Renan Rocha e Bernardo Pigmeu fecham a lista atual dos 15 para o WCT 2005.
| Nilton Santos |  | | | Neco Padaratz acaba de conquistar um inédito bicampeonato mundial consecutivo no WQS na etapa final em Sunset Beach, nesta sexta-feira no Havaí. |
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O havaiano Andy Irons foi o campeão da O’Neill World Cup of Surfing, mas mesmo não passando das quartas-de-final os brasileiros saíram vitoriosos nas duas disputas da batalha final do World Qualifying Series 2004 em Sunset Beach. O catarinense Neco Padaratz foi consagrado como o primeiro bicampeão mundial consecutivo da história do WQS, com o Brasil conquistando assim o seu sétimo título em treze edições da divisão de acesso do circuito mundial da Association of Surfing Professionals (ASP), a entidade máxima do esporte. Além do feito inédito do Neco, que igualou os dois títulos mundiais do irmão Flávio "Teco" Padaratz, o paulista Renan Rocha e o pernambucano Bernardo Pigmeu ganharam a briga pelas duas últimas vagas na lista dos 15 surfistas que neste momento estão se classificando para o milionário ASP World Championship Tour (WCT). Porém, oficialmente eles ainda não estão confirmados e a relação dos top-42 da elite mundial de 2005 só será definida no Rip Curl Pipeline Masters, que fecha a temporada nos dias 08 a 20 de dezembro em Banzai Pipeline, também na Ilha de Oahu, no Havaí. Assim como ocorreu no primeiro desafio da Tríplice Coroa Havaiana em Haleiwa, o encerramento do WQS em Sunset Beach também foi disputado em séries irregulares, com o tamanho das ondas variando entre 1 a 2 metros de altura na sexta-feira. O Brasil chegou em igualdade de condições no último dia da O’Neill World Cup of Surfing, com o mesmo número de seis surfistas da Austrália e dos Estados Unidos e ainda com três lutando nas duas frentes de batalha do WQS. Mas, a demora das séries marcou a maioria das baterias e aqueles que conseguiam pegar ao menos uma onda boa praticamente garantia classificação. A DISPUTA DO TÍTULO - A disputa do título mundial foi iniciada em três confrontos seguidos nas oitavas-de-final. No primeiro, os havaianos Andy Irons e Daniel Jones barraram o sul-africano Greg Emslie e Fábio Gouveia também acabou eliminado. Era menos um no caminho de Neco e de festa para o pernambucano Bernardo Pigmeu, que com a saída de Fabinho foi confirmado na vigésima posição no ranking final do WQS 2004 e na última vaga na lista provisória dos 15 classificados para o WCT de 2005. Neco Padaratz entrou na bateria seguinte e começou bem como uma nota 7,5, que foi decisiva para superar o local de Sunset Beach, Pancho Sullivan, na disputa vencida pelo hexacampeão mundial Kelly Slater. O seu único adversário na corrida do título era o australiano Phillip MacDonald, que não encontrou dificuldades para superar o jovem havaiano Ian Walsh e o japonês Masatoshi Ohno. Com as classificações, os dois avançaram para um confronto direto nas quartas-de-final. CONFRONTO DIRETO - O catarinense novamente abre a bateria com uma boa onda, nota 7,33, mas logo o havaiano Frederick Patacchia destrói uma ótima direita e arranca um 9,0 dos juízes. O favorito Kelly Slater não conseguiu uma boa sintonia com as poucas séries que apareciam, todavia na metade da bateria o Phillip MacDonald entra na briga com uma nota 8,6. Quando restavam 10 minutos, o australiano acha outra onda abrindo e recebe 6,73 pontos para roubar a segunda posição de Neco Padaratz, que ainda tentou reverter o resultado, porém não entrou nenhuma outra série com qualidade até o término da bateria. O BICAMPEONATO - Phillip MacDonald ganhou a batalha, mas a guerra continuava para ele, que precisava terminar entre os dois primeiros colocados em Sunset para poder tirar o bicampeonato mundial do brasileiro. E o anúncio oficial do feito inédito de Neco Padaratz veio na penúltima bateria da O’Neill World Cup of Surfing, quando o australiano acabou eliminado pelo seu compatriota Joel Parkinson e pelo havaiano Frederick Patacchia na segunda semifinal. E foi um título merecido para este surfista de 28 anos de idade, que neste ano especial venceu o trauma e o medo voltando a enfrentar as temidas ondas de Teahupoo, no Tahiti, onde quase morreu afogado anos atrás, que já abandonou o WCT para cuidar da saúde debilitada com as duras e longas viagens do circuito mundial, mas que soube enfrentar todas as adversidades que têm encontrado pelo caminho para atingir seus objetivos e mostrar