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É gritante a polêmica criada em torno do projeto de lei do vereador João Maziero no qual autoriza o Poder Executivo a conceder 30 licenças para a venda de artesanato na praça Alberto Santos, no bairro do Itaguá, em Ubatuba.
Segundo o projeto original, as licenças seriam concedidas para artesãos residentes nos bairros do Itaguá, Estufa I e II, Sesmaria, há mais de 2 anos, devidamente habilitados e cadastrados em associações próprias. A comercialização seria feita em barracas padronizadas, montadas e removidas diariamente, e ficaria proibida a venda de produtos industrializados, como os já comercializados na atual "feira hippie", no início da avenida Iperoig. Artesãos - A justificativa do projeto visa à venda, exposição e geração de renda para estes artesãos, criando mais uma atração turística para a cidade. Ubatuba possui pessoas talentosas, com habilidade, que produzem peças lindíssimas e de valor histórico e cultural. A comercialização de seus produtos muitas vezes ocorre através de atravessadores, que pagam um preço irrisório destas peças revendendo-as com uma enorme margem de lucro. Esta diferença poderia melhorar a condição destes artesãos, se vendessem diretamente ao público consumidor, talvez por um preço intermediário entre o que recebem do atravessador, e o que este revende ao público consumidor. Lei de mercado. Representantes do Itaguá - Por outro lado, associações e representantes do bairro do Itaguá são radicalmente contra a implantação desta feira de artesanato como proposta no projeto de lei inicial. Eles alegam que tal procedimento não traria um turismo de qualidade, causando uma má impressão visual para a praça, se comparados à "feira hippie" da avenida Iperoig, com aquela cobertura de plástico azul. Vários outros argumentos, todos válidos, apontam uma série de problemas que este projeto traria para o bairro. Congestionamento, limpeza, drenagem e iluminação. Soma-se a isto o fato de que a vinda dos artesãos para o bairro abrirá precedente para outros setores da sociedade reivindicar licenças, o que fere os interesses da sociedade ali já estabelecida. Movimento Ubatuba Viva - Em reunião na última quarta-feira, o Movimento Ubatuba Viva convidou o vereador João Maziero para que explicasse o projeto. Compareceram também representantes do bairro do Itaguá, entre eles Hugo Gallo, Wagner Aparecido Nogueira, Marcio M. Worth, Guilherme F. de Assis, e outros moradores e pessoas interessadas no bem da cidade. Esteve presente também o arquiteto Sidney Giraud, que apresentou um projeto de urbanização da praça, que mereceria ser discutido. Temos conhecimento que outros arquitetos possuem projetos interessantíssimos para esta praça, entre eles Renato Nunes e Gilmar Rocha. Não seria viável uma discussão entre os interessados no bem da praça (moradores e comerciantes), os interessados em obter renda na praça (artesãos) e os interessados em resolver este impasse de uma maneira que atendam aos interesses de todos? Arquitetos se oferecem para ajudar; o Movimento Ubatuba Viva também almeja que uma solução que vise o melhor para a cidade seja encontrada. O vereador João Maziero abriu espaço para discussão e busca de uma solução para o impasse. Inclusive colocando um substitutivo com algumas alterações no projeto de lei. O que se nota é certa intransigência por parte de algumas pessoas que não querem ceder em suas posições. Se não houver um pouco de tato, humildade, consideração, bom senso e, principalmente, a prioridade para que a melhor solução seja para a coletividade (empresários, comerciantes, moradores, artesãos, turistas e comunidade em geral), e não para este ou aquele segmento da sociedade. Casa do Artesão de Ubatuba - Entre muitas sugestões possíveis para este problema, sugerimos a criação da Casa do Artesão de Ubatuba. Para exemplificar, tomemos como base a Casa do Artesão em Cunha, SP. Quem ainda não visitou deveria conhecer. É um casarão amplo, como uma grande loja de artesanato, que expõe todos os tipos e peças da arte local: pintura, escultura, cestaria, bonecas, enfeites, milhares de produtos da maior variedade. Todas as peças são etiquetadas com o preço, e o nome do artesão autor. O visitante escolhe seus produtos, e ao passar no caixa, é registrado num livro todas as peças vendidas, creditando o valor de cada venda para o autor da peça. Todos os dias o artesão pode passar na Casa do Artesão e verificar se tem algum crédito a receber. Tudo isso administrado pelos próprios artesãos. Aproveitando a idéia e se a adaptarmos para nossa Ubatuba, poderíamos incluir nesta suposta Casa do Artesão de Ubatuba, um espaço para oficina de produção. A cada dia um artesão faria um plantão no local produzindo peças dentro de sua especialidade. No dia seguinte, outro artesão estaria produzindo outras peças. Isso se tornaria uma atração turística, e melhor... Faça sol ou faça chuva. Um espaço coberto, bem planejado, integrado a praça Alberto Santos, ou avenida Iperoig, ou em qualquer outro local, seria mais uma opção para os turistas em dia de chuva. Se fossem montadas barracas padronizadas montadas e desmontadas diariamente, quantos artesãos iriam trabalhar com chuva? Não estamos falando de uma super construção em concreto armado, aço escovado, vidros e fibra de carbono. Quanto mais rústico, melhor. O ideal seria alguma coisa em estilo pau-a-pique com chão de terra batida e cobertura de sapé, mas o vandalismo inviabilizaria o projeto. Creio que nossos arquitetos encontrariam sugestões magníficas para esta idéia. É isso que precisamos. Idéias viáveis, pessoas dispostas a se dedicar aos projetos, união, bom senso e deixar que a os egos venham impedir que as coisas dêem certo em Ubatuba. Vantagens da Criação da Casa do Artesão de Ubatuba - Criação de várias associações de artesãos nos diversos bairros e núcleos municipais - Exposição permanente do artesanato local - Atração em período de chuva (in door) - Não haveria necessidade de todos os artesãos presentes para venda de suas peças - A oficina de produção in loco se tornaria um atrativo a parte, mostrando como a peça é feita, fazendo que o turista voltasse várias vezes para conhecer técnicas diferentes. - A construção do espaço coberto se integraria aos demais itens do projeto da praça, criando um cenário harmonioso. Uma cidade para ser considerada um destino turístico precisa primeiro oferecer qualidade de vida para seus moradores. Pense na coletividade, no turismo, na geração de renda. Estas são apenas algumas considerações que poderiam ser alteradas, acrescentadas, suprimidas ou adaptadas para o bem comum. Se você pode colaborar com idéias e sugestões, estimule o debate. Ubatuba só tem a ganhar com isso. Nota do Editor: Emilio Campi é editor do Litoral Virtual.
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