Está terminando o embate eleitoral pela presidência deste país chamado Brasil, achado há mais de quinhentos anos pelos empreendedores portugueses, mas ocupado de fato por muitos povos, chamados no conjunto de índios. Depois da miscigenação, aqui estamos nós. Em muitas cidades, mesmo quem passa rapidamente, observa os traços predominantemente indígenas. O nosso idioma está repleto de nomes herdados dos que aqui habitavam. Do pomposo nome do nosso lugar (Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba), só restou aquele fragmento que pertencia aos tupinambás (ainda bem!). Quer mais provas? Felizmente a população indígena, que já esteve em números críticos, aumenta a cada censo; embora saibamos dos muitos grupos que já estão extintos, causa-nos orgulho o nosso país abrigar tão grande diversidade dos povos pré-cabralinos. Porém, nesta campanha, nenhum dos candidatos sequer citou de passagem o que a sua proposta contempla na política indigenista. Os da costa de Ubatuba, da linhagem do cacique Altino, foram trazidos pelo saudoso Otacílio Lacerda, na segunda metade da década de 1970. Eles continuam no sertão do Prumirim. Outro grupo, sob o comando de Antonio Uauá, logo após a onda Hans Staden, ocupou a aldeia cinematográfica do Corcovado. A presença destes entre nós tem uma importância singular porque, de certa forma, nos diz: neste lugar tinha um grupo que foi extinto devido a falta de humanidade, por falta de uma política de respeito às culturas não-europeias. Sendo assim, qualquer pessoa que se candidate a algum cargo de governo, sobretudo neste município, deve incluí-los em seus planos; ter uma política indigenista que não seja assistencialista, mas promotora da auto-estima de povos que ainda têm muito a contribuir com sociedade. Observação: nem o Índio da Costa (vice do Serra) se lembrou do índio.
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