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SEÇÃO
Economia e Negócios
18/03/2010 - 11h03
Frangolino sacrificado
Sebastião de Almeida Júnior
 

Há personagens que parecem ganhar vida como “Pinocchio” criado por Carlo Collodi. Isto em função do carinho e atenção dedicados a estes, por anos a fio.

Tive a oportunidade de participar de uma experiência deste gênero, ao atuar durante o período de 1989 a 2008, na rede de restaurantes e lanchonetes localizada ao longo das principais rodovias do estado de São Paulo, denominada Frango Assado.

Em função da necessidade de transmitir de forma simples e atrativa os conceitos básicos referentes ao Padrão de Atendimento Frango Assado, elaborei um manual de treinamento destinado aos recém-contratados, na forma de “gibi”, cujo personagem principal era o Frangolino. Apresentei-o a todos os gerentes, supervisores, encarregados e profissionais que trabalhavam nesta empresa, em 1991. Depois preparei os multiplicadores que se responsabilizaram pelo treinamento de todos os que passavam a fazer parte de seu quadro de colaboradores, que chegaram a atender cerca de cinquenta milhões de clientes por ano.

Assim se constituía o meu “best-seller”, ou melhor, o manual de minha autoria que teve o maior volume de leitores. O ilustrador (Alex Takahassi) caprichou nos traços deste personagem que, sempre sorridente, atencioso e organizado, recepcionava a todos os recém-chegados da mesma forma como estes eram orientados a recepcionar os seus clientes.

E deu certo!

Das quatro casas existentes na Anhanguera, Dutra e Imigrantes, a Rede se estendeu até a Bandeirantes, Castelo Branco, Carvalho Pinto e Fernão Dias, chegando a doze unidades, sem se endividar prejudicialmente nem comprometer seu padrão. E principalmente tendo ganhos de produtividade e lucratividade significativos.

Isto chamou a atenção de muitos, alterou o padrão de construção dos restaurantes e lanchonetes de estrada (principalmente no quesito “sanitários”), padrão de apresentação, limpeza e atendimento, além de tornar famoso principalmente o seu “pão de semolina”. Ao ponto desta se tornar a primeira rede de alimentação de estrada de rodagem a chamar a atenção de grupos internacionais interessados em investir no Brasil. Consequentemente, em setembro de 2008, a empresa IMC (International Meal Company) adquiriu sua marca e operação.

E, com a marca Frango Assado, lá se foi o Frangolino.

Há poucos dias, fui surpreendido com uma nova imagem ilustrando a fachada de um dos restaurantes Frango Assado. O simpático, esbelto e elegante Frangolino foi substituído por um frango fofo e colorido. Sua gravata borboleta foi substituída por barbelas coradas. Sua imagem de lépido cedeu lugar a um bonachão. (Ou seria “bonachona galinha”?)

É possível que os responsáveis por estas transformações tenham lá suas justificativas e até acreditem que estas minhas observações são simples sintomas de nostalgia. (Se é que não vão usar expressões menos sutis como “apego ao passado”.)

Uma vez que não colaborei de maneira alguma para a formatação da imagem original, nem tenho procuração dos seus idealizadores, somente me coloco na posição de analista que questiona: “O que teria levado os gestores da IMC a investir nesta mudança?”

A resposta mais óbvia seria: “A crença de que esta nova imagem colabora para um novo incremento em termos de atratividade para a Rede Frango Assado.”

Isto é possível. Mas não seria melhor ser mais cauteloso ao lidar com símbolos como este? Afinal construir uma imagem de confiança, formar opinião favorável junto a tantos não é tarefa fácil! Principalmente quando a empresa tem interesse em ter suas ações negociadas na Bolsa de Valores, ou seja, precisa não só atrair clientes como também investidores.

De qualquer forma, a torcida é para que a Rede Frango Assado continue progredindo sempre, uma vez que mais de mil colaboradores dependem desta para conquistar seu sustento todo mês. Se para isto, o sacrifício de Frangolino era o meio mais adequado, somente o futuro poderá dizer.


Nota do Editor: Sebastião de Almeida Júnior, consultor na área de Desenvolvimento Gerencial & Organizacional desde 1987 e Professor convidado do Instituto de Economia da UNICAMP, autor de seis livros sobre temas empresariais. E-mail: seba@almeidaecappeloza.com.br.

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