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Ubatuba
07/12/2004 - 14h13
A Igreja Presbiteriana em Ubatuba
Confraria dos Escritores de Ubatuba
 

A igreja Presbiteriana em Ubatuba foi fundada em 28 de novembro 1880. Foi assim o registro no seu primeiro livro de atas: "História da Igreja Presbiteriana de Ubatuba até a sua organização. No ano de 1868, chegaram as mãos do Sr José Joaquim Fernandes Lima, morador na cidade de Ubatuba, alguns folhetos evangélicos contendo sermões avulsos do Reverendo Rayle. A leitura destes folhetos despertou no Sr Lima um grande interesse religioso a ponto de desejar saber em que livro se achavam as muitas citações e referências que continham aqueles folhetos. (Contava Dona Fausta Lima, que faleceu, em novembro de 1959 com 97 anos, que seu pai que era comerciante, encontrou os tais folhetos dentro de um caixote que recebeu com mercadorias da cidade do Rio de Janeiro. Quem colocou dentro do caixote os folhetos? Fora por acaso ou propositadamente, com o fim que eles realmente vieram ter?). Um companheiro de trabalho do Sr Lima, que há havia assistido a pregação do Evangelho na Corte, contou-lhe que aquelas citações eram extraídas da Bíblia Sagrada.

Foi esta a primeira notícia que o Sr Lima teve da Palavra de Deus, tendo já nesse tempo 41 anos de idade. Mandou logo vir do Rio de Janeiro um exemplar da Bíblia, e deste modo chegou a Palavra Divina ao seu coração. A leitura das Escrituras Sagradas e de alguns outros livros que depois obteve, o convenceu logo de que a religião em que fora criado, não era a religião ensinada por Jesus e pelos seus apóstolos.

Em outubro de 1874, o Sr Lima mandou comprar alguns livros religiosos na livraria Evangélica da Corte. Esses livros foram embrulhados em um número da Imprensa Evangélica, jornal que até ali o Sr Lima não conhecia. Os artigos deste número da imprensa agradaram-lhe tanto, que mandou assiná-la, e arranjou ainda muitos assinantes em Ubatuba.

Em agosto de 1877, tendo o Sr Lima a notícia de que o Sr Cândido Joaquim de Mesquita estava pregando em Paraty, mandou-lhe em telegrama perguntando-lhe se pretendia vir até Ubatuba, e recebendo resposta afirmativa, mandou animais e um camarada para conduzi-lo de Paraty a Ubatuba. No dia 18 de agosto chegou o Sr Mesquita acompanhado pelo Sr Manoel José de Oliveira Valença, colportor da Sociedade Bíblica Americana.

No mesmo dia, às sete horas da noite, o Sr Mesquita fez a sua primeira pregação na casa situada a Rua Direita canto da Rua da Praia de propriedade do Sr Capitão Assunção.

A pregação continuou diariamente até o dia 28, sendo a freqüência de 150 a 200 pessoas. A 26 de julho de 1878, chegou o Sr Mesquita a Ubatuba pela segunda vez, e pregou durante cinco noites no Teatro daquela cidade. A 7 de novembro de 1879, o Sr Mesquita visitou ainda Ubatuba, a pedido do Rev. Houston, e nesta ocasião a pregação teve lugar na casa do Sr Lima. A 27 de fevereiro de 1880, chegou a Ubatuba o Rev. Houston pastor da igreja Presbiteriana da Corte, e ali se demorou cinco dias, pregando O Evangelho. Celebrou pela primeira vez a Santa Ceia do Senhor no dia 4 de março, professando a sua fé e recebendo o sacramento do batismo as seguintes pessoas: José Risa do Miranda, Maria Cândida do Carmo Souto, Adelina Leontina do Souto, Ana Carolina do Souto, Bazilia Maria da Conceição, Alexandrina Francisca Louzada, Manoela Maria da Silva Souto, Manoel Francisco Lozada.

