Os caiçaras são descendentes dos colonizadores, que casados com os índios e os negros, se fixaram na terra e ainda hoje são proprietários de áreas que foram doadas como sesmarias. Os homens possuem redes, canoas e ainda praticam a pesca mesmo que seja nas horas vagas, as mulheres cultivam roças e possuem criações, tendo ovos e carne durante o ano todo. A plantação de mandioca é o hábito mais antigo, já era cultivada pelos índios na chegada dos colonizadores, a farinha de mandioca continua sendo obrigatória na culinária caiçara. Os índios os ensinaram a produzir as farinhas, pescavam muitos peixes e desidratavam no fogo, moíam nos pilões e guardavam para serem comidos mais tarde, quando então cozinhavam e transformavam em mingau ou pirão. A banana trazida pelos colonizadores enriquece a alimentação dos caiçaras, e as bananeiras são fontes de trabalho e renda. As últimas gerações de caiçaras do Litoral Norte são pais dedicados que se esforçam para os filhos seguirem seus estudos, mesmo tendo que viajar diariamente. Os caiçaras são ligados a festas e tradições, a comemoração dos padroeiros, as congadas, as festas juninas etc. O traço mais forte da cultura caiçara é o desprendimento, o apreço a família e a contemplação da natureza, foram os primeiros ambientalistas, e tratam o meio ambiente com responsabilidade e conscientização. Pesquisa Alguns aspectos da pesca no Litoral Paulista / Carlos Borges Schmidt, São Paulo, 1948. Caiçara Terra e População / Maria Luiza Marcílio, São Paulo, 2006
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
|