O Banco Central já sinaliza a possibilidade de aumentar a taxa básica de juros, a Selic, dos atuais 11,25% para 12% ao ano na próxima quarta-feira, 2 de março. As justificativas para que o Brasil lidere, com folga, os maiores juros adotados no mundo se referem a uma ação de choque para controlar a inflação, que segundo estimativas, vai ultrapassar a barreira dos 6,5% em 2011. O que não se fala é que os juros de 11,25% já praticados somados a prática de enxugamento de moeda circulante e as ameaças de corte no Orçamento Geral da União da ordem de R$ 50 bilhões, não funcionaram ainda como o esperado. E a razão, que talvez nem passe pela cabeça dos técnicos governamentais, é muito simples: quanto maiores os juros, mais atraem dólares baratos para serem “engordados” aqui dentro e devolvidos para o Exterior. Tanto é que a esperada valorização do dólar em relação ao Real não ocorreu com a Selic a 11,25%. A demanda pelas matérias-primas e commodities brasileiras no Exterior, obrigam a nós brasileiros a pagar no mercado interno os mesmos preços de exportação. Ou seja, o consumidor brasileiro se torna vítima da inflação que o próprio governo cria com a política desenfreada de juros altos. Política, feita sob medida para atrair especuladores que ajudam o governo a sustentar sua imensa dívida pública. O que a escalada de juros vai propiciar, acreditamos, é um estrangulamento da economia. Com suspensão dos investimentos produtivos, com aumento do desemprego e com estagnação das atividades geradoras de riqueza, que encontramos na indústria, na agricultura e no setor de serviços. Conseguiremos com esta escalada da taxa Selic criar a economia dos cemitérios. E isso não interessa nem ao governo Dilma e muito menos ao povo e aos trabalhadores brasileiros. Nota do Editor: Lourenço Prado é presidente da Contec (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito).
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