Foram também batizados os menores Manoel, Guilherme e Maria, filhos do casal, Manoel Francisco Louzada e de Maria Martinha Lozada. Estes atos tiveram lugar na casa do Sr Lima à Rua São Salvador, 07, e nesta e nas outras ocasiões, era sempre o mesmo Sr Lima que arranjava a sala para o culto, fornecia cadeiras, bancos e luzes. Convidava o público para a pregação e hospedava em sua casa o pregador. O Pr Houston celebrou também nesta ocasião o casamento do Sr Manoel Francisco Louzada com a Sra Manoela Maria da Silva Santos. No dia 11 de junho de 1880, chegou a Ubatuba o Pr Antonio B. Trajano e pregou durante algumas noites a um grande e atencioso auditório. Celebrou também pela segunda vez a Santa Ceia do Senhor a 13 de junho, professando a sua fé, e recebendo o sacramento do batismo as seguintes pessoas: Luzia Felizardo Cabral, Ana Carolina Cabral e Costa, Maria Balbina do Souto, Fausta da Silva Lima. No dia 16 de junho, o Pr Trajano celebrou o ato de casamento do Sr Candido José dos Santos com a Sra Alexandrina Francisca Louzada, e no dia 19 retirou-se para a Corte, tendo pregado todas as noites em que esteve na cidade. A 24 de novembro de 1880 o Pr Trajano visitou novamente Ubatuba, e ali, pregou durante cinco noites consecutivas. Celebrou a Santa Ceia no domingo dia 28 de novembro e no mesmo dia as cinco horas da tarde organizou a Igreja Presbiteriana de Ubatuba, estando presentes todos os irmãos professos e muitos interessados no Evangelho.

Assim brotou e cresceu a boa semente da Palavra Divina, semeada na cidade de Ubatuba. Na ausência de pregadores, o Sr Lima sempre dirigia os cultos.

Atas da Igreja Presbiteriana de Ubatuba

28 de novembro de 1880, as cinco horas da tarde, na sala destinada para o culto divino à rua São Salvador, 7 estando presentes todos os crentes e muitos congregados de Ubatuba. Foi organizada a Igreja Presbiteriana de Ubatuba pelo Pr Antonio B. Trajano, conforme estava autorizado pelo Presbitério. Por carta demissionária da Igreja do Rio de Janeiro, foram recebidos como membros desta Igreja todos os crentes que em Ubatuba tinham feito profissão de fé, mas, por não ter Igreja organizada na cidade, ficaram pertencendo a Igreja do Rio de Janeiro de onde eram os pastores que os batizaram. As pessoas demissionadas e que ficaram constituindo a Igreja de Ubatuba são as seguintes: José Joaquim Fernandes Lima, Maria Carmo do Carmo Souto, Zelinda Rosa de Miranda, Adelina Leintina do Souto, Ana Carolina do Souto, Bazilia Maria da Conceição, Alexandrina Francisca Louzada, Manoela Maria da Silva Matos, Manoel Francisco Louzada, Luzia Felizarda Cabral, Ana Carolina Cabral Castro, Maria Balbina do Souto, Fausta da Silva Lima.

Antes da organização desta igreja, foi celebrado três vezes a Santa Ceia do Senhor na cidade de Ubatuba.

Foi celebrada a primeira vez no dia 4 de março de 1880 pelo Pr J. Houston, professando a sua fé e recebendo o sacramento do batismo as primeiras nove pessoas acima mencionadas. Foram na mesma ocasião batizados os menores Manoel, Guilherme e Maria, filhos de Manoel Francisco Louzada. A segunda vez foi celebrada pelo Pr Trajano a 13 de junho de 1880, professando nessa ocasião sua fé, e recebendo o sacramento do batismo as quatro ultimas pessoas acima mencionadas. A terceira vez foi celebrada pelo Pr A. Trajano a 28 de Novembro de 1880.

Aprovadas até aqui pelo presbitério.

Alguns esclarecimentos e atualizações necessárias

Aqui termina o histórico e a primeira ata da Igreja Presbiteriana de Ubatuba, o primeiro culto evangélico realizado em Ubatuba, de acordo com o registro no histórico da organização da Igreja Presbiteriana, foi no dia dezoito de agosto de 1877, dirigido pelo Sr Candido Joaquim de Mesquita, numa cada da rua Direita canto da rua da Praia, casa de propriedade do Sr Capitão Assunção.

