| Arquivo Nenê Velloso |  | | | IV Centenário da Paz de Iperoig (1563 - 1963) - Felix Guisard Filho. |
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O secretário de Turismo de Ubatuba anda preocupado, com a não comemoração do primeiro tratado de paz das Américas “A Paz de Iperoig”. Antes tarde do que nunca! Outro dia o nobre secretário através da rádio Costa Azul, perguntou aos ouvintes, e aos caiçaras se sabiam ou já tinham ouvido falar na Confederação dos Tamoio, “Paz de Iperoig” e, qual o significado, e a importância da comemoração dessa data para a nossa cidade. Os caiçaras da gema e do centro e alguns dos bairros sabem. O senhor deveria perguntar primeiro para o presidente da Fundart, ao prefeito Eduardo César, que prometeu no palanque resgatar Ubatuba, aos nobres vereadores, ao secretário da Educação, aos diretores e professores das escolas particulares e, principalmente das rede públicas, aos grupos folclóricos, ong´s, mídia e todos os movimentos em prol da cultura do povo caiçara de Ubatuba, que dizem amar esta cidade. O presidente da Fundart foi prefeito de Ubatuba de 1983 a 1988, um ano antes de terminar o mandato ele criou a Fundart (Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba), em 30-11-1987, exatamente para resgatar a nossa História e, 23 anos se passaram e nada foi feito. Para mim, a Fundart não passa de um desastre cultural dos caiçaras. O presidente da Fundart foi prefeito de Ubatuba durante seis anos. Eu disse 6 (seis) anos! Foi o chefe supremo da cidade, a autoridade nº 1 no comando da cidade, com o queijo e a faca na mão, e nunca se lembrou em comemorar esta importantíssima data histórica da cidade. E o Sr. ainda chama o homem de ÍCONE da cultura. Aliás, nunca ouve interesse por parte de nenhum presidente da Fundart, que eu me lembre, em comemorar “A Paz de Iperoig”, como se faz nas cidades do litoral sul paulista. O presidente da Fundart, em entrevista ao radialista caiçara da gema e do centro Luiz Serpa, da rádio Costa Azul, disse que ficava emocionado quando lembrava da frase dita pela Dª Idalina, “Povo que não tem memória não tem nada para contar”. Então está explicado, é por isso que o presidente da Fundart não conta nada! Quando os estudantes, turistas, o povo em geral e, os historiadores de outras cidades precisam de alguma informação histórica da cidade, é óbvio que vão procurar primeiro o órgão competente que se chama Fundart. O Sr. sabe o que acontece? Sem nenhum constrangimento dizem quê, nós não temos nada, aí encaminham o interessado ao arquivo particular do historiador Édson Silva, ou “Edinho do Atanazio” como é conhecido pela meia dúzia de ubatubanos puro sangue, que ainda existe. Ora, senhor secretário do Turismo! Então o ícone cultural é o historiador Edson Silva, e não o atual presidente da Fundart, que o senhor se referiu. Em minha opinião, Edson Silva, já deveria estar ocupando esta presidência há muitos anos, porque a prefeitura e a própria Fundart quando precisam de fotos e informações históricas de Ubatuba recorrem ao arquivo de Edson Silva. Esta foto mostra a comemoração do IV Centenário da Paz de Iperoig, em 14 de setembro de 1963, representado pelos alunos do Grupo Escolar Dr. Esteves da Silva, sob o comando da Mestra, “Madre Maria da Glória”, refere-se a encenação da “Confederação dos Tamoio” (Tamoio não é tribo, quer dizer Avô, o mais velho), reunião dos 5 chefes de tribos mais velhos, que originou o primeiro tratado de Paz das Américas, “Paz de Iperoig”. Foi um movimento de aliança dos 5 chefes mais velhos dos silvícolas das aldeias do litoral paulista até Rio de Janeiro, em prol da Paz. Estes são os 5 chefes que estão representados no brasão de armas gravados no obelisco do largo da Matriz: O chefe Coaquira e Pindobuçú (Aldeia de Iperoig – hoje Ubatuba), O chefe Cunhambébe (Aldeia de Ubatuba – RJ.), O chefe Aimberé (Aldeia de Angra dos Reis), O chefe Araraí (Aldeia de Cabo Frio / restinga da Marambaia ). Arquivo Nenê Velloso | | Representação da Confederação dos Tamoios - 1963. |
A foto mostra do lado esquerdo do índio nº 3, o Padre Anchieta, representado pelo aluno “Cuco”, à direita, o Padre Manoel da Nóbrega, representado pelo aluno Zé Rico. Os cincos índios confederados foram representados pelos alunos: nº 1 - Tanaka, nº 2 - Ademir Peres, nº 3 - Oswaldo, nº 4 - Sergio Antonio, nº 5 - Zé Roberto Cursino. (A foto é de propriedade do professor Zé Roberto, gentilmente cedida para ilustração dessa matéria. O senhor secretário do Turismo Luiz Felipe, sabia que a data que comemoramos como aniversário da cidade em 28 de outubro não é a de fundação de Ubatuba? A data de fundação de Ubatuba tem que ser revista. Tendo em vista que ficou patente na carta de Anchieta, que a data de fundação de Ubatuba não é a que comemoramos, ou seja, 28 de outubro de 1637, e, sim a data da Aldeia de Iperoig elevada à categoria de Vila. Por provisão de 28 de outubro de 1637, o Governador Geral do Rio de Janeiro, Salvador Correa de Sá e Benevides, determinou que a antiga ALDEIA DE IPEROIG, fosse elevada a categoria de Vila e, mudando o nome para VILA NOVA DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ DO SALVADOR DE UBATUBA. E, em 13 de março de 1855 pela lei nº 5, foi elevada a categoria de cidade. Vale esclarecer, que esta comemoração foi política, que determinou como data de fundação da cidade, 28 de outubro de 1637. O intendente na época era o farmacêutico Washington de Oliveira (Seu Filhinho), que sabia que não se tratava de data de fundação, e, sim de elevação da Aldeia de Iperoig a categoria de Vila. E, aceitou! A cidade não pode continuar com essa farsa, em comemorar uma data de aniversário de fundação que não corresponde à verdade. A data do descobrimento de São Paulo, Rio de Janeiro, São Vicente e outras, foram considerados a partir do dia em que foi celebrada a primeira missa, em Ubatuba, não podia ser diferente. Segundo os historiadores, e a própria carta de Anchieta, a primeira missa foi celebrada aqui, em 09 de maio de 1563, portanto, Ubatuba já existia, esta seria a data a ser comemorada o aniversário de fundação da cidade de Ubatuba, estando hoje com 447 anos e não com 372. Ubatuba só começou a aparecer oficialmente na história do Brasil em 1565, dois anos após esse tratado de Paz, quando ainda se chamava IPEROIG, ocasião em que Anchieta enviou a Diogo Laìnez, superior geral de Roma, uma carta com informações sobre os atritos entre nativos, franceses, portugueses e até mesmo contra tribos do mesmo grupo que se dividiram e, que terminou em 14 de setembro de 1563 com o tratado de paz com os silvícolas. Prezado secretario do turismo Luiz Felipe, eu estou torcendo para que o senhor tenha êxito total nesse resgate importantíssimo para a cidade de Ubatuba. Eu, considero uma missão quase impossível, por isso eu acho que o Sr. deve começar pelas escolas, esse é o caminho mais fácil. Pense nisso. Um abraço, e sucesso nessa empreitada.
Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail para thecaliforniakid61@hotmail.com.
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