É a palavra oficial para designar o estado político que prevaleceu em Atenas no século V
O termo democracia significa o governo do povo. Este tipo de regime político, no decorrer do tempo, foi constantemente ameaçado pelos regimes tirânicos e oligárquicos. Também assumiu formas bastante diferentes de acordo com as épocas e partidos. No caso do Brasil este conceito não se aplica, na maior parte do tempo, porque o cenário político não teve e não tem a participação efetiva do povo e sim da elite brasileira, que se manteve e se mantém atuante nas diversas regiões do país, desde o período colonial. De 1876 a 1937 nada menos que seis proprietários de terras ou sócios de usinas pernambucanas assumiram cargos políticos, representativos, a saber: Joaquim Correia de Araújo, governador, senador, deputado e vereador; José Rufino Bezerra Cavalcanti, deputado, ministro da agricultura e governador; Carlos de Lima Cavalcanti, interventor e governador; José Henrique Carneiro da Cunha, governador e senador; Joaquim Bandeira de Melo, secretário da fazenda e ministro da agricultura: Henrique Marques de Holanda Cavalcanti, presidente do senado. É relevante salientar que, em 1930, a nomeação de Carlos de Lima Cavalcanti, como interventor, para o estado de Pernambuco, deveu-se a habilidade política de Getúlio Vargas, que percebeu as vantagens decorrentes da presença no cargo de um líder açucareiro no Nordeste. O advento da República pouco alterara as estruturas dos poderes locais. A figura do chefe político do interior continuou dominando sobranceiramente o cenário político do Brasil. O dono da terra era também o dono do poder político. O cenário se alastra até os nossos dias, amenizado aparentemente pelos resultados das eleições nos últimos anos. Mas, temos que lembrar, na sociedade pós-industrial o conceito de democracia ainda significa o governo do povo e, não um governo para o povo. Para o povo governar ele deve receber desde a primeira infância educação de qualidade, independentemente da classe social, porque só assim ele votará de maneira consciente e eficaz. Caso contrário, ele apenas comparecerá as urnas com o intuito de cumprir o seu dever de cidadão não consciente. Nota do Editor: Zóia Vilar Campos, historiadora, pós doutora pela Universidade de São Paulo – USP, autora dos livros, Doce amargo e A trajetória dos empreendedores italianos em São Paulo: de colonos a usineiros (1876 – 1941) é Professora e membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – Geceu.
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