A antiga rua Direita é hoje Condessa de Vimieiro, e a rua da Praia, é Avenida Iperoig. A referida casa ainda existe em nossos dias, fica na esquina da rua Condessa de Vimieiro com a Avenida Iperoig, a esquerda de quem vem da praia para o centro da cidade. Sofreu com o correr do tempo algumas modificações, mas conserva ainda o velho estilo colonial português. Foi comprada pelo meu avô, Manoel José Nunes, na morte dele ficou com a filha Amália Pereira Nunes, que vendeu mais tarde. Presentemente essa casa pertence ao médico taubateano Dr José Luiz Cembranelli. Na segunda viagem do Sr Mesquita a Ubatuba, ele pregou durante cinco dias no teatro da cidade. Em novembro de 1879, o Sr Mesquita esteve pela terceira vez em Ubatuba, e dessa vez a pregação foi na casa do Sr Lima, o homem por intermédio de quem o Evangelho alcançou Ubatuba.

A casa do Sr Lima é a mesma que hoje existe no princípio da rua, hoje, Jordão Homem da Costa, cujo nome naquela época era São Salvador. A casa conservada na mesma fachada do passado, e é de propriedade do Pr Paulo Costivelli. Mais tarde, em data que não consegui descobrir, a Igreja adquiriu uma casa na esquina da então rua Direita com o largo do Programa (hoje praça Nóbrega), e adaptou-a para o culto.

Atualmente aqueles logradouros públicos chamam-se rua Condessa de Vimieiro com praça Padre Nóbrega, está o prédio comercial de propriedade da Igreja, cuja renda muito ajudaram a mesma nas suas despesas (hoje não estão mais alugadas para o comércio local, foram transformadas em salas de aula, cozinha e salão social).

Do grupo das nove pessoas que fizeram profissão de fé em 04 de março de 1880 com o Pr Houston, algumas delas, hoje são totalmente desconhecidas na igreja, e nem se sabe se há descendentes na igreja presbiteriana fora de Ubatuba. O Sr Lima foi casado com Dona Maria Amélia, mas não deixaram filhos. Do Sr Lima houve uma filha natural, Fausta da Silva Lima, que figura no rol da igreja, como a décima terceira pessoa que fez sua pública profissão de fé com o Pr Trajano. Dona Fausta morreu solteira, com 97 anos de idade, em 1959, os crentes da minha geração a conheceram. Desapareceram os Lima sem deixar descendentes. Da família Souto, que figura no primeiro grupo de professos, tenho uma vaga recordação. Sei que se mudaram para São Paulo, nunca mais voltaram a Ubatuba. Ignoro se dela há algum descendente na Igreja em São Paulo. A família Louzada também mudou-se para a capital. Há um descendente dessa família, Calvino Louzada Leite, que foi pastor metodista. Esteve algumas vezes em Ubatuba, ultimamente desapareceu, Ignoro se há alguém na família Louzada na Igreja Presbiteriana em São Paulo.

Manoel José Nunes, meu avô, foi a trigésima sexta pessoa a fazer profissão de fé. Os filhos viveram fora da Igreja, mas as filhas Rita (minha mãe), Maria, Amália e Olívia; uniram-se a igreja. A última, depois de casada morando em São Vicente, abandonou a Igreja. As netas de Manoel Nunes, Joana e Amália, moram em Ubatuba e pertencem a igreja, e o "rabiscador destas reminiscências", hoje morando em Suzano. Amália (filha) morreu sem deixar descendente, a filha Maria, hoje com noventa e seis anos, também não teve filhos. Da filha Olívia, algumas filhas pertencem a Igreja Assembléia de Deus como também do filho Ezequiel que viveu uma vida muito triste fora da igreja. Henrique Simões, bisneto de Manoel Nunes pelo lado da filha Olívia, é atualmente pastor da Igreja Congregacional em Santos. Outro antigo membro da Igreja Presbiteriana de Ubatuba, João Alves Coelho, português como meu avô, os filhos pertencem a Igreja Presbiteriana em Ubatuba e em São Paulo, entre eles Daniel e Dario Alves Coelho que foram presbíteros da Igreja em Ubatuba.

