Na Colonização vieram os primeiros negros escravos que ajudavam nas tarefas e nas plantações. Com a construção dos engenhos de canas-de-açúcar, o número de negros começou a representar a maior parte da população, no ciclo do café a mão-de-obra escrava tornava-se indispensável, em 1798 eram 3.481 habitantes e 2.370 eram escravos (São Sebastião e Ilhabela). Com a proibição do mercado de escravos, Ilhabela passou a ser rota de contrabando, os navios descarregavam os negros com as mãos amarrados próximos às ilhas e os caiçaras recolhiam com suas canoas. Traziam para um período de engorda onde eram bem nutridos e depois seguiam a pé, por trilhas pela Serra do Mar, para serem vendidos aos fazendeiros do Vale do Paraíba. Muitos escravos fugiam ou eram abandonados por estarem doentes, e passavam a morar nas matas, sobrevivendo das raízes, plantas e caças, entre 1940 e 1960, ainda eram encontrados ossos dos escravos escondidos em grutas nas matas de Ilhabela. Alguns morreram sem alcançar a Abolição em 1888, mas a maior parte deles desceram das matas, saíram das senzalas, e partiram a procura dos Quilombos, outros ficaram e conviveram livremente com os caiçaras. Depois de enriquecerem os fazendeiros, trouxeram seus cantos, suas danças e lendas e enriqueceram também o folclore das nossas cidades. Pesquisa RESSURREIÇÃO, Rosangela Dias da. São Sebastião: Transformações de um Povo Caiçara – São Paulo: Humanitas, 2002 MERLO, Márcia. Memória de Ilhabela – Faces ocultas, vozes no ar. São Paulo: EDUC: FAPESP – Editora da PUC-SP, 2000
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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