No próximo mês, a campanha das eleições 2010 começa para valer. Independente do candidato que assumirá o comando do Palácio do Planalto e dos congressistas e governadores eleitos, certamente haverá mudanças. Em paralelo a esse novo cenário, as circunstâncias econômicas internacionais, devido à crise financeira da zona do Euro, tendem a chegar em 2011 ainda sobre o fio da navalha, apesar dos esforços de estabilização das grandes potências, o que, sem sombra de dúvida, com menor ou maior intensidade, respingará no mercado brasileiro.

Portanto, hoje, apesar de “surfarmos” sobre as ondas do desenvolvimento econômico nacional, precisamos sistematicamente nos preparar para as novas ondas que vêm por aí. Depois de décadas de maremotos, passamos a ter direito ao otimismo, mas não podemos nos deixar afundar pela embriaguez da euforia.

Agora temos a oportunidade única de aplicar o que ensinava John Kennedy, para quem “a melhor hora para se consertar o telhado é quando o tempo está bom”. E também podemos inverter o conceito de Montesquieu, transformando a oportunidade em nossa mãe, no lugar de deixá-la renegada ao papel de madrasta.

É certo que não temos como conhecer o futuro, mas há “uma coisa certa a respeito dele: será diferente de hoje, em vez de uma continuação, e pode ser moldado por ações intencionais”, segundo defendia Drucker. E o que pode impulsionar essas ações? Ainda de acordo com Drucker, é “a ideia de uma economia diferente, uma tecnologia diferente, um mercado diferente, explorado por uma empresa diferente”.

Entretanto, para alcançarmos essas “ideias diferentes”, precisamos de ousadia visionária, da prática da leitura de cenários. O simples ato de boiarmos no mar da prosperidade não nos levará ao planejamento estratégico, uma corrente contínua e sistemática que, com base no maior conhecimento possível do futuro, é a ferramenta ideal de sustentação das decisões de médio e longo prazos.

Para construir o futuro, em vez de “irmos com a onda”, precisamos “furá-la”. E isto apenas é possível se nos anteciparmos às mudanças, praticando o exercício da leitura de sinais que, aos poucos, forjam novos cenários.

Portanto, aproveitemos sim a onda de otimismo, mas para irmos contra a corrente da euforia e chegarmos à fonte da construção do futuro, o que requer trabalho, serenidade e compromisso com a perpetuidade organizacional.

Nota do Editor: Denis Mello, diretor-presidente do FBDE | NEXION Consulting (www.fbde.com.br) Consultores e Auditores em Marketing, Vendas e Gestão Empresarial.