todo o se talento nas ondas. Desde que surgiu no cenário internacional, o irmão mais jovem do ex-top do WCT Teco Padaratz sempre foi apontado pela mídia estrangeira como o brasileiro que poderia dar um título mundial para o Brasil. Este já é o segundo que Neco Padaratz conquista no WQS, mas ainda falta o do WCT. E além dele, mais dois brasileiros festejaram bastante no último dia da World Cup no Havaí. A OUTRA BATALHA - O paulistano Renan Rocha completou 34 anos de idade na quinta-feira e na sexta praticamente confirmou o seu retorno à elite do surfe mundial em Sunset Beach. Ele ainda foi fundamental para que o jovem pernambucano Bernardo Pigmeu ganhasse a batalha pela tão disputada última vaga na lista dos 15, encerrada na grande final do WQS. Primeiro Renan despachou o franco-brasileiro Eric Rebiere, que defendia esta última colocação, logo em sua estréia na competição. E na sexta-feira, ganhou a bateria contra o principal concorrente de Pigmeu, o norte-americano Ben Bourgeois, que tinha que terminar em último lugar para não ganhar a posição do pernambucano. Ele até começou bem, mas acabou superado pelo australiano Mark Occhilupo e pelo espanhol Pablo Gutierrez e deu adeus à vaga. O último adversário de Pigmeu foi o seu companheiro na Equipe Hang Loose, Fábio Gouveia, que depois de três brilhantes vitórias em Sunset Beach, não encontrou os tubos desta vez e foi barrado pelos havaianos Andy Irons e Daniel Jones. Com a derrota de Fabinho, Bernardo Pigmeu foi confirmado na vigésima posição no ranking final do WQS 2004. Como atualmente cinco surfistas que estão à sua frente também aparecem entre os 27 primeiros colocados do WCT que são mantidos na elite mundial, o pernambucano ocupa no momento a 15ª e última posição na lista dos que são promovidos pelo WQS. NA TORCIDA EM PIPELINE - Porém, sua vaga só poderá ser confirmada no encerramento do WCT, pois o carioca Raoni Monteiro e o australiano Richard Lovett ainda podem perder seus lugares entre os top-27 no Rip Curl Pipeline Masters e precisar das vagas conquistadas com a quinta e nona colocações, respectivamente, no ranking de acesso. Neste caso extremo, tanto Pigmeu como o Renan Rocha acabariam ficando de fora da lista dos 15 do WQS. Mas, Neco Padaratz e outro australiano, Trent Munro, estão bem próximos da zona de classificação do WCT e podem reabrir as duas vagas para os brasileiros. E mesmo não aparecendo entre os classificados, o baiano Armando Daltro também pode ganhar uma vaga se o Raoni e o Lovett não saírem dos top-27 e o Neco ou o Trent ingressarem no lugar, por exemplo, do californiano Pat O’Connell ou do australiano Darren O’Rafferty, que estão logo abaixo do Raoni no WCT, na 26ª e 27ª posições, respectivamente. Além disso, o Brasil ainda tem dois surfistas que vão gastar seus últimos cartuchos em Banzai Pipeline. O cabo-friense Victor Ribas e o niteroiense Guilherme Herdy estão na 29ª e trigésima colocações e podem reforçar o time brasileiro no ano que vem. O BRASIL NA ELITE - Depois da final do WQS em Sunset Beach, o Brasil tem sete surfistas na lista provisória dos top-42 para o WCT 2005. O paranaense Peterson Rosa e o pernambucano Paulo Moura confirmaram suas permanências pelo ranking principal. O carioca Raoni Monteiro ocupa o 25º lugar entre os top-27 do WCT, mas está tranqüilo com a quinta posição no WQS. O catarinense Neco Padaratz e o potiguar Marcelo Nunes também estão garantidos pela divisão de acesso, que também está apresentando duas novidades para o próximo ano, o retorno de Renan Rocha e um provável estreante, Bernardo Pigmeu. Dos oito que representaram o Brasil na elite mundial neste ano, cinco estão confirmados para 2005. O Vitinho e o Herdy ainda têm grandes chances de garantir suas permanências no Rip Curl Pipeline Masters e se isso acontecer o baiano Armando Daltro ainda pode ganhar uma vaga pelo WQS, pois terminou em 21º lugar na classificação geral, com somente 36 pontos abaixo de Bernardo Pigmeu, o último que está se classificando para o WCT de 2005. DEZ NO WCT 2005? - Então, matematicamente, o Brasil ainda pode ter dez surfistas no WCT 2005 e agora é só esperar a grande final da temporada em Banzai Pipeline. Pigmeu e Renan Rocha não vão competir no Pipe Masters e, curiosamente, os dois são os únicos brasileiros que já receberam uma nota 10 nos tubos do templo sagrado do esporte. Quem sabe eles não estarão lá defendendo o Brasil no ano que vem!
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