Explicar o que é educação financeira não é uma tarefa fácil, pois existem várias interpretações para a expressão. Educação Financeira pode ser enfocada como a instrução ministrada por meio de disciplinas específicas ou temas transversais no sistema formal de ensino. A Educação Financeira se apresenta, também, como planejamento financeiro e suas ferramentas. Um terceiro enfoque trata a Educação Financeira como o conhecimento sobre produtos financeiros, notadamente, operações no mercado de ações. Este conhecimento é importante, no entanto, antes é necessário formar poupança, que por sua vez requer uma cultura financeira. É na formação desta cultura financeira que se apresenta a Educação Financeira. Os três enfoques estão vinculados ao tema, mas isoladamente não o define plenamente. Educação financeira responde às questões econômicas que cercam as pessoas. Como é por meio dos recursos financeiros que as pessoas realizam suas ações econômicas, elas necessitam de informações para melhor geri-los. As pessoas participam do processo econômico vendendo seus recursos produtivos e adquirindo produtos e usando a moeda como intermediário no processo. Até os 23 anos as pessoas devem ser preparadas para saber usar os recursos financeiros para garantir o seu futuro. A partir daí as pessoas precisam de informações sobre técnicas de gestão, opções de aplicações e fontes de crédito, para otimizar o uso dos seus recursos. A Educação Financeira é um processo que forma, a rigor, os valores e hábitos formando a cultura financeira. Depois caminha-se para o desenvolvimento das habilidades na aplicação dos elementos culturais. É a formação da inteligência financeira. Por fim, insere-se informações mais específicas sobre técnicas de Gestão das Finanças Pessoais. Este processo é válido para pessoas até 23 anos, pois há tempo para desenvolver cada etapa. O público mais velho necessita de um tratamento de choque, para despertar a atitude e a importância de assumir eficiente e eficazmente a gestão de seus recursos financeiros. Neste caso, o início é com o planejamento financeiro enfatizando valores, hábitos e habilidades requeridos. A Educação nunca foi objeto da educação formal. Normalmente, as pessoas aprendem a usar dinheiro observando os pais, por tentativa e erro ou por iniciativa própria com leituras e cursos. A partir de 1994, com o Plano Real, fazer planejamento financeiro ficou mais fácil devido a estabilidade econômica, com isto surgiram várias iniciativas para promover a Educação Financeira: livros, cursos, artigos, programas de TV, seções em jornais e revistas, ações no ensino fundamental, entre outros. A participação formal do Estado, no Brasil, se deu oficialmente em fins de 2010, com a instituição da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) dentro de um esforço mundial que se iniciou em 2003, com um projeto da OCDE. A preocupação internacional é reduzir os riscos do sistema financeiro com a perspectiva de desequilíbrio previdenciário. Aliada a isto está a baixa capacidade de poupar, a capacidade de inovação do mercado financeiro e o baixo nível de educação financeira, tudo em escala mundial. A ENEF vem ao encontro deste cenário. Acrescenta-se o fato das pessoas estarem mais integradas ao sistema financeiro e, especialmente, o menor uso do dinheiro em espécie conduz a perda da sensibilidade para comparar valores na hora das compras. Enfim, neste cenário que permite o planejamento com menor grau de incerteza, com pessoas mais envolvidas com serviços financeiros, com o mercado financeiro cada vez mais dinâmico e com a crise previdenciária, a Educação Financeira se apresenta com a missão de auxiliar as pessoas a salvaguardar seu futuro. Em qualquer caso beneficia a todos independente da idade, sexo ou classe social. Nota do Editor: Ricardo Maroni Neto, economista, professor do Unifieo e do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia - IFSP, autor do Livro Manual de Gestão de Finanças Pessoais é membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo - Geceu.
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