Que noturníssimo acorde cantas de improviso? És inútil em teu cântico, terno amado, pois onde tocarias ao final o destino extraviado? Se no sobrecéu as vigílias se declinam, encerradas, que pode haver de esperança ou lírio? Não há mais tempo, terno amado. O interlúdio predomina, fartamente, que o silêncio me confina, delicado. Eis-me aqui, atenta. Deixa-me estar. É preciso saber se o que existe por detrás dos cortinados, da sua frágil forma, foi esvaído ou anunciado. Pássaro constante... A solidão me chamará de súbito em sua ronda. Em qual noite te perderei dos meus domínios? Por qual motivo? Em que palácios? Esse amor sucessivo... (Nem é preciso falar-te, terno amado: estou adernando...) Serei sempre talismã. Por testamento, dócil guardiã. E te anunciarei: pássaro em vôo nítido quando adentrares na póstuma dimensão, trazendo o desejo alado em chamas e tuas cinzas calcinadas de paixão. Nota do Editor: Solange Sólon Borges é jornalista, dedica-se a diversos gêneros literários. Entre outras atividades, atua em alguns programas “O prefácio”, sobre livros e literatura. Um deles é o programa Comunique-se, levado ao ar pela TV interativa ALL TV (2003/2004). Apresentou, também, “Paisagem Feminina”, pela Rádio Gazeta AM (1999), além de crônicas diárias na Rádio Bandeirantes e na Rádio Gazeta - emissoras das quais foi redatora, repórter, locutora e editora.
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