Depois de dois adiamentos seguidos, a previsão se confirmou e um novo swell (ondulação) chegou na costa sul da Austrália nesta quarta-feira para o reinício do Rip Curl Pro 2004 em Torquay. E o primeiro confronto do dia foi um verdadeiro espetáculo de surfe nas ótimas ondas de 1,5 metro de altura de Bells Beach. O havaiano Andy Irons deu mais um passo rumo ao tricampeonato no Rip Curl Pro, porém só conseguiu superar o australiano Luke Egan no desempate de uma disputa que terminou em incríveis 18,30 pontos de 20 possíveis. Kelly Slater também avançou para as quartas-de-final, enquanto o Brasil se despediu da segunda etapa do ASP Fosters World Championship Tour (WCT). O pernambucano Paulo Moura não conseguiu acompanhar o forte ritmo do australiano Taj Burrow e acabou eliminado na penúltima bateria do dia, ficando assim na mesma nona colocação do niteroiense Guilherme Herdy.

A previsão é de que o Rip Curl Pro 2004 seja encerrado nesta quinta-feira em ondas excelentes na Austrália. E a competição deve ser finalizada em Bells Beach mesmo, sem as mudanças que marcaram a quarta-feira. Pela manhã, depois de analisarem o mar em toda a região, os organizadores decidiram transferir a competição para Johana Beach, que parecia ser a melhor opção no momento. Só que depois do tempo gasto para que todos se locomovessem até lá, distante cerca de 2 horas de carro, as condições já haviam mudado e as informações eram de que as ondulações em Bells Beach vinham subindo com séries mais constantes. Então, todos pegaram mais 2 horas de estrada para voltar ao palco principal. As oitavas-de-final recomeçaram no início da tarde com excelentes condições em Bells Beach e o primeiro confronto do dia mostrou isso.

O desafio entre os recordistas de maior nota - 9,67 - do Rip Curl Pro 2004, foi emocionante e decidido nos últimos segundos com um resultado que só a frieza da matemática pode explicar. O veterano Luke Egan escolheu bem sua primeira onda e começou forte com uma nota 8,5. O bicampeão mundial Andy Irons entrou na briga ao receber um 8,9 em sua terceira tentativa. Aí, os dois passaram a se apresentar na mesma série, sempre com Irons escolhendo primeiro qual onda queria surfar e Egan vindo na de trás.

Na primeira, quando faltavam 10 minutos para o término da bateria, Irons caiu na primeira manobra e Egan destruiu uma longa direita que lhe rendeu uma nota 9,17 e uma vantagem de 8,78 pontos para o bicampeão mundial e do Rip Curl Pro. Os dois aproveitaram a mesma série de novo há 2 minutos do fim e o australiano foi melhor de novo ao receber nota 8,77 contra 8,33 do havaiano, com a diferença aumentando para 9,05 pontos. Só que o mais incrível ainda estava por vir.

Com a ajuda dos jet-skies, ainda deu tempo dos dois voltarem ao outside e nos últimos segundos entrou outra série, com eles pegando mais duas ótimas ondas para decidir a bateria. E os juizes deram uma nota 9,40 para Andy Irons que acabou definindo sua classificação para as quartas-de-final. Isso porque Luke Egan ficou precisando de 9,14 pontos e a média final das notas acabou resultando num incrível número 9,13, com o confronto mais emocionante do Rip Curl Pro 2004 terminando empatado em impressionantes 18,30 pontos de 20 possíveis. Nesse caso, o regulamento dá a vitória ao surfista que tiver recebido a maior nota e a última onda de Irons confirmou sua permanência na prova.

Na disputa seguinte, o hexacampeão Kelly Slater não encontrou a mesma dificuldade para despachar o jovem australiano Nathan Hedge. Ele tirou um 9 em sua melhor onda e ganhou com facilidades por 17,83 x 13,83 pontos. O próximo adversário de Slater é o também norte-americano Pat O’Connell, que por uma pequena diferença despachou mais um australiano, Daniel Wills, com um apertado placar de 14,97 x 14,30 pontos.

Depois de três eliminações seguidas, a grande torcida que compareceu em Bells Beach na quarta-feira comemorou bastante com as vitórias australianas nas duas últimas baterias do dia. A primeira foi conquistada por Taj Burrow, que tirou o Brasil da competição sem dar qualquer chance ao pernambucano Paulo Moura. Ele abriu a bateria com uma nota 7,67, depois tirou 9,17 na terceira onda e 8,33 na quinta para totalizar 17,50 pontos. O brasileiro só marcou 12,83 pontos nas poucas ondas que pegou e terminou em nono lugar no Rip Curl Pro 2004, junto com Guilherme Herdy e mais seis surfistas, com cada um ficando com um prêmio de 5.000 dólares e marcando 600 pontos no ranking.

Herdy já tinha sido eliminado na segunda oitava-de-final pelo australiano Mick Fanning, o mesmo que o barrou em Bells Beach no ano passado. Também no Domingo de Páscoa, o Brasil sofreu quatro baixas na terceira rodada da competição, com Neco Padaratz (SC), Victor Ribas (RJ), Marcelo Nunes (RN) e Raoni Monteiro (RJ), terminando em 17º lugar e recebendo 4.225 dólares e 480 pontos. Já Peterson Rosa (PR) e Armando Daltro (BA) perderam na repescagem e ganharam 3.400 dólares e 288 pontos pela participação na segunda etapa do WCT 2004.

Rip Curl Pro 2004 - Quartas-de-final

1)- Joel Parkinson (AUS) x Mick Fanning (AUS)
2)- Andy Irons (HAV) x Toby Martin (AUS)
3)- Kelly Slater (EUA) x Pat O’Connell (EUA)
4)- Taj Burrow (AUS) x Mark Occhilupo (AUS)