A implantação do Evangelho em nossa terra sofreu forte oposição e perseguição do povo romano, insuflado pelos padres, por isso merece destaque a atitude corajosa e liberal dos Senhores Capitão Assunção, e José Ferreira Gomes, o primeiro cedendo a casa, e o segundo o seu teatro para a pregação da Palavra de Deus. Esse Capitão Assunção era ex-combatente da Guerra do Paraguai, e foi influente político em Ubatuba, tendo exercido em nossa cidade as funções de vereador e prefeito. Muitas vezes ouvi comentários em casa de minha avó, sobre as perseguições feita à igreja nascente. De uma vez soltaram um foguete sem flecha no salão de culto na hora da reunião, a explosão das bombas provocou pânico entre o povo reunido. No portão de madeira do cemitério dos protestantes, uma noite jogaram querosene, e lançaram fogo. Esses fatos e alguns outros, segundo dizia-se naqueles dias, era obra de um débil mental que viveu em nossa cidade, Carlos Macedo Duarte, mas o mandante de tais fatos era o chefe público local, o médico Dr João Diogo Esteves da Silva. A Igreja Presbiteriana de Ubatuba foi florescente e dinâmica no seu início, apesar das perseguições, ou quem sabe por causa delas. Nossa cidade também era muito próspera e com muita vida comercial. Era o principal porto de exportação de café do Estado de São Paulo. Com a construção da ferrovia ligando as zonas produtoras de café ao porto de Santos, Ubatuba entrou em decadência, e com a crise que abateu-se sobre nossa terra, muito sofreu também a Igreja. Muitas famílias mudaram-se de Ubatuba, entre elas algumas famílias crentes. Quando Ubatuba viveu seu mais negro período de crise, os membros da igreja eram apenas uma meia dúzia de senhoras. Visitando a igreja em 1943, assim escreveu no seu relatório pastoral o Pr Domício Pereira de matos: "Encontrei a igreja muito desanimada e fria, sem alguém que possa ficar a frente do trabalho para dirigir o culto e Escola Dominical. O Presbítero Antonio Joaquim Garcia, que tem dado toda a sua energia para a igreja, está com mais de noventa anos, cansado e não pode mais dirigir o trabalho com eficiência. Além disso, a igreja passou todo o ano de 1942, sem visita pastoral, sendo a última feita em julho de 1941". Foi assim que o Pr Domício viu a igreja, quando da sua visita pastoral. Com a construção das rodovias Ubatuba Taubaté e Ubatuba São José dos Campos, e principalmente com o asfaltamento da última, nossa cidade vem tendo grande surto de progresso, que se reflete também na Igreja. O povo crente animou-se, alguns elementos de igrejas de outras cidades vieram residir em Ubatuba, e passaram a cooperar na igreja, entre eles o Sr João Teófilo Xavier, da igreja de Cananéia, que é presbítero em nossa igreja. Novo templo foi construído, o número de membros da igreja aumentou, e o número de visitas que eram muito irregulares, passaram a ser feitas pontualmente todos os meses. Em 1962 a igreja pôde manter o seu segundo pastor residindo na cidade, o Pr Amiltom Micharsk. O primeiro foi o Pr José de Azevedo Granja, nos primórdios da vida da igreja. Em 1967 substituiu o Pr Amiltom o Pr José Calixto da Silva. Depois deste último, a igreja passou a ter pastor conjuntamente com outras igrejas da capital. No momento, (escrevo em setembro de 1972), a igreja passa por triste crise espiritual, que é reflexo da briga surgida na cúpula da igreja em São Paulo. O trabalho presbiteriano em Paraty, não vingou, apesar de ter sido iniciado na mesma época do de Ubatuba, não sei o motivo. No ano de 1948 ou 1950, quando alguns crentes presbiterianos vindos do norte do país, se estabeleceram nessa cidade fluminense, foi que houve tentativa de se organizar o trabalho presbiteriano, por iniciativa do Pr Dante Sarmento da Igreja de Santa Cruz da Guanabara. Dadas, porém as dificuldades de transporte até Paraty, o Pr Dante pouca vezes visita o povo presbiteriano nessa cidade. Assim, essa nova tentativa de organizar a Igreja Presbiteriana em Paraty estava condenada a fracassar. Quando em 1962 o Pr Amiltom veio para a igreja de Ubatuba, o Pr Dante pediu que ele tomasse conta do trabalho na nossa vizinha cidade fluminense, o Pr Amiltom organizou-a como uma Congregação da Igreja de Ubatuba. Foram arrolados entre adultos e crianças mais de trinta membros, as reuniões da escola dominical e cultos, eram realizados na casa do irmão Sebastião, mais conhecido pelo apelido de "Bigode", que também ficou sendo tesoureiro da congregação. A casa do