boas ondas e foi muito legal dois catarinenses passarem juntos para a próxima fase, estou bem feliz", falou William. "Para mim é muito importante estar aqui neste evento mostrando o meu surfe para todo o Brasil e quero ver se consigo um bom resultado aqui", disse o surfista que está estreando como surfista profissional, depois de conquistar os títulos brasileiros amadores deste ano nas categorias Junior e Open.

E a nova geração mostrou sua força mais uma vez nas triagens do Onbongo Pro Surfing. O carioca Simão Romão venceu sua bateria e o melhor do dia foi o paulista Hizunomê Bettero, que tirou uma nota 9,17 e somou 17,00 pontos em sua primeira apresentação na quinta-feira, mas na quarta fase acabou eliminado pelo sul-africano Royden Bryson e pelo paulista Beto Fernandes. Já entre os estrangeiros, o melhor até agora é o espanhol Kepa Acero, que derrotou o australiano Bede Durbidge, com os dois despachando os cariocas Daniel Hardman e Anselmo Correia. Acero recebeu nota 8,80 em sua melhor onda e totalizou 14,90 pontos, a quinta maior soma dos dois primeiros dias de disputas na praia Mole.

O DEFENSOR DO TÍTULO - Mas, só a partir de agora é que a competição começa a esquentar de vez. Nesta sexta-feira serão realizadas as oito baterias restantes da quarta fase e as dezesseis da quinta e última fase das triagens, quando serão definidos os primeiros adversários dos cabeças-de-chave. Quem vai entrar nesta batalha final pelas 32 vagas para o Evento Principal é o defensor do título do Onbongo Pro Surfing, Patrick Beven, surfista nascido no Rio de Janeiro que há muitos anos mora na França, país que representa no Circuito Mundial de Surfe Profissional.

"Só cheguei ontem (quarta-feira) à tarde aqui no Brasil e ainda nem cai na água. Tive uma contusão no joelho neste ano lá na África do Sul, mas já estou recuperado e espero conquistar outro bom resultado aqui na praia Mole", falou Patrick Beven, que no ano passado derrotou três tops do WCT na grande final: o havaiano Bruce Irons e os australianos Lee Winkler e Tom Whitaker. "Essa vitória foi emocionante e muito importante para mim. Estou com boas pranchas, já conheço essas ondas e estou vindo das Ilhas Canárias, onde fui até as quartas-de-final. Vou dar uma treinada agora à tarde para pegar o rip para amanhã".

Com apresentação da Nova Schin, o Onbongo Pro Surfing 2004 tem como principal patrocinador a marca Onbongo, apoio da Prefeitura Municipal de Florianópolis e Fundação Municipal de Esportes, divulgação oficial pela Revista Fluir e Rede Atlântida FM, numa realização conjunta entre a Federação Catarinense de Surf (FECASURF) e a ASP South America.