Neco e Raoni estréiam com vitórias no show de tubos de Pipeline. Kelly Slater comanda o espetáculo no Rip Curl Pro Pipeline Masters.
| Pierre Tostee |  | | | O brasileiro Raoni Monteiro no Rip Curl Pipeline Masters, Havaí. |
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Depois de cinco adiamentos, o Rip Curl Pro Pipeline Masters foi oficialmente inaugurado nesta terça-feira com ótimas condições no maior palco do surfe mundial. Kelly Slater comandou o espetáculo arrancando um 9,33 num tubão nas esquerdas de Pipeline e um 9,77 em outro maior ainda nas direitas do Backdoor para totalizar imbatíveis 19,10 pontos de 20 possíveis. Os brasileiros também fizeram bonito, mas só o carioca Raoni Monteiro e o catarinense Neco Padaratz estrearam com vitórias no último desafio do ASP Foster’s World Championship Tour 2004. Já a maior pontuação verde-amarela do dia foi a do niteroiense Guilherme Herdy, que marcou 16,16 pontos e ainda assim acabou superado pelos incríveis 18,95 pontos do australiano Dean Morrison. Herdy e mais seis brasileiros vão ter que encarar a repescagem e a previsão é de que as ondas estejam ainda maiores nesta quarta-feira, com possibilidades de o evento até voltar a ser adiado. Enquanto Raoni e Neco já estão competindo sem qualquer pressão, Herdy e o cabo-friense Victor Ribas ainda tentam confirmar suas permanências no WCT e precisam de um bom resultado em Banzai Pipeline para continuarem na elite do surfe mundial. Vitinho disputou a bateria anterior, uma das mais fracas de ondas do primeiro dia. Ele ainda fez dez tentativas, mas os tubos não apareceram e Ribas foi derrotado por Nathan Webster por 12,60 x 10,23 pontos, com o também australiano Phillip MacDonald terminando em último com 5,57 pontos. Já Guilherme Herdy começou bem com uma nota 7,83 num tubo que só veio depois de 10 minutos de espera. Outra série grande não demorou a aparecer e ele e Dean Morrison pegam dois tubões. O do australiano foi maior e valeu nota 9,23, mas Herdy manteve a ponta com um 8,33. Só que essa foi a última onda que o niteroiense pegou nos 30 minutos de bateria, enquanto Morrison pega outro tubo ainda mais profundo e recebe nota 9,73 para registrar a segunda maior pontuação da primeira fase classificatória do Rip Curl Pro Pipeline Masters: 18,96 pontos de 20 possíveis. Como consolo, a apresentação de Herdy foi a melhor entre os brasileiros, com seus 16,16 pontos aparecendo em sexto lugar na primeira lista de recordes do campeonato. Logo abaixo dele, está o catarinense Neco Padaratz com os 16,10 pontos que serviram para derrotar o baiano Armando Daltro e o australiano Daniel Wills na 11ª bateria. Curiosamente, Wills recebeu a maior nota do dia - 9,87 - com dois juízes dando 10,0 no tubaço que ele pegou, mas felizmente para Neco o australiano também não encontrou outra onda boa para reverter o resultado. Neco abriu a bateria com um 7,33 e tirou um 8,77 em sua última onda para conquistar a segunda e última vitória verde-amarela na terça-feira. A primeira veio logo na estréia do Brasil em dose dupla na terceira bateria do Rip Curl Pro Pipeline Masters. Defendendo a nona posição no ranking, o cabeça-de-chave Peterson Rosa mostra que o caminho dos tubos nessa hora era o Backdoor e tira nota 7,17 num deles logo em sua primeira onda. O carioca Raoni Monteiro demora 10 minutos para estrear numa etapa do WCT em Pipeline, mas despenca de uma altura de mais de 2 metros. "Eu remei que nem louco para aquela onda, mas cai lá de cima. Foi minha primeira queda em Pipeline", explicou Raoni, que vivenciou os dois extremos de Pipeline, a queda ou a glória. "Eu só