A Lei nº 12.112/09 está completando seis meses de vigência. Ao aperfeiçoar a legislação das locações, o legislador teve o inegável mérito de aproveitar tudo quanto foi fartamente debatido pela sociedade e desenvolvido pelos tribunais. “Calcanhar de Aquiles” das locações, os processos judiciais passaram a ser mais rápidos, porque foram suprimidos movimentos burocrático-forenses e foi viabilizada a citação do fiador, já ao se propor a ação de despejo por falta de pagamento cumulada com o pleito de cobrança. Foram eliminados, na cobrança do débito, anos de trâmites judiciais. No que diz respeito ao despejo por falta de pagamento, estima-se que as ações judiciais, que tradicionalmente se arrastavam por pelo menos 14 meses, possam agora ser concluídas em até 7 meses. Merece aplauso uma medida inovadora, que premia os bons pagadores e está no artigo 59, IX, da lei: será concedida liminar para o despejo quando – e só nessa hipótese – ocorrer a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação no vencimento, estando o contrato desprovido de qualquer das garantias, seja porque não foi contratada a garantia, seja porque esta se extinguiu durante a locação. Premia, porque os contratantes terão certeza de um despejo rápido se ocorrer inadimplência não superada consensualmente, o que dispensará a exigência de garantias locatícias, tão onerosas ou difíceis de serem obtidas pelos locatários. A absoluta maioria dos locatários paga em dia, mas é obrigada a apresentar garantias para cobertura de eventos que dizem respeito tão somente aos inadimplentes. Inescapável a lembrança dos tempos em que o principal problema era encontrar fiador com dois imóveis e idoneidade econômica, exigência que singelamente vedava o direito à moradia a milhares de pessoas. Ora, desde que o locador assegure a entrega do prédio e o locatário firme o compromisso de pagar o aluguel em dia, faltava mesmo no país lei prestigiando a segurança do combinado, sem invocação de questões outras, validando até em juízo, se preciso, os efeitos do livremente ajustado. É a supremacia da palavra dada, cientes os contratantes da imediata consequência do eventual descumprimento. Nota do Editor: Jaques Bushatsky é diretor de Legislação do Inquilinato do Secovi-SP (Sindicato da Habitação).
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