O sistema bancário brasileiro vive um dilema. Para os banqueiros, o sonho no qual investem bilhões, é que os bancos se tornem entidades cem por cento digitais, com os correntistas operando via internet e celulares inteligentes, deixando aos computadores dos bancos a tarefa de transferir renda para seus cofres. A intenção dos banqueiros brasileiros é captada pela mais recente pesquisa divulgada pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), segundo a qual, os bancos brasileiros gastaram mais de R$ 22 bilhões em tecnologia da informação (TI) no ano passado, cifra que representa um crescimento 15% em relação a 2009. A pesquisa mostra, também, que as transações bancárias atingiram quase 56 bilhões de operações em 2010, das quais as transações de internet banking já representam 23% do total. Mas, ao mesmo tempo, se percebe a esquizofrenia dos banqueiros pois não conseguem ainda abrir mão nem das agências nem dos bancários. Segundo a mesma pesquisa, “o número de agências bancárias e postos de atendimento convencionais estabiliza, com crescimento de 1% em 2010”. A explicação do diretor de tecnologia da Febraban, Gustavo Rocho, divulgada pelo jornal “Valor Econômico” é que “os bancos vão continuar a abrir agências onde existe fluxo comercial, não para aumentar a capilaridade das transações, mas para ampliar o nível de negócios com clientes. A agência é necessária para fazer relação comercial, não para transações básicas”. A Contec (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito) e os milhões de correntistas brasileiros sabem que não existem agências sem bancários. Que a digitalização absoluta é uma quimera, pois é impossível se viabilizar negócios e serviços bancários sem a dedicação profissional de homens e mulheres capazes de prestar serviços aos correntistas, de monitorar e programar os computadores, de gerenciar e prestar contas ao fisco, entre outras atribuições essencialmente humanas, que sustentam o universo dos serviços bancários. Daí a vigilância permanente da Contec para manter e ampliar a importância dos bancários como fator humano essencial na prestação de serviços aos correntistas. Com a respectiva valorização salarial, com estímulo às carreiras e do envolvimento dos bancários com as necessidades dos correntistas, que para a Contec continuarão a ser o principal ponto de apoio de geração de riquezas do nosso País. A Contec continuará a incomodar os banqueiros que, por transferirem para seus bolsos bilhões de reais da riqueza nacional, se sentem poderosos o suficiente para menosprezar os aspectos humanos da prestação dos serviços. E insistirá, como faz agora neste espaço, em lembrá-los que não existe banco sem relações humanas, que se confirmam pelas transações comerciais com seus clientes e, principalmente, que não existem serviços bancários sem a dedicação dos trabalhadores que a Contec representa. Nota do Editor: Lourenço Prado, presidente da Contec (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito).
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