As empresas que possuem políticas consistentes de obtenção e retenção de recursos humanos, diante de uma crise econômica, não fazem corte de pessoal. Ao contrário, caçam talentos. Elas sabem que são as pessoas que vão gerar as idéias e realizar as ações inovadoras que driblarão a crise ou a transformarão em oportunidade. Nessas empresas, os programas de estágios podem ser a principal ferramenta para obter os novos talentos que garantirão a continuidade do negócio. Buscar nas melhores instituições de ensino os melhores alunos e testá-los no ambiente de negócios é o que fazem essas empresas, oferecendo ao estagiário mais do que a lei faculta. Elas sabem como beneficiar-se dos conhecimentos e habilidades dele e sabem como fazê-lo beneficiar-se da aprendizagem e das oportunidades que oferecem. Para o estagiário, conseguir uma vaga em empresas que valorizam o talento é como ser aprovado no vestibular pela segunda vez. É o primeiro passo na construção da carreira, da reputação no mercado de trabalho. É a oportunidade de testar-se num ambiente real de trabalho, de colocar a teoria na prática, ganhar visibilidade, atrair caçadores de talento e escolher o melhor lugar para trabalhar. As melhores empresas estão com as portas abertas para o estudante candidato a estagiário que domina as disciplinas acadêmicas e as habilidades comportamentais necessárias a um desempenho acima da média. Aquele que demonstra potencial para aprender e desenvolver-se, que fala um segundo idioma e se expressa muito bem em português, que sabe comunicar-se, é desenvolto nas redes sociais e conhece tecnologias da informação, que demonstra habilidades sociais e técnicas, autonomia pessoal, curiosidade, criatividade, espírito empreendedor e, acima de tudo, é ético. Além disso, precisa o jovem compreender a cultura da empresa e assimilar os aspectos positivos e ajudar a mudar os aspectos negativos. Espera-se que seja capaz de sugerir mudanças no trabalho. Não se espera que o jovem simplesmente se ajuste e se conforme com o status quo. As melhores empresas para trabalhar querem ser desafiadas, anseiam pelo frescor das idéias e o vigor das ações dos jovens talentos. Mas há escassez deles no mercado! E a razão disso é que, de uma maneira geral, as instituições de ensino e as empresas não falam a mesma língua. As instituições de ensino demoram a enxergar as mudanças no mercado de trabalho e mais ainda para dar respostas, na forma de programas, de conteúdos que atendam às necessidades desse mercado. Instituições de ensino e empresas poderiam beneficiar-se enormemente, se dialogassem mais. As instituições de ensino ampliariam a capacidade de responder às necessidades do mercado e aumentar as chances de boas oportunidades de emprego de seus alunos; as empresas inovariam a partir do conhecimento que os estudantes introduzem no trabalho; os alunos testariam na prática a teoria acadêmica; e a sociedade aumentaria sua capacidade de gerar e disseminar informação, conhecimento, emprego e renda e, quem sabe, aumentar, mais que PIB ( Produto Interno Bruto), o FIB (Felicidade Interna Bruta). Nota do Editor: Angela Souza é Diretora de Desenvolvimento Humano e Organizacional das empresas Knowtec, Talk Interactive e IEA (Instituto de Estudos Avançados). É bacharel em Filosofia pela UFSC. Especialista em Filosofia Política (UFSC) e em Gestão Estratégica de Negócios (FGV/RJ). É também mestre em Gestão Estratégica (UDESC/ESA).
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