O ano começou com muitas incertezas geradas pela crise mundial. Ninguém sabia exatamente o que iria acontecer e, como em toda situação de dúvidas, muitas empresas reduziram custos, priorizaram e restringiram muitos dos investimentos previstos. Em um artigo que publiquei em fevereiro de 2009, destaquei que este seria um ano de oportunidades. A crise abriria muitas janelas para bons negócios. Não me referia apenas às fusões e aquisições, mas também às oportunidades para empresas investirem com o objetivo de reduzir custos por meio de automação de processos, terceirização e também aplicação do talento de suas equipes para incrementarem a divulgação de seus produtos e aumentarem suas vendas. Repassando o que aconteceu no primeiro semestre, podemos destacar a fusão da Duratex com a Sapitel, que formou a maior empresa de painéis do hemisfério sul. Segundo administradores das duas empresas, a união trará complementaridade em termos geográficos e de produtos e competitividade para atender o mercado imobiliário. Outra transação que merece destaque é a criação da Brasil Foods, com Perdigão e Sadia trabalhando juntas e respondendo por 25% do mercado exportador global de aves. Provavelmente, outros investimentos serão feitos por estas companhias. Sem dúvidas, consultorias serão contratadas para reorganizar as empresas, montar novas estruturas organizacionais e dimensionar o tamanho exato de todas áreas de suporte. Estes novos investimentos movimentam o segmento de serviços e geram resultados por meio da redução e diluição de custos. No mercado de capitais, merece destaque também a operação da Natura. Ela abriu capital em maio de 2004 e neste ano fez uma nova oferta pública. Segundo o prospecto de aumento de capital divulgado pela empresa, estes recursos serão aplicados principalmente na ampliação da liderança do mercado brasileiro, com foco na inovação de produtos, investimento na eficiência operacional e ampliação dos negócios na América Latina. Ainda falando no mercado de beleza e higiene pessoal, a Unilever divulgou recentemente o resultado do primeiro semestre de 2009. Comparativamente ao mesmo período de 2008, as vendas brutas cresceram 4% e, segundo relatório divulgado no site, a empresa está encorajando a continuidade do crescimento por meio de maior participação de mercado, usando a força das marcas, a inovação e a forte presença no ponto de venda. Outra empresa do segmento que divulgou os resultados foi a L’Oréal. As vendas do semestre aumentaram em relação ao primeiro semestre de 2008. No relatório, a empresa destaca marcas, inovação e presença no ponto de venda como os principais motivos para o aumento registrado. Enfatizei este segmento e a estas três grandes companhias para demonstrar como a crise também abre oportunidades. As empresas citadas sabiam que o consumo de produtos de higiene pessoal tende a aumentar com a queda das vendas de produtos duráveis e semiduráveis. Ou seja, priorizaram os investimentos e sabiam exatamente onde investir para aproveitar uma das janelas abertas pela crise. A mensagem que fica é que, mesmo em momentos difíceis, é preciso buscar e criar oportunidades. Resultados podem ser atingidos e até mesmo superados. É necessário focar e priorizar os investimentos e executar aqueles com retorno rápido, com redução de custos e baixo nível de incertezas. Nota do Editor: Nelson Martinez é diretor de administração e finanças da AZ4 Group e professor do MBA da FIA-USP.
|