Se você soubesse que alguém resolveu ir contra todos os princípios de moradia e simplesmente construísse uma caixa de aproximadamente 2 m² com placas de plástico, amarrasse esta caixa na estrutura do atracadouro da balsa em Ilhabela e passasse a fazer desse local, sem água, sem luz, sem banheiro sua moradia e da sua filha, qual seria a sua reação? Todos viam que uma mulher, ficava se abanando sob o sol do meio-dia, sem abandonar o local, numa situação que com certeza era insuportável diante do calor e do abandono. Como um cidadão comum pode ficar indiferente ao observar uma situação como essa? O que poderiam fazer foi feito: chamaram a Polícia, chamaram o Bombeiro, chamaram o Conselho Tutelar, por que acharam que a mulher era menor. A Assistência Social compareceu, levou a dupla ao hospital, foram feitos RX, examinaram os dois, mas como não apresentavam problema de saúde, foram liberados. Mas pode ser considerado normal, alguém que se sujeita a uma situação como essa? Voltaram ao caixote, que bóia onde só podem chegar usando uma rústica canoa também de plástico. Os dois, pai e filha vivem a quase 2 meses, sem as mínimas condições de higiene, num local público, que não se sabe se pertence à Marinha ou ao DERSA, são duas pessoas em condições desumanas e cabe a alguém resolver a situação que continua sem solução.
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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