irmão Sebastião era muito pequena para abrigar todo o povo que lá aparecia aos domingos. Mesmo assim, o trabalho permaneceu enquanto o Pr Amiltom fazia todos os meses uma visita à congregação. No último ano do seu pastorado em Ubatuba, o Pr Amiltom deixou de ir à Paraty, e o Pr Calixto que o substituiu no pastorado da igreja, só foi lá duas vezes, durante os quatro anos que permaneceu em Ubatuba. Sem assistência pastoral, o trabalho presbiteriano em Paraty fracassou pela segunda vez. Passaram os crentes presbiterianos dessa cidade fluminense, a reunirem-se na igreja dos irmãos (batistas) darbistas, cousa que eles já faziam antes da organização do nosso trabalho na sua cidade. No pastorado do Pr Amiltom, foi comprado um terreno em Paraty onde se pretendia construir o salão para o trabalho ali. O terreno estava localizado no perímetro urbano tombado pelo Patrimônio Histórico e não foi permitido a construção do salão. Só permitiriam a construção de uma casa residencial, no mesmo estilo das velhas casas Paratyanas, que podia ser usada como templo. Tal construção ia exigir muito dinheiro, que nem a congregação em Paraty, e nem a igreja em Ubatuba possuíam. O lote de terreno de 20x20, que custou na época Cr$ 1.800,00, foi vendido por Cr$ 20.000,00, este ano para comprar outro fora do perímetro urbano tombado pelo Patrimônio Histórico, e tentar a construção do salão para o culto. Com a construção da rodovia Rio-Santos, que nestes dias se realiza da nossa vizinha cidade fluminense, e ai o trabalho presbiteriano em Paraty poderá ser reorganizado com uma melhor assistência da igreja de Ubatuba. A igreja de Ubatuba teve nos seus primeiros dias de vida a assistência pastoral de iminentes vultos do evangelismo pátrio, e de consagrado missionarismo americano. O primeiro pastor a pisar a terra caiçara foi o missionário americano J. T. Houston. Foi o organizador da igreja o Pr Antonio Bandeira Trajano, ilustre brasileiro a quem muito deve o ensino pátrio. É ele o autor de uma aritmética que muito ajudou estudantes de várias gerações, na aprendizagem dessa matéria. Ubatuba por ser cidade turística, tem recebido nestes últimos tempos, visita de inúmeros pastores. Poucas igrejas podem apresentar uma lista tão grande de pastores que ocuparam o seu púlpito, como pastor da igreja, ou como simples visita, como a nossa igreja. Depois dos dois acima nomeados, J. T. Houston e Antonio B. Trajano temos mais os seguintes: F.lC. Scheider, Manoel de Menezes, John M. Kyle James B. Kodgers, José Azevedo Granja, Franklin do Nascimento, Erasmo Braga, Gastão Boyle, William C. Kerr, George H. Hurat, Henrique de Camargo, Ricardo Maiorca (ex padre espanhol), Simão Salem, João Paulo de Camargo, Paulo de Miranda Costivelli, Renato Ribeiro dos Santos, Avelino Boa Morte, Julio Campos Nogueira, Domicio Pereira de Matos, Wilson Nóbrega Licio, Gerson de Azevedo Meyer, Pérsio Borges dos Santos Junior, Rubens Alberto de Souza, José Duarte Junior, Jonas Rofino Silva, Clemente dos Santos, Rubem do Amaral Osório, Amiltom Michlski, José Calixto da Silva, [( um indigno cujo nome não pode figurar aqui)] e no momento Carlos Birzeneck (1972). Um homem que deve ser lembrado quando se fala da Igreja Presbiteriana de Ubatuba, é o ex-padre José Manoel da Conceição, que foi pároco desta cidade. Essa figura extraordinária dos primeiros tempos da Igreja Presbiteriana em nossa pátria, depois de sua conversão não retomou a Ubatuba, embora seus biógrafos afirmem que ele fez questão de voltar a todas a cidades onde exerceu o seu ministério romano, para pregar aos seus ex-paroquianos as novas do Evangelho. Há um fato na vida do padre Conceição em Ubatuba, que não encontrei registrado na biografia dele escrita pelo Pr Boanerges. O padre Conceição parece que teve um colégio em Ubatuba. Quando fui vereador, remexendo velhos papéis da Câmara Municipal de Ubatuba, encontrei esta carta do cidadão Edmund Moreivood: "lImos Srs. Presidente e membros da Câmara Municipal... Diz Edmund Moreivood, domiciliado nesta cidade, que tendo lecionado latim, francês, inglês, e outras matérias, no colégio que aqui teve o Padre José Manoel da Conceição, ora precisa que esta Câmara lhe ateste se com efeito tem o suppe. As habilitações precisas para o ensino a que se propôs no mencionado Colégio, e mesmo para mais se necessário for, e bem assim tudo quanto for tendente a moralidade de seu proceder, já como professor particular, e já como domiciliado do lugar".