queria aproveitar a oportunidade de surfar em Pipe só com mais duas pessoas dentro da água. No finalzinho, quando a onda veio no Backdoor, eu entrei e fiquei lá dentro do tubo, foi como um sonho para mim", contou Raoni, que acabou confirmando a primeira vitória brasileira do dia de uma forma fantástica. Depois do bom início, Peterson Rosa confirmou a liderança ao receber 5,17 pontos em sua segunda apresentação e Raoni falha em sua outra tentativa. Mas, o melhor estreante da temporada não desiste e em sua primeira onda abrindo recebe nota 5,63 para entrar na briga. Nos últimos segundos, ele consegue pegar o tubo que tanto procurou e arranca 8,83 pontos para vencer a disputa. O sul-africano Greg Emslie ainda vem na de trás e derruba o paranaense que liderou toda a bateria para o último lugar. O placar final foi de 14,46 pontos para Raoni, 12,50 para Emslie e 12,34 para Peterson, mas essa diferença não importa muito, pois os dois acabaram caindo para a repescagem. O mesmo caminho também seguiu o outro brasileiro mais bem colocado no ranking mundial, o pernambucano Paulo Moura (17º lugar), que praticamente só assistiu ao espetáculo do hexacampeão mundial Kelly Slater na bateria que terminou atrás ainda do havaiano Pancho Sullivan. Slater começou num tubo cavernoso em Pipeline que valeu nota 9,33, já igualando o recorde do dia que pertencia ao havaiano Kalani Robb. Moura só pegou três ondas e viu de camarote Slater pegar outro tubão, agora no Backdoor, para receber a maior nota do evento até ali - 9,77 - e totalizar fantásticos 19,10 pontos. Foi uma estréia bem diferente do seu arqui-rival Andy Irons, que na bateria anterior sofreu para derrotar seus adversários somando apenas 12,83 pontos, com sua maior nota sendo um 7,33. Mas, o que vale é a vitória e os dois sempre favoritos ao título em Pipeline já estão na terceira rodada do Rip Curl Pro. O atual bicampeão mundial do Pipe Masters e também da Tríplice Coroa Havaiana agora aguarda seus adversários na quinta bateria e Slater vai encabeçar a disputa seguinte. Ao contrário de Paulo Moura, o reforço do Brasil na última etapa do WCT 2004 quase surpreende os favoritos. O niteroiense Bruno Santos, que conquistou a última vaga para participar da competição como convidado nas triagens realizadas na quarta-feira passada, começou melhor do que o vice-líder do ranking Joel Parkinson e o ex-campeão mundial Sunny Garcia e liderou praticamente toda a bateria. O havaiano ainda passou na frente com uma nota 7,17 em sua segunda onda, mas Bruninho respondeu com um tubo nota 7,77 há 5 minutos do fim e retomou a ponta. Mas, a última série que entrou nos segundos finais decidiu tudo. Os três pegaram ondas. Garcia escolheu a da frente e completou mais um belo tubo, porém o do Joel Parkinson foi mais fundo e valeu a maior nota da bateria - 8,83. Porém, com um 7,33 Garcia garantiu a vitória e Bruno Santos acabou caindo para o terceiro lugar e agora vai disputar um confronto com mais dois brasileiros na repescagem. Ele foi escalado junto com o paranaense Peterson Rosa e o potiguar Marcelo Nunes na quarta bateria e os três vão brigar por duas únicas vagas para a terceira fase contra ainda o australiano Darren O’Rafferty. A partir de agora, todos os confrontos são formados por quatro atletas e os dois primeiros colocados avançam para a próxima fase. O pernambucano Paulo Moura e o baiano Armando Daltro também estão juntos na sexta bateria. Já o niteroiense Guilherme Herdy e o cabo-friense Victor Ribas enfrentam sozinhos dois australianos e um havaiano em suas baterias.
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