Jade Dechiara      Estrutura principal do Nova Schin Festival WCT Brasil 2004 instalada na praia da Joaquina, em Florianópolis (SC).

A segunda edição do Nova Schin Festival WCT Brasil ganhou ainda mais importância neste ano, porque pode decidir o título mundial da temporada nas ondas de Santa Catarina. O prazo da décima e penúltima etapa do ASP Foster’s World Championship Tour 2004 começou nesta segunda-feira e vai até a quarta-feira da próxima semana, mas só são necessários quatro dias para ser realizado. Devido às condições do mar não estarem favoráveis, o início da competição foi adiado na segunda-feira e uma nova chamada está marcada para às 8 horas desta terça-feira na praia da Joaquina, em Florianópolis (SC), onde fica instalada a sede principal do maior campeonato de surfe da América do Sul. Mas, o evento continua móvel e será disputado onde estiverem rolando as melhores ondas no litoral catarinense.

O havaiano Andy Irons pode ser consagrado tricampeão mundial no Brasil se chegar nas semifinais ou se o seu único adversário, o australiano Joel Parkinson, não vencer o Nova Schin Festival WCT Brasil. O hexacampeão Kelly Slater perdeu a chance de brigar pelo primeiro lugar no ranking mundial durante a "perna européia", mas veio defender o título em Santa Catarina. Ele, Irons, o australiano Luke Egan, que venceu a etapa passada na Espanha, e o paranaense Peterson Rosa, brasileiro mais bem colocado no ranking (13º lugar), participaram da primeira coletiva de imprensa realizada na manhã da segunda-feira.

O idealizador do Nova Schin Festival WCT Brasil, Teco Padaratz, comandou a mesa, que foi completada pelo diretor de prova Xandi Fontes, presidente da Federação Catarinense de Surf (FECASURF), e por Carlos Perrone, representando a Nova Schin, patrocinadora principal da única etapa sul-americana da divisão principal do Circuito Mundial. Depois da apresentação das atrações internacionais, Peterson Rosa centralizou as atenções pedindo mais apoio aos surfistas brasileiros.

"Os empresários precisam acordar e investir melhor na nova geração, porque corremos o risco de ter um número cada vez menor de brasileiros na elite do WCT ou um campeão mundial", alertou o brasileiro mais antigo na elite mundial, grupo que integra desde 1993. "Eu vejo nossos jovens surfistas viajando na maior roubada, dormindo mal, sem a mínima condição de se concentrar para ter um bom desempenho na competição. Enquanto isso, os gringos viajam no máximo em duas pessoas, com tudo já preparado para ele só chegar no hotel, colocar suas coisas e ir treinar", contou Peterson, que chegou nas quartas-de-final nas duas provas da "perna européia" e quer terminar entre os top-5 da temporada para brigar pelo título mundial no ano que vem.

Para isso, precisa de mais um bom resultado no Nova Schin Festival WCT Brasil 2004. "Estou treinando direto desde que cheguei no Brasil, só me preparando para este campeonato. Espero que não só eu, mas o Paulo Moura, o Neco Padaratz, o Victor Ribas ou um de nós brasileiros vença o campeonato para mostrar para o mundo inteiro que também temos condições para isso. A gente vem sofrendo muito, perdendo baterias nos últimos segundos e está na hora de mudar isso", falou Peterson.

Já o havaiano Andy Irons mostrou estar ansioso com a possibilidade de conquistar o título mundial no Brasil. "Aqui é um campo neutro para mim e para o Parko (Joel Parkinson) e quero decidir o título aqui para não chegar no Havaí na pressão de novo. Eu penso nisso todo dia quando acordo e vou dormir pensando nisso. Estou com boas pranchas para surfar aqui no Brasil e é só esperar o início da competição"¸ falou Irons, que elogiou a etapa brasileira. "Aqui é um lugar muito bonito, tem várias praias com boas ondas e por ser móvel temos grandes chances de competir no melhor lugar, o que é ideal para nós", disse Andy, que em sua estréia vai enfrentar o campeão catarinense Raphael Becker e o australiano Richard Lovett, que no domingo venceu o Onbongo Pro Surfing na praia Mole. "Eu já perdi para o Lovett lá em Trestles neste ano e vou ter que redobrar a concentração".

O hexacampeão mundial Kelly Slater chegou um pouco atrasado na coletiva, quebrando toda a expectativa da imprensa e do público que ainda não acreditava na sua vinda para o Brasil, depois dele ter perdido a chance de brigar pelo título do WCT 2004. "Estou aqui!", resumiu ao ser questionado por um repórter. "Estou feliz por voltar ao Brasil, que é um lugar com uma torcida fantástica, com um interesse da mídia impressionante e como eu não posso mais vencer o título mundial, vou poder aproveitar melhor a cidade e competir mais relaxado do que no ano passado". Slater terá dois brasileiros como primeiros adversários no Nova Schin Festival WCT Brasil 2004, o pernambucano Paulo Moura e o vice-campeão catarinense Ricardo Ortiz.

Curiosamente, o primeiro título mundial de Kelly Slater, em 1992, foi conquistado por antecipação no Brasil. Além dele, este feito só se repetiu duas vezes, com o australiano Mark Occhilupo em 1999 e o havaiano Sunny Garcia (HAV) em 2000, quando a etapa brasileira do ASP World Championship Tour (WCT) era sediada no Rio de Janeiro (RJ). Andy Irons agora tem a chance de confirmar o tricampeonato consecutivo em Santa Catarina se chegar nas semifinais do Nova Schin Festival WCT Brasil 2004 ou se Joel Parkinson não for o campeão da etapa brasileira. O australiano tem obrigatoriamente que vencer as duas últimas etapas da temporada e Irons não ficar entre os três primeiros colocados nem no Brasil e nem no Havaí.

O Nova Schin Festival WCT Brasil 2004 tem como principal patrocinador a Nova Schin, co-patrocínio do Governo do Estado de Santa Catarina e da Tropical Brasil, única marca de surfwear presente no evento, além do apoio do Portal Terra e da Revista Fluir.