Faço este registro da Igreja Presbiteriana em meu diário por dois motivos: Primeiro, porque nossa Igreja faz parte da vida de Ubatuba. Ela há quase cem anos tem ora com entusiasmo, ora com frieza testemunhado e apresentado ao povo da cidade a Palavra de Deus em toda a sua pureza. Nenhum ubatubense naquele dia tão desejado por uns poucos, e tão temido por muitos, o dia do ajuste de contas, poderá dizer: Nunca ouvi falar do Evangelho.

Segundo porque em 1980 quando a igreja completar o seu século de existência, por certo há de ser feita alguma comemoração. Não sei se viverei até lá, se não viver, aqui ficam subsídios para alguém mais capacitado escrever a história da Igreja no ano do seu centenário de vida.
Suzano, 13.09.1972

No registro histórico que fiz da igreja Presbiteriana de Ubatuba, recordei vários antigos membros da igreja nos seus primeiros dias de vida. Esqueci-me de João Vieira Mendes, o seu irmão Augusto Vieira Mendes, foram membros da nossa igreja. Mudou-se o Augusto para Taubaté, aí pela década de vinte. Em Taubaté o Augusto e família uniram-se a Igreja Metodista, na época não havia igreja Presbiteriana nessa cidade do Vale do Paraíba. O Augusto é falecido há alguns anos. Sua filha Oscarlina, ainda hoje filiada a igreja Metodista, é casada com o Sr Mariotto, desse casal há um filho Elcio Mariotto, e também membro da Igreja Metodista, e pregador leigo dessa igreja. Vem o Elcio as vezes em Ubatuba, e ocupa o púlpito de nossa igreja.
15.12.1977

Informação que tive ontem em casa de Luiz Vieira Mendes, neto de João Vieira Mendes, que o Elcio Mariotto, foi ordenado pastor da Igreja Metodista residindo em São Paulo.
08.05.1979

Hierarquia e organização

O órgão máximo da Igreja Presbiteriana no Brasil é o Supremo Concílio. Abaixo temos o Sínodo que jurisdiciona de três a cinco Presbitérios e cada Presbitério jurisdiciona de dez a quinze Igrejas.

A Igreja Local é governada por um Conselho que é formado pelo Pastor e seus Presbíteros. Está subordinada ao Presbitério de Taubaté e ao Sínodo Leste de São Paulo com sede na Igreja Presbiteriana do bairro da Penha em São Paulo.

Cada Concílio tem a sua Diretoria com o Presidente, o Vice, o Secretário de Atas, o Secretário Executivo e o Tesoureiro.

Abreviaturas e explicações

Pr: é a abreviatura de Pastor.

Rev: é a abreviatura de Reverendo, um título dado ao Pastor. Assim como.o Padre é chamado de Reverendíssimo; o Pastor é Reverendo.

Colportor: do Fr. colporteur, diz-se do vendedor ambulante de livros e coleções de cunho religioso.


Nota do Editor: Este texto foi extraído da coleção Cadernos - História, editado pela Confraria dos Escritores de Ubatuba em novembro de